Demorou, mas agora é definitivo. Pendurei a lycra de competição depois de competir profissionalmente desde maio de 88, sendo que vesti pela primeira vez, ainda amador, no verão de 83.
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Aficionado por competição, desde 2004 tentava voltar ao World Tour. Mas, problemas de coluna me atrapalharam em 2005 e 2006.
Resolvido o problema, vi que a fila havia andado e, em 2007, percebi que meu surf era o mesmo. Porém, a nova geração estava com tudo, principalmente com manobras aéreas, que decisivas em uma bateria deixavam tudo mais difícil.
Sempre fui disciplinado e esforçado. Talvez isso tenha me feito parar de competir profissionalmente agora, aos meus 40 anos.
Nem imaginava que um dia iria chegar aqui, pois quando entrei no circuito da ASP, os caras paravam antes dos 30 anos.
É bem verdade que no fim da carreira competitiva comecei a visualizar o prolongamento das baterias, justamente por ter a competição no sangue há muito tempo, por gostar muito e ser um pouco teimoso e persistente, pois de repente poderia ter pendurado a lycra há algum tempo.
Mas essa esticada acabou me confortanto. Perdi muitas baterias ultimamente e agora a decisão final chegou. O momento é realmente este e começa uma nova fase em minha carreira de surfista profissional fora das competições.
Nesses anos de vida competindo mundo afora reforcei o aprendizado de muita coisa. Vi minha geração ser sólida e presenciei umas três gerações do surf brasileiro no circuito. Nunca tracei metas e apesar de ter visualizado o topo, sempre procurei seguir degrau por degrau com o pé no chão.
Sendo assim, quando as coisas iam contra as expectativas, não doíam muito, já as que eram além do que esperava, curtia bastante depois de assimiladas. Casei e tive filhos cedo… A preocupação inicial transformou-se em garra e foco, pois tinha uma família pra sustentar.
Todo o trabalho para carregá-los comigo em volta do Globo era pouco diante de minha felicidade. Muitos viam aquilo como um problema, mas era uma solução para me manter vivo no Tour e, claro, para não perder tanto o crescimento e desenvolvimento de meus filhos.
Com isso contei também com a parceria de minha esposa Elka, sempre guerreira, me incentivando e tomando conta de muita coisa “extra surfe”.
Nesses anos trabalhando com o esporte, aprendi muita coisa em outras áreas como mídia, informática, vídeo e fotografia, marketing, fabricação de pranchas, etc.
Com tanto tempo dedicado nessa profissão, agora sigo por essas áreas, sempre treinando e me exercitando pra estar com o surfe em dia para o que der e vier.
Farei mais surf trips, principalmente pra lugares que ainda não conheço. Entretanto, como sempre, deixarei os caminhos me levarem e subirei degrau por degrau dentro de qualquer coisa, darei passo a passo, e como diria Chico Science, “Um passo a frente e você não está mais no mesmo lugar”.