O designer gráfico Guilherme Rosa, também conhecido como Gauchinho, nasceu em Porto Alegre (RS) e mudou-se com a família para a praia catarinense de Itapema, onde começou a cursar direito.
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Apaixonado pelo surf, Guilherme descobriu que tinha talento com trabalhos gráficos relacionados ao esporte, desistiu da advocacia e começou a cursar publicidade e propaganda.
A carreira começou com um portfólio para o surfista profissional André Zanini. Na base da propaganda boca a boca Guilherme já trabalhou com grandes marcas, como MCD, Volcom e Rusty.
Hoje ele aposta no Velvia, um projeto com os amigos e videomakers Leonardo Felippi e Bruno Tessari.
Na entrevista abaixo, Guilherme Rosa fala do começo, explica como funciona o Velvia e também fala de outros trabalhos, como o que fez com o músico MV Bill.
Como você começou a se envolver com a surf art?
Eu lembro que na época, quando comecei a fazer trabalhos gráficos relacionados ao surf, eu cursava a faculdade de direito.
Eu tinha 19 anos e sempre tentava fazer algum visual nas minhas pranchas e algumas “montagens” com fotos minhas no computador. Mas lembro que meu primeiro trabalho remunerado envolvendo o surf foi um portfólio em forma de revista de bolso, fiz a revistinha para o André Zanini, que além de grande amigo, é surfista profissional.
Fizemos a revista com imagens de ação e lifestyle para ele tentar patrocínios. Lembro que depois desta revista comecei a fazer várias, o Zanini fez uma propaganda animal na época (risos). E assim fui fazendo pra vários amigos e surfistas profissionais da região.
Neste meio tempo eu já tinha trocado o curso de direito por publicidade e propaganda, e vários outros trabalhos relacionados ao surf foram aparecendo, desde capas de sessions passando por portfólios até mais recentemente design de estampas para diferentes marcas de surfwear.
A propaganda que o André Zanini fez foi o ponto inicial da sua carreira?
O Zanini sempre foi um grande amigo e sempre me incentivou em prosseguir no meu trabalho. Quando terminei o portfólio dele nós ficamos emocionados, pois a revistinha estava muito legal. Ele se empolgou muito com o material e começou a fazer a propaganda entre a galera que corria o circuito catarinense.
Como ele é um cara muito engraçado e querido por todos no meio do surf, a propaganda que ele fez no inicio foi importantíssima, pois acabei ficando conhecido no meio galera e outros trabalhos foram surgindo. Como start na carreira a propaganda boca a boca que o Zanini iniciou foi fundamental.
O que é o Velvia?
O Velvia surgiu da necessidade de nos apresentar de uma maneira mais “formal” para o mercado, mas sem perder a essência de independente.
Criamos uma espécie de coletivo criativo online, onde nós trabalhamos cada um em sua casa e quando surge algum trabalho multidisciplinar, sempre tentamos fazer parcerias, não só com nós do Velvia, mas com outros amigos que trabalham na área também.
Trabalhar em casa (home office) ou como free lancer é mais complicado? Quais as vantagens e desvantagens?
É um pouco mais complicado sim. Uma das desvantagens, e acho que a principal delas, é que muita gente vê o free lancer como amador só porque ele atua em home office e não em uma empresa.
Muitos clientes acreditam que trabalhar em casa é falta de profissionalismo e esta imagem é algo que só o trabalho e a forma como você respeita o cliente que pode mudar.
Mas o lado positivo é que, dependendo do trabalho, o lucro é muito maior, porque você é o patrão e trabalha em casa, então, os custos são muito pequenos. Um outro fator positivo, é a atenção e o empenho que você dá ao trabalho, o free lancer faz o trabalho com mais carinho e preocupação, pois é o nome dele que está em jogo, e quando se é free lancer o nome e o trabalho são o seu principal cartão de visita.
Além do Velvia, quais os outros lugares que você trabalha?
Além dos “freelas” que faço em home office, trabalho na revista de surf Juice, onde faço toda produção gráfica e direção de arte e também no escritório de design Linhares Design onde atuo na parte de criação.
Em que estados circula a revista Juice? Qual o principal foco da revista?
A Juice circula no Paraná, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, tendo um total de 10 mil exemplares.
O principal foco dela é retratar o surf no Sul do país e a essência que retroalimenta o surf: arte, música, ecologia e filosofia.
Onde você procura inspirações para inovar no design?
Estou sempre pesquisando blogs e sites de designers, ilustradores e até mesmo pintores, tanto brasileiros como gringos. Sempre que dá vou atrás de revistas do gênero, fotografia, etc. Sempre tentado ver muita coisa nova, aumentando minha biblioteca mental com muita informação.
Qualquer coisa que você vê pode dar a ideia para um novo trabalho. O lance é saber olhar, tentar extrair algo criativo de uma foto, de um muro pichado ou até mesmo a capa de um disco de vinil antigo.
Falando em vinil, como foi o trabalho com o músico MV Bill?
A oportunidade de trabalhar com o Bill surgiu da parceria com meu colega de faculdade Leonardo Felippi, que é filmmaker, e com Rodrigo Schaefer, que é cineasta. Ambos já estavam envolvidos no projeto do dvd do Bill. Leonardo como colorista e finalização de dvd e Rodrigo com a co-direção.
Na época, a produção estava procurando alguém para fazer a parte gráfica, tanto da capa, do encarte e de flyer de festas, como algumas intervenções com alguns elementos gráficos em vídeo, como por exemplo, a tipografia usada.
O Leonardo já conhecia meu trabalho e me apresentou para a produção do Bill e eles gostaram. Assim entrei no projeto também. Com certeza foi muito gratificante estar presente na produção do primeiro dvd do rapper mais famoso do Brasil, de longe foi um dos trabalhos que mais gerou mídia para mim. A capa apareceu até no programa do Faustão (risos).
Você acha que as empresas buscam mais designers do eixo Rio-São Paulo?
Acredito que sim, até por comodidade. É mais “fácil” trabalhar com alguém da própria cidade ou ter alguém dentro da empresa. Mas também acredito que hoje, com a internet e suas ferramentas, como o MSN, FTP, email, entre outras coisas, está muito mais tranquilo de se trabalhar a longas distâncias, e temos que usar isso ao nosso favor.
Lógico que o eixo Rio-São Paulo move quase toda indústria de surfwear no Brasil, mas em termos de criatividade e competência o país está cheio de profissionais capacitados, espalhados em diferentes estados e cidades.
A região Sul é muito rica em talentos, com um pessoal competente fazendo acontecer. Em Florianópolis sempre rola uns Art Shows, a própria Juice sempre tenta fazer algo relacionado a arte nas festas de lançamento da revista, e está sempre tentado revolucionar o design editorial.
Curitiba tem uma galera muito boa no design também, Porto Alegre idem. E como falei anteriormente, hoje em dia com a internet tudo fica mais fácil, você pode contratar um profissional em outro estado sem mesmo ver o rosto dele ou o escritório onde ele trabalha.
Um exemplo disso é meu atual trabalho com a South to South e com a Vibe, que é feito totalmente via internet, incluindo aprovações, revisões e pagamentos. Temos que usar mais essas ferramentas em prol do crescimento do surf.
Como é trabalhar ao lado de uma galera tão talentosa? (Pablo Aguiar, Bruno Tessari, Mickey Bernardoni, Leonardo Felippi).
Trabalhar com amigos é muito gratificante, tirando o Mickey, que já trabalha com vídeo há mais tempo, eu, o Pablo, o Bruno e o Léo começamos praticamente ao mesmo tempo, crescemos profissionalmente e nos aperfeiçoamos juntos.
Sempre exibimos os trabalhos uns para os outros, para ter um feedback. A galera é muito crítica e puxa o nível um do outro. E o legal é que temos estilos bem diferentes, um é mais focado em motion graphics, outro em design, outro em edição. Essa mistura da um trabalho diferenciado e de alto nível. Sempre que dá tentamos trabalhar juntos para enriquecer o trabalho final.
Vocês têm algum projeto em mente?
A princípio cada um está em seus projetos particulares, mas eu tenho a ideia de no futuro tentar montar algum estúdio ou uma produtora para todos nós trabalharmos juntos e com o que nos dá prazer, que é o surf.
E onde fica a lomografia em seus trabalhos?
Conheci a lomografia por meio do meu amigo filmmaker Pablo Aguiar, o cara é mago das Lomo, tem umas três e vários filmes diferentes. Sempre gostei das fotos da máquina, mas fui comprar uma só este ano, comprei o modelo FishEye.
Acho que a essência da lomografia é o que mais tento pôr nos meus trabalhos, que é o lance do independente e exclusivo. Uma das “regras” da lomografia é tirar fotos sem olhar no visor, sem pensar muito e o resultado são fotos totalmente diferentes e exclusivas, e é isso que eu tento por em prática no meu trabalho.
Para obter mais informações sobre o trabalho do designer, acesse o site Velvia ou o blog Guilherme Rosa.