O novo documentário de Luciano Burin (autor de Pegadas Salgadas) me levou a conhecer o Farol de Santa Marta há cerca de duas semanas. “ A Pedra e o Farolestá sendo gravado pela Scult Filmes e vai mostrar, de forma artística e informativa, a íntima relação entre o Farol de Santa Marta e a Pedra do Campo Bom, estabelecendo o seu decisivo papel histórico e cultural no desenvolvimento da região costeira de Laguna e Jaguaruna (SC), que reúnem paisagens de beleza singular no litoral brasileiro.
Essa é a sinopse que despertou minha atenção quando subi, juntamente com a equipe de gravação, na base do Farol. Leigo, marinheiro de primeira viagem ao pico, fiquei admirando a paisagem enquanto Luciano me contava as histórias e curiosidades como a de que o Farol emite um sinal diferenciado que é possível ser visto da Laje de Jaguaruna (Pedra do Campo Bom), palco de naufrágios e que hoje disputa o título de maior onda do Brasil.
Aprovado para captação de recursos via Lei Rouanet, o documentário encontra-se em fase de pré-produção durante o ano de 2014, com previsão de finalização e lançamento para o primeiro semestre de 2015.
Dormimos na praia de Jaguaruna para encontrarmos na madrugada a equipe da Atol Inj, com Thiago Jacaré e André Paulista dando as dicas e condições do surf para aquela segunda-feira pós-Dia das Mães. E este foi o fator (Dia das Mães é sagrado) que não nos deixou pegar as ondas no domingo, quando longas linhas entravam na praia do Cardoso com cerca de 2 a 3 metros, surfadas com gunzeiras em torno dos 9 pés.
Aliás, a turma ali respira o big surf, pois na segunda as ondas que beiravam pouco mais que 1 metro na série não faziam a cabeça de Thiago, que logo trocou sua maroleira 5’5 do shaper Loca Butiá por uma 6’7”.
André Paulista também estava de prancha grande, e por mais que achasse aqueles bicos sobrando, os caras pegavam todas as ondas das séries e trabalhavam bem. Outro que também vinha nas boas era o surfista João Baiuka, local do Cardoso, onde inclusive toca uma pousada. João surfava com uma fish com mais de 20 polegas, logo também tinha boa remada e sempre vinha nas séries. Da areia, os videomakers Pietro França e Antônio Zanella (as fotos de ação são frames das imagens produzidas por eles) acompanhavam toda a ação nessa primeira investida para captação de imagens de ação no Farol.
O diretor deu suas coordenadas a ambos, mas passou boa parte da sessão na água, dando boas passadas com sua fish 5’8”. Aliás, a onda da praia do Cardoso é uma delicia e com certeza ótima pra fishes, pois me pareceu uma onda mais cheia e volumosa, mas com um ótimo poder de arrasto. Verdade que no dia surfado estava difícil se conectar com as séries e só me dei melhor quando passei a me concentrar nas intermediárias, já que também estava com uma 5’6” que de certa forma estava meio pequena para as ondas das séries.
Nesta session, se juntaram a nós dois irmãos do cinegrafista Antônio. Gustavo e Guilherme eram os outros Zanellas. Depois da session e de ter batido um rango delicioso em um restaurante local (nem preciso falar que o peixe foi tainha), fomos descansar na residência deles, com o intuito de fazermos o fim de tarde com mais energia.
Com a costa recortada e grande quantidade de picos, acabei misturando tudo e foram tantas praias visitadas que não lembro os nomes nem as localizações. Estava deixando a turma e o vento me levar. E diga-se de passagem, o vento (nordeste forte) devia estar com uns 40 quilômetros por hora, mas este fator não chegava a atrapalhar muito, pois sempre tinha uma encosta que batia de terral.
Surfamos em mais uma praia paradisíaca, e Marcos Cabral também juntou-se a nós. Surf polido e redondo, Marcos surfou até o fim de tarde, quando nos levou para tomar uma ducha em uma casa muito charmosa próxima à montanha que brecava um pouco a força do vento.
O visual era paradisíaco. A Lua cheia subindo e o Sol se pondo deixando um colorido mútuo de me fazer agradecer a tudo quanto é divindade e responsáveis pela vida que tenho. Ô, visual da “bixiga”!
No fim do dia e retornando a Jaguaruna pela beira da praia sob o luar, quase atolamos. Mas logo chegamos e o bucho ficou foi feliz quando Marcos trouxe uma carne e André, juntamente com Thiago, trouxe outras. Imagina! Churras e muitas conversas sobre surf na Laje da Jagua, Farol, enfim, fomos dormir iguais a crianças, pois no meu caso, fazia tempo que não surfava seis horas em um dia.
No dia seguinte o mar baixou, e a turma seguiu buscando as melhores condições. Surfamos boas direitas em uma encosta que rebatia o vento nordeste fraco. Ondas longas e de muitas manobras faziam os videomakers buscarem bons ângulos. Com a água boa, cheguei a passar calor com meu long 3/2. Já Marcos e os irmãos Zanellas surfaram no pêlo para aproveitar os suspiros do tão falado “veranico”.
Voltando pra casa depois desta session via balsa de Laguna, descansava enquanto admirava a paisagem que ficava para trás. Dois dias de surf intensos foram bons pra se fartar, pois dois dias depois a pesca da tainha iniciou-se e muitas praias passaram a estar fechadas.
Umas só abrem agora depois do dia 15 de julho, já outras quando estão com big swells são liberadas, mas sempre vale a dica: conversar com os pescadores pra saber se é possível a prática do surf e procurar também a indicação das bandeiras. A branca significa interditado e a azul, liberado.
Para visitar o blog do documentário, acesse http://www.surfecult.com/.