#Nos últimos meses, o descontentamento dos surfistas que freqüentam ou moram no Guarujá tem aumentado: praias sujas, abandono da cidade e violência crescente. Um amigo, local, fez um apelo para que o WAVES se manifestasse.
Para mim, foi um desafio escrever um texto imparcial sobre o Guarujá, pois foi lá onde aprendi e desenvolvi meu surf. Logo, minhas ligações com o “Guarú” são fortes, apesar de hoje eu ficar boa parte do tempo em Ubatuba. Assim, resolvi passar uns dias na Ilha pra checar o que está acontecendo e também rever os amigos e as ondas.
Antes de mais nada, é preciso dizer que o Guarujá é uma das principais “Surf-cities” do país, tem uma excelente infra-estrutura para acolher turistas e moradores e é um lugar alucinante. E como disse o local, “as ondas ainda continuam quebrando?”. Quanto aos problemas, desta vez vamos nos deter apenas na situação das praias: de point badalado nos anos 70 para a situação atual, o que terá acontecido?
Talvez, uma combinação de ganância de empresários inescrupulosos, falta de informação da população e incompetência de algumas administrações?
Em primeiro, é preciso lembrar que a ocupação nas principais praias do Guarujá foi feita numa época em que não havia consciência ambiental e progresso significava concreto.
Por isso mesmo, a ocupação foi completamente desordenada e esteticamente questionável, com prédios sendo erguidos quase dentro da água. Um número absurdo de edifícios foi construído para receber milhares (milhões?) de turistas, mas não se pensou nos efeitos e problemas que poderiam surgir ao aglomerar todas essas pessoas juntas (só o lucro imediato foi considerado).
Por muitos anos o esgoto foi despejado diretamente no mar (quem se lembra do Bostrô?). Hoje, o Guarujá conta com um emissário submarino de esgotos que atende as praias centrais (Tombo, Pitangueiras, Astúrias e Enseada), e, apesar dos problemas, está funcionando.
Porém, por que essas praias (e as outras também) ainda ficam freqüentemente com as águas impróprias? É simples, porque ainda existem inúmeras ligações clandestinas de esgoto nos canais e nas galerias de água pluvial que desembocam no mar. Quem está na praia sente bem o cheiro que têm os tais canais, ou pode ver a cor da água que sai dos canos quando chove?
Esse problema poderia ser resolvido pela localização e desligamento das ligações clandestinas, sua conexão ao sistema de esgotos local e multa aos envolvidos. A prefeitura diz que está fazendo isso, mas a situação aparentemente continua a mesma.
Acredito que A ADMINISTRAÇÃO DA CIDADE DEVERIA TER MAIS RESPEITO COM OS SURFISTAS, POIS NÃO SERIA EXAGERADO DIZER QUE SÃO ELES QUE MANTÉM O COMÉRCIO ATIVO DURANTE O INVERNO, QUANDO NÃO HÁ TURISTAS.
Cabe a todos que freqüentam ou amam o Guarú (como eu) ficar no pé da prefeitura ou do governo estadual, para que tomem alguma providência. WAVES voltará a falar do assunto! Boas ondas a todos!