Silvana Lima

Guerreira solitária

Silvana Lima, Gold Coast, Austrália

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Silvana Lima treina para brilhar na etapa de abertura do Tour em Snapper Rocks, Austrália. Foto: Tatiane Rodrigues
 

A divisão de elite do surf mundial está prestes a entrar em cena. Enquanto sete homens defendem a bandeira verde-amarela no Tour, apenas uma surfista representa o Brasil a partir deste sábado (28/2), em Gold Coast, Austrália.

Nascida em Paracuru (CE) e atualmente residindo na Bahia, Silvana Lima está de volta ao seu devido lugar. “Estou super ansiosa para tudo começar. Voltei 100% recuperada, no meu maior nível de surf, com os equipamentos adequados e tudo funcionando perfeitamente”, garante a atleta.

Silvana chegou perto do título do WCT em duas temporadas (2008 e 2009) e enfretou algumas lesões que atrapalharam o seu caminho nos anos seguintes. Em 2013, depois de recuperar-se uma cirurgia nos dois joelhos, a atleta disputou toda a temporada sem um patrocinador principal e não teve forças para permanecer no Circuito.

Logo em sua bateria de estreia no Roxy Pro, Silvana terá a seis vezes campeã mundial Stephanie Gilmore como adversária. “Pegar a Steph de cara é normal para mim. Competimos juntas em inúmeras baterias. Na última eu venci, lá no Rio Pro, no ano passado (risos). Mas vou dar o melhor de mim, estou aqui para ganhar”, diz a cearense.

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Cearense está confiante para voltar com tudo. Foto: Tatiane Rodrigues
 

Silvana já disputou diversas provas do Tour e possui três vitórias no curriculo. Foi a primeira atleta do Brasil a vencer uma etapa do Tour em Bell’s Beach (2009) e também já sentiu o gosto da vitória em Sydney, Austrália (2009) e San Bartolo, Peru (2010).

O retorno ao Tour foi garantido com uma belíssima campanha no QS em 2014. Silvana venceu duas etapas (Nova Zelândia e Espanha) e terminou o ano isolada na liderança.

Enquanto o Roxy Pro Gold Coast não começa, a ansiedade toma conta da brasileira. “A adrenalina é a mesma de quando estava no Tour. Dá aquele friozinho na barriga normal nas primeiras fases. Depois que passa do round 3 fico tranquila, mais relaxada (risos)”, comenta Silvana.

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A criação de Bulldogs tem sido fundamental para ajudar a bancar as despesas da atleta. Foto: Tatiane Rodrigues

Um dos maiores obstáculos na carreira da brasileira é a falta de patrocínio. Silvana continua se virando para bancar suas despesas. “Em outubro de 2013 vendi meu apartamento no Rio e meu carro para terminar o Tour e custear todo o ano de QS em 2014 (a premiação do QS não dá para pagar nem as passagens). Não me arrependo, não. Foi assim que fui líder absoluta e voltei para o meu lugar no WCT”, afirma a cearense.

“A dificuldade para conseguir um patrocinador principal existe, e muito. Eu me viro, aperto aqui, deixo de fazer várias coisas, compro passagens em promoção rodando por tantos lugares até chegar aos destinos, amigos ajudam doando milhas. Tenho um canil de Bulldog Francês na Bahia (Bahia Bull Kennel). Eu me apaixonei pela raça e hoje sou criadora. Virou um negocio à parte, daí vendo os filhotes para todo o Brasil, então no ano passado os Bulldogs me ajudaram a viajar para a Europa”, revela a atleta.

“Naquela etapa de Pantin, Espanha, eu já estava sem grana. Antes de ir, vendi alguns ‘babies’ e fui. Ganhei o evento 6 estrelas, me coroando a número um do QS 2014. Foi também dessa forma que eu consegui comprar minhas passagens para vir à Austrália. Os cães são adoráveis, amo demais tê-los por perto. Nas viagens eu morro de saudade. Hoje a família cresceu e já são quase 10. Agradeço muito a Deus por me permitir sempre encontrar uma saída”, diz Silvana.

Para finalizar, a Top deixa uma mensagem e seus contatos para os empresários interessados em investir na única representante do Brasil na elite mundial. “Sigo na luta para encontrar um empresário que acredite em meu potencial, pois já mostrei que sou capaz”, conclui. Para entrar em contato com a atleta, envie mensagem para silvanasurfpro@hotmail.com ou siga @silvanalimasurf e @bahia_bull_kennel no Instagram.

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