A ASP está em festa. O surf teve seu ?highlight? do ano no último campeonato, mesmo com o título mundial decidido antecipadamente a favor de Kelly Slater.
A rivalidade Slater X Irons foi testada no limite durante a final do Pipe Masters.
Também havia a disputa entre havaiano x haole e – na Meca do esporte com os dois artistas principais – o desfecho foi vibrante.
A bateria foi de tirar o chapéu. Irons honrou o surf havaiano e fez valer toda vida e dedicação desde a infância nos tubos de Tunnell?s e Cannon?s, no Kauai, somado às caídas em Pipeline, North Shore.
Ele virou a bateria, saindo de uma combinação faltando apenas seis minutos antes do término. Irons pegou uma esquerda e um tubo nota 10 em Backdoor, deixando Slater em combinação.
Não foi fácil para Andy, nem para Slater. Logo após a esquerda épica de Irons, em que dropou de grabrail sentado, entubou e mandou uma manobra na junção que poucos conseguiriam completar, Slater deu o troco e pegou um Backdoor insano.
O octacampeão mundial dropou atrasadão, conseguiu chegar na base quase que por milagre e botou para dentro – coisa de um segundo atrasado.
Esse tubo seria um 10 se ele saísse, mas não saiu. O Hawaii brilhou, a força da vibração local de Andy Irons pesou e, faltando apenas um minuto para o final, ele pegou a onda vencedora.
Foi um pacotão profundo pro Backdoor que nem ele acreditou ser verdade. Dez unânime, digno deste campeonato.
É de pirar qualquer um que surfa e é torcedor do esporte. Não havia brasileiros envolvidos, mas o show foi universal, sem fronteiras. Pelo terceiro ano, o destaque brazuca foi o niteroiense Bruno Santos. Foi uma pena não vir uma série nos cinco minutos finais da bateria, pois se viesse, com certeza Bruninho faria sua parte.
Talvez uma copa do mundo seja tão emocionante quanto essa final em Pipe. Ano que vem tudo será possível. Andy Irons está cotado como forte candidato ao quarto título mundial, ainda mais depois da moral conquistada em casa.
Mas, também há uma fila de talentos querendo a coroa como Mick Fanning, Joel Parkinson, Taj Burrow. Resta saber quem tem a força mental, consistência e estrela para conquistar o próximo título.
Ao time brasileiro classificado para a elite 2007, temos que dar os parabéns também a ao exemplo de garra e determinação de Léo Neves, que batalhou e conseguiu merecidamente enfim chegar ao WCT, bem como ao retorno do power surf de Rodrigo Dornelles, a longevidade de Vitor Ribas, a garra e superação de Bernardo Miranda, e ao Adriano Mineirinho, melhor brasileiro no ano.
Todo mundo já conhece o potencial do Raoni (Monteiro) e ele deve voltar com tudo com o joelho novo. Tem também o mito, o legend, o hora mal falado, o hora idolatrado, rebelde e agressivo nas manobras, Neco Padaratz.
Apesar de todos os tombos, Neco se levanta, sacode a poeira e segue em frente, ignorando opiniões, críticas, arrebentando as ondas e os campeonatos…
Feliz Natal e um 2007 cheio de swells, oportunidades e vitórias para todos!