No último domingo (24/3), a Folha de S. Paulo – um dos maiores jornais do Brasil – publicou reportagem sobre a construção do estaleiro que ameaça as ondas do Titanzinho, Fortaleza (CE).
Sob o título “Celeiro de surfe no Ceará pode dar adeus às ondas”, o texto da repórter Renata Batista segue a linha de questionamento relacionada ao impacto sócio-ambiental que a obra deve causar na região.
O portal Waves publicou texto sobre o tema ainda no mês de fevereiro deste ano e vai continuar acompanhando o desdobramento dos fatos com atenção.
“O curioso desse episódio é que o estaleiro pertence a Transpetro, ligada à Petrobrás, que declara em seu site ser “uma das grandes parceiras do surfe brasileiro” pelo fato de o esporte e a empresa priorizarem “a consciência ecológica e preservação ambiental,” escreve a repórter Batista.
O texto de apoio é ainda mais incisivo. Com um título categórico: Local serve de escola para criança carente, a reportagem apresenta vários exemplos de jovens da comunidade que tem – e tiveram – no surfe a única pespectiva de uma vida mais digna.
“Acabar com a praia do Titanzinho é uma falta de amor à natureza e de noção urbanística”, protesta João Carlos Sobrinho (Fera) em citação de destaque.
Fera é legend no pico e é fundador da Escola Beneficente de Surfe do Titanzinho. A escola é mantida por doações e atende – de graça – aproximadamente 40 crianças da comunidade. Entre os alunos de sucesso, nomes como Pablo Paulino e André Silva.
A batalha De um lado, governo do Estado, Petrobras e empresários do setor. Do outro, prefeitura de Fortaleza, comunidade local, movimento ambiental e surfistas. Pelo visto, a briga está só no começo.
O governo do Estado se defende. Afirma que pretende destruir o point do Titã e construir um fundo artificial a 400 metros do pico. A Petrobras avisa que ainda é cedo para falar sobre a escolha do local da obra. A prefeitura, por sua vez, diz que tem planos de exploração turística da região.
O projeto de construção do estaleiro encontra-se em licitação. Não há previsão para o início das obras. Seu custo estimado: R$ 220 milhões.