O catarinense Alex José é um entusiasta das pranchas de madeira e das raízes do surf. Inspirado pelas pranchas de madeira da Siebert Woodcrafts e pelo surf clássico de seu amigo Lucas Búrigo, ele decidiu colocar a mão na massa e fabricar seus próprios protótipos. “Encantei-me na forma que o material fazia a leitura da onda e vi que serviu como uma luva no que eu queria como estilo de vida”.
Alex já possuía alguma experiência na fabricação de pranchas, por já ter trabalhado sobre blocos de poliuretano, mas nunca tinha feito nada em madeira. Ele embalou na idéia quando um amigo conhecedor de espécies de madeira em geral e também seu mentor na arte de shapear, Tiago Tenfen, disse que era possível fazer um bloco de Agave (planta oriunda da América Central) que, por sorte, a região possui uma quantidade razoável de pés para a colheita.
“Fomos atrás e conseguimos alguns pés dessa planta, fizemos todo o processo de colagem da madeira até atingirmos um bloco. Resolvi fazer uma prancha Malibu de 11’5 pés, que pelo tamanho, passei a chama-la de Big Malibu, que foi a primeira prancha de madeira maciça que fiz”.
Lucas Búrigo foi seu primeiro piloto de testes. Ele frequenta o Farol de Santa Marta e é um dos maiores adeptos de pranchas de madeira na região sul do Brasil. Juntos eles desenvolveram um novo projeto para uma Big Gun. O processo foi parecido com o da primeira, com ambos indo atrás dos pés de Agave com uma carroça puxada por um cavalo velho cedido por um pescador da região. Colheram trinta e oito pés de Agaves que já se encontravam mortas, prevenindo que nenhuma norma ambiental fosse desrespeitada. Após dez meses de trabalho a prancha, que foi feita na garagem da casa de Alex, estava pronta.
“Na primeira fase, eu e Lucas cortamos, facetamos e calamos o bloco, com o Lucas regendo as medidas e eu executando, dando forma ao shape. Tive uma rápida e importantíssima ajuda do, também amigo, André Borges, que auxiliou na laminação – afinal são 12 pés”.
Segundo Alex, essas foram as primeiras Big Guns de madeira maciça da América Latina, com alguns aspectos legítimos de uma Big Gun da década de 1950, como o peso de 20 kg, sem rocker (praticamente plana), V-Bottom na rabeta, um V-Bottom mais sutil no bico, quilha-D, três camadas de laminação e bordas 50/50.
Agora o catarinense planeja seus próximos projetos, como uma Plank, réplica das pranchas feitas pela Pacific System Homes, de 1940.