O fotógrafo Fred Pompermayer, 34, acaba de levar dois prêmios de melhor fotografia no Billabong XXL, o oscar das ondas gigantes realizado no último sábado (24/04) em Anahein, Califórnia (EUA).
Com uma onda surfada no braço pelo norte-americano Shawn Dollar no último dia 13 de fevereiro em Mavericks, Pompermayer levou pelo segundo ano consecutivo o prêmio de melhor foto na categoria Monster Paddle.
Ele também foi o vencedor na categoria Monster Tube, com uma foto do taitiano Raimana Van Bastolaer em Teahupoo, no dia 17 de março de 2010.
Nascido em Piracicaba, interior de São Paulo, Pompermayer é formado em arquitetura, mas se apaixonou pela fotografia de surf ainda na faculdade. Ele não quis nem saber: se mandou para a Califórnia (EUA), onde mora e trabalha há sete anos.
Na entrevista abaixo, concedida Bruno Lemos, colega de profissão e correspondente do Waves no Hawaii, Pompermayer conta como se envolveu no mundo da fotografia de surf e também fala sobre as dificuldades e os benefícios da profissão.
Como foi que você se envolveu no mundo da fotografia de surf?
Sempre gostei muito de surf, mesmo morando longe da praia. Na faculdade de arquitetura tive os primeiros contatos com a fotografia. Quando voltei de uma viagem de um ano e meio na Califórnia para terminar minha faculdade, resolvi abandonar a carreira de arquiteto para trabalhar com a fotografia de surf.
Como é o seu dia a dia na Califórnia?
Moro em Los Angeles com minha esposa Anna e minha filha de 2 anos. Tenho meu escritório em casa, onde passo muitas horas trabalhando nas fotos, fazendo meus contatos e monitorando as ondulações. No tempo vago procuro praticar esportes como surf, bike, academia, além de curtir minha família.
Na sua opinião, quais são as principais dificuldades que um fotógrafo de surf tem em relação a outros fotógrafos?
A fotografia de surf é parte de um mercado bem fechado, onde um pequeno grupo dos melhores fotógrafos do mundo representa a demanda. Se você não tem um diferencial no trabalho, vai encontrar dificuldade em ser aceito pelas revistas ou empresas do ramo.
E quais são os benefícios da profissão?
No meu caso, o maior benefício é fazer o que gosto, ver meu trabalho ser reconhecido. Além de conhecer lugares maravilhosos, culturas diferentes e pessoas interessantes.
O que você acha que tem de diferente dos outros fotógrafos para se sobressair nesse ramo tão competitivo?
Procuro fazer coisas novas, ângulos diferentes, testando todo tipo de equipamentos, sempre buscando imagens de impacto e qualidade.
Você achava que poderia vencer o XXL este ano novamente? Qual a imagem que você achava que tinha mais chances?
O Billabong XXL é sempre uma surpresa. Este é o quarto ano consecutivo que sou finalista e o ano passado foi o ano que eu não contava com a premiação e ganhei na categoria Monster Paddle.
Este ano, mesmo sendo indicado como finalista com oito fotos nas três categorias, não fiquei tão confiante, mas sabia que poderia levar o prêmio do Monster Tube e Monster Paddle, mesmo concorrendo com vários fotógrafos.
O que aconteceu que você não pôde estar presente na entrega dos prêmios?
Tive problemas no Brasil para embarcar no dia anterior ao evento do Oscar, por problemas com o passaporte da minha filha.
O que você vai fazer com a grana que ganhou?
Talvez adquirir equipamentos novos.
Quais os seus planos para o futuro?
Pretendo continuar fotografando ondas grandes, desenvolvendo novos projetos e conhecer ondas que ainda não fotografei.
Dos momentos que presenciou neste ano, qual foi o mais intenso e o mais insano que você viu?
Este ano foi realmente incrível. Foram muitas ondulações grandes e várias cenas que me marcaram, como em Jaws, onde vi vários jet-skis indo para as pedras, além da impressionante vaca do Edison de Paula. Mavericks também entrou para história com as maiores ondas já surfadas na remada, como a do Grant Twiggy Baker, a do Alex Martins, que me impressionou muito, e a do Shawn Dollar que ganhou o XXL.
Em Teahupoo também. O caldo de um garoto de 18 anos chamado Sam que, depois de tomar uma vaca da maior onda do dia, ficou em pé na bancada e tomou a segunda da série, que eu não faço ideia do tamanho.
Mas uma que marcou e que acompanhei de perto foi o caldo do Shane Dorian em Mavericks, um dia depois do Mavericks Contest. Não estava crowd, tinha somente dois ou três jets lá fora. Eu estava muito próximo quando ele vacou na onda e fui o primeiro que percebi que ele não subiu antes da segunda onda.
Shane só foi aparecer perto das pedras. Ele passou a sessão toda por debaixo da água, nunca tinha visto isso antes e não imaginava que alguém conseguiria sobreviver a uma situação como aquela.
Poderia deixar um recado para os internautas do Waves?
Nunca deixe de perseguir seu sonho, pois tudo é possível e sempre escute o que os mais experientes têm a dizer.
Para saber mais sobre o trabalho de Fred Pompermayer, acesse o site The Shot.