A arte de conscientizar

Gaúcho reaproveita pranchas

Antônio Andrade. Foto: Arquivo Pessoal.

Nascido em São Leopoldo, uma cidade sem praias no interior do Rio Grande do Sul, Antônio Andrade, de 41 anos, se apresenta como um apaixonado por surf. 

Sua relação com o esporte começou entre as décadas de 80 e 90, época em que trabalhou em uma fábrica de pranchas no interior gaúcho. Hoje, o artista aproveita o poliuretano de shapes encontrados no lixo de Florianópolis (SC) para criar miniaturas perfeitas de pranchas de surf. 

Antônio decidiu mudar-se para Floripa há nove anos, aos 32. Quando chegou à capital catarinense, ficou impressionado com a quantidade de pranchas abandonadas de maneira irregular na frente das casas no bairro Beira-Mar, onde mora. 

O artista teve uma ideia: reutilizar o poliuretano encontrado no lixo para fazer as miniaturas e, de quebra, ajudar a diminuir o descarte de material tóxico na natureza. 

Começou aí a jornada engenhosa do artista gaúcho. Ele passou a recolher as pranchas das calçadas e ruas de Floripa e a aplicar sobre elas as técnicas que aprendeu na fábrica de shapes. 

No trabalho artesanal, somente o bloco da prancha é reutilizado. Com paciência, Antônio descasca a laminação antiga das pranchas, corta o poliuretano e o transforma em réplicas fiéis.  

“Com as duas primeiras pranchas que encontrei no lixo, confeccionei 50 mini shapes de diversos modelos, round pin, fish, longboards e funs”, conta Antônio. 

Depois de finalizar o shape, o próximo passo é recortar os decks das pranchas encontradas no lixo e usá-los para elaborar os mini decks de suas pequeninas. 

“Para produzir as cordinhas, uso fios de fones de ouvido estragados e velcro de bermudas velhas. Depois, é só dar o acabamento”, diz ele. 

O gaúcho também lamina novamente as pequenas placas de poliuretano com fibra de vidro, cola quilhas feitas com capas plásticas de CD e dá o polimento.  

“Tenho orgulho do que faço e faço porque gosto. Sei que o que recolho do lixo é pouco se comparado à quantidade de dejetos que se espalha pela natureza, mas se eu conseguir tirar dez pranchas por mês das lixeiras de Floripa, sentirei que estarei fazendo algo bom não só para mim mesmo, mas também para a natureza e para as pessoas que curtem a praia e o mar”, finaliza.  

Para conhecer mais sobre o trabalho de Antônio Andrade visite sua página no Facebook.

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