Fique por dentro de Pipeline

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Carol Casemiro passa por dentro do conhecido tubo de Backdoor. Foto: Luis Claudio Duda.
Ano passado não foi dos melhores. Durante o evento, as ondas não colaboraram. Para 2005 a espectativa era que tudo fosse diferente. Com o desfalque de Karla Costa Taylor, que mudou-se para a Africa e Ney “máquina” Carvalho, que estava competindo no equador. Fiquei na espectativa para saber quem seriam as brasileiras na etapa em Pipe.

 

Daniela Freitas Ronquilo, Carolina Casemiro, Claudia Saboia Lemos, Andreia Guimarães, Claudia Ferrari, Patrícia Ramalho e Mayra, o time estava fechado.

 

No primeiro dia, a previsão de mar pequeno deu prioridade ao surf feminino na água. Senti a falta

Kira Llewellyn manda um ARS na lata. Foto: Luis Claudio Duda.

de surfistas de peso no time do Brasil. Esse foi o primeiro campeonato de surf feminino em

 

Pipeline, esperava ver as surfistas profissionais botando pra baixo aqui. Quem sabe no próximo ano terei a oportunidade de ver atletas do naipe de uma Andrea Lopes surfando em Pipe ou pelo menos treinando por lá.


Mas vamos ao campeonato de bodyboard, o que interessa. O mar subiu e o bodyboard entrou no mar. A velha guarda mostrou suas garras. Todos ficaram chocados com o backdoor em que Claudia Saboia mandou um el rolo na parte mais rasa da bancada. Claudia dá aulas de bodyboard

Dani Freitas cava forte e chega na vice colocação. Foto: Luis Claudio Duda.
no Hawaii e vem mostrando ser uma atleta muito importante para o esporte, ensinando seus segredos aos mais novos.


Foi muito maneiro ver as meninas das antigas mandando bem, mas também foi com muita alegria que pude ver o que raça, talento e determinação podem fazer. A nova geração esteve presente com Patrícia Ramalho, que não conseguiu pegar boas ondas, mas mostrou raça e força de vontade. Faltou um pouco de mais de sorte nas ondas. Lorraine Lima treinava há uma semana, não deu onda com esse vento Kona. A paranaense entrou na água e faltou uma onda média para passar sua bateria.

 

Uma torcida de pressão esteve presente ao evento. Foto: Duda.
Mayra, eu não conhecia direito, mas seu surf encheu os olhos. Pegou um tubão e fez a melhor média das quartas. Foi até a semifinal e perdeu por uma interferência que a atleta japonesa aplicou nela. Digo aplicou porque as japonesas estavam usando desse artifício para passarem as baterias. Faz parte do jogo. Se ela investir em seu surf, logo atingirá um nível de excelência e pode, em breve, ser campeã também por aqui. 


Carol Casemiro não tinha mais o que provar no Brasil. No ano passado, durante o mundial, viu como é dureza uma etapa em Pipeline. Onde só competem, mulheres que respiram o esporte. Que pegam seu dinheiro e investem em uma viagem para o Hawaii, visando aprendizado nas ondas de verdade, e ainda ver o que há de melhor no esporte.


Carol é agora chamada de “a doida do Backdoor”. Cria da escola de bodyboard de Rodrigo Burani, em Bertioga, Carol, simplesmente chamou a atenção de todos. Surfou muito, botou para baixo em ondas cascudas do backdoor e arrancou aplausos da galera que estava na praia. Poucas meninas se arriscavam nas da série para o Backdoor. E dava para contar nos dedos as que botaram pra dentro nas maiores. casemiro não só colocava pra dentro, como atacava o lip da onda mais sinistra do Hawaii. Isso em sua segunda participação aqui em Pipe. 

 

Competiu junto de nomes como Daniela Freitas que dispensa apresentações, além das aussies Kira Llewellyn e Mandy Zierem, que surfam muito. Destaque para Kira, que mandou um ARS absurdo e ganhou nota nove dos juizes. dani freitas surfou muito também. Fez uma boa linha de onda e mandou uns rolos irados. Kira achou boas ondas para Backdoor e estava em seu dia. Sua coterrânea Mandy pegou bem também. Carol Casemiro foi a quarta colocada e na final, esperou a maior onda da bateria. O Backdoor mais cascudo que vi durante o evento. Uma onda oca, de uns seis pés. Ela colocou para dentro do tubo, o mais animal do dia. Só não saiu porque perdeu os dois pés de pato dentro do tubo. Foi aplaudida pela praia inteira e saiu da água chorando, aplaudida em um dos maiores templos do surf mundial. Uma honra para ela e para todos os brasileiros que pegam ondas de bodyboard.