Renato Hickel

Gerente do Tour

O'Neill Coldwater Classic 2009, Santa Cruz, Califórnia (EUA)

Renato Hickel (à esq.) e os colegas Robson Andueza e Mano Ziul: força brazuca nos bastidores do surf mundial. Foto: Bruno Lemos / Lemosimages.com.

O brasileiro Renato Hickel é hoje um das principais personalidades nos bastidores do surf mundial. São 22 anos de servições prestados à Association of Surfing Professionals (ASP), principal entidade do esporte.

 

 

Nos últimos oito anos, ele tem feito um grande trabalho como tour manager.


Sempre solícito, o catarinense de 48 anos concedeu uma entrevista exclusiva durante a etapa em Trestles (EUA) e falou sobre o formato do circuito mundial, Bobby Martinez e as novidades do circuito mundial.

 


 

Por que o seeding dos atletas no World Tour é feito com base no ranking unificado, e não na própria elite mundial?

 

Santa Cruz (EUA) pode receber etapa da elite mundial em 2012. Foto: Sergio Villaba.

Essa diretriz foi definida quando elaboramos o plano de estabelecer todas essas mudanças. A ideia que tínhamos quando optamos por fazer o seeding com base no ranking unificado foi por ser mais fácil para as pessoas entenderem quem estaria avançando ou não nos eventos do World Title. E ainda para valorizar os tops que disputam as etapas Prime e 6 estrelas do circuito mundial. Se você participa dessas etapas, você não apenas coleta pontos no ranking unificado para manter-se entre os top 34, como também pode melhorar teu seeding dentro da disputa do título. Eu entendo perfeitamente a reclamação dos top 34 e, neste momento, é a única alteração que eu, pessoalmente, concordaria em fazer no sistema. Não vejo problema algum em definir o seeding do World Title pelas etapas do World Title. Eu concordo com isso.

Burleigh Heads decide World Junior Tour. Foto: Douglas Cominski / Shotspot.com.br.

Quais as punições que Bobby Martinez havia sofrido antes de ser banido do Quiksilver Pro New York?

Ele já tinha três punições por ataque ofensivo à entidade via Twitter. Na primeira, ele ainda contra-argumentou – como também tem muita gente fazendo isso – com o famoso estilo americano de que todo mundo tem liberdade de expressão. Mas existe um universo muito grande entre liberdade de expressão e seguir as regras de uma entidade esportiva da qual você faz parte. Vou te dar um exemplo. Muitos esportes nem aceitam que seus atletas tenham Twitter, quanto mais que eles se pronunciem por intermédio dessas redes sociais. As ligas de rugbi na Austrália, algumas ligas de beisebol e futebol americano aqui. Os atletas não têm Twitter, não podem ter. Os clubes e as entidades proibem. Obviamente, se tiver ataque à entidade, o atleta está sujeito a sofrer punição. Na primeira vez ele foi punido em US$ 1 mil, na segunda em US$ 10 mil e na terceira em US$ 20 mil. Quando aconteceu aquele problema em New York, ele já estava com três punições acumuladas. A regra determina que a partir da terceira o atleta é passível de suspensão, e foi o que aconteceu.

Ele acusou a Quiksilver de ter participado dessa decisão para tirá-lo do caminho de Slater na terceira fase…

Totalmente infundada. A Quiksilver não participou de maneira alguma da decisão do comitê disciplinar. O comitê é formado por profissionais da ASP e não tem nada a ver com a Quiksilver.

Além do retorno de Fiji ao World Tour, a ASP tem mais novidades para 2012?

Existe a possibilidade do O’Neill Coldwater Classic, em Santa Cruz (EUA), ser uma etapa do World Tour somente no próximo ano. A O’Neill, que é a patrocinadora do evento e promove muitas etapas do circuito mundial, está comemorando 50 anos e pediu essa concessão especial à mesa executiva da ASP e o pedido foi deferido. Então, se eles forem adiante com o projeto, no ano que vem teremos essa etapa em Santa Cruz por um ano apenas. Existia um interesse da Billabong e Hurley de levar as etapas do Pro Junior de Narrabeen para Manly Beach, mas o comitê da ASP sempre esteve muito preocupado com as condições do mar em Manly no mês de janeiro. A melhor solução foi levar a etapa final do World Junior para Burleigh Heads. Se Burleigh não tiver onda, levaremos a etapa para o beach break de Spit.

Desde o Pipe Masters, tenho escutado rumores de que o Rip Curl Search 2012 será disputado em Marrocos. É verdade?

Somente boatos! Primeiro, se soubesse, eu não poderia liberar essa informação. Mas ainda não sei, vamos ter que aguardar mais um pouquinho. A única coisa que posso dizer é que o Search deste ano será em San Francisco (muitos risos). Nós esperamos que Ocean Beach, assim como New York, aconteça em grande estilo, em ótimas condições. Para quem não conhece, Ocean Beach tem uma certa semelhança com Puerto Escondido, em termos do quão grande e perigoso o lugar pode ficar, mas a água é gelada. Podemos ter ondas de 4 a 5 metros nessa época do ano (novembro), que é o auge da temporada deles.

Muita gente pede uma etapa do World Tour em Noronha. Como você vê isso?

Todo mundo queria ter uma etapa em Noronha, né? Nós também. A gente tentou no passado, mas o problema é o calendário. Todo mundo sabe que a época lá é janeiro, fevereiro, então não dá pra levar a etapa do Brasil pra Noronha em abril ou maio. É impossível. No momento, o Rio de Janeiro está confirmado como etapa brasileira do World Title e Noronha segue confirmada como Prime.

Fabrizio Sestini, tour manager da ATP (Association of Tennis Professionals), esteve contigo em New York. O que ele achou do evento?

A gente tem feito um intercâmbio com a ATP há alguns anos. Longe do que o Bobby diz, de que o circuito da ASP está querendo ser como o circuito de tênis. Muito pelo contrário. Eles também aproveitam ideias que a gente tem em nosso tour, e tem muito tenista que surfa. Este ano, tivemos a oportunidade de promover alguns eventos simultaneamente, então, não só pudemos levar alguns atletas ao US Open em New York, que foi uma experiência incrível, como trouxemos alguns deles ao nosso evento. Eles ficaram maravilhados, pois, assim como muitos fãs, eles acompanham nossas etapas pela internet, mas nunca tiveram oportunidade de ver um evento ao vivo.

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