Danilo Couto

Guerreiro em Teahupoo

Danilo Couto, Teahupoo, Tahiti

 

Danilo Couto pega esta bomba em Teahupoo depois de sofrer lesão no joelho. Foto: Camila Neves.
Big rider passa dois dias em repouso. Foto: Curt Myers.

Vida de surfista de ondas grandes não é fácil. Basta uma ondulação gigante surgir nos mapas de previsão e todos os seus planos mudam imediatamente. Há duas semanas, o big rider baiano Danilo Couto, da equipe Pena, passou mais uma vez por essa situação.

 

Depois de deixar o Hawaii, onde mora há 15 anos, e participar da cerimônia de premiação do XXL Global Big Wave Awards – o Oscar do surf de ondas grandes -, na Califórnia (EUA), ele veio ao Brasil para ser coroado pela terceira vez consecutiva como o melhor surfista de ondas grandes do País, durante o Prêmio Fluir / Waves, no Rio de Janeiro.

 

O objetivo seguinte era ir a Salvador e rever a família e os amigos, mas um swell incrível começou a ganhar força a caminho da Polinésia Francesa, mudando os seus planos.

De olho nos mapas de previsão, ele não pensou duas vezes e comprou a passagem para encarar uma ondulação brutal na temida bancada de Teahupoo, no Tahiti. Segundo ele, foram quatro dias de ondas históricas, “bombando” sem parar.

 

No primeiro dia, o mar ganhou força no fim da tarde e os famigerados big riders de diversos cantos do Mundo disputavam ferozmente cada rolo compressor que aparecia em Teahupoo.

“Fui engolido no fim do tubo e arremessado de joelhos no coral. A onda de trás veio ainda maior e tomei na cabeça. Era uma cena de violência de guerra: sangue e dor”, lembrou Danilo, que foi parar no hospital para limpar os cortes e evitar que os corais infeccionassem a sua pele. Ele também fez exame de raio X, devido ao forte impacto no joelho, mas nada foi diagnosticado.

O big rider passou os dois dias seguintes em repouso, com muitas dores e dificuldade para caminhar. “Da varanda da casa onde costumo ficar hospedado, fiquei apreciando o espetáculo em Teahupoo: tubos enormes e ininterruptos”, contou Danilo. “Com o joelho inchado devido à forte pancada, cheio de cortes e arranhões, jamais imaginava que eu ainda teria uma nova chance de surfar. Por algum motivo, continuei pensando positivamente e aceitei ser um soldado ferido fora de combate. Vibrava e berrava ao ver aquelas ondas e os amigos com sorriso no rosto”, revelou o atleta.

Danilo Couto afirmou que foi abençoado por ter amigos e uma família local que o ajudaram durante o processo de recuperação. A medicina taitiana e uma planta local foram fundamentais para que ele voltasse rapidamente para a água. “Eles aplicaram uma compressa com folhas nativas roxas amassadas. Funcionou com uma velocidade impressionante. Reforcei com um anti-inflamatório”, diz o baiano.

“Quando menos esperava, dois dias depois, já estava deslizando em uma onda maravilhosa e majestosa, linda e potente. Horas antes eu estava com o pé estirado, gelo no joelho e ainda com dores. Agora, desfrutava da imensidão azul do paraíso polinésio, regado a muita adrenalina”, comemorou o big rider, que junto ao patrocínio da Pena, tem os apoios de HB Sunglasses e Rhyno Foam.

Depois de cumprir mais uma missão, o surfista baiano vem ao Brasil novamente e, desta vez, vai rever a família e os amigos em sua terra natal. Porém, se uma ondulação gigante surgir em algum canto do planeta, seu destino pode mudar rapidamente.

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