Após as emoções vividas durante a segunda etapa do circuito brasileiro de SUP race, na praia de Itacimirim (BA), uma pergunta começa a se repetir entre atletas e fãs que acompanham a trajetória do nosso esporte: “Teremos uma troca de guarda na Elite do SUP race tupiniquim em 2016?”.
Vamos aos fatos: 2015 foi o ano mais disputado da história da CBSUP, mas, o que estamos presenciando esse ano nunca foi visto antes. O circuito começou em 2011 e até 2013 era certo que, ao final da temporada, Luiz Guida “Animal” e Barbara Brazil seriam campeões. A coisa era até meio chata. Mas, em 2014, o cenário mudou. Tivemos pela primeira vez uma troca de guarda entre os homens da Elite.
Paulo dos Reis sagrou-se merecidamente campeão brasileiro, mas, Guida, por outro lado, teve um ano complicado, onde enfrentou uma série de problemas pessoais que nitidamente influenciaram negativamente seu desempenho. A volta por cima de Animal, no entanto, veio já no ano seguinte, quando conquistou novamente a coroa brasileira. Dessa vez, porém, a batalha foi dura e, ainda que o título tenha sido quase conquistado por antecipação, na penúltima prova, até o meio do ano, para muitos, era dado como certo que a Arthur Santacreu seria o campeão de 2015.
Entre as mulheres a coisa se desenrolou um pouco diferente. Babi reinou absoluta até 2014. Por maiores que fossem os esforços de suas adversárias, nenhuma representava verdadeiramente uma ameaça à rainha baiana. Mas em 2015 as coisas começaram a mudar.
Após uma estreia fulminante em Salvador, Babi amargou um sétimo lugar em Foz, durante o Brasileiro de Race, e, em seguida, foi desclassificada na prova de Ubatuba. Ela chegou a considerar abandonar as competições, mas voltou atrás e, após uma sequência de vitórias, mantêve-se soberana no trono da Elite do SUP Race feminino do Brasil conquistando seu quinto título brasileiro.
DAQUI PRA FRENTE NÃO TEM MOLEZA – 2016 vai ser diferente. Ou, melhor, já está sendo. Não que os anos anteriores tenham sido fáceis. Não é isso. Mas, tanto entre os homens, quanto entre as mulheres, o nível está cada vez mais parelho. E não é só o fato de haver atletas mais novos ganhando espaço no circuito. Isso, claro, também se faz notar, mas, aqueles que vêm treinando duro durante anos, estão colhendo seus frutos.
Começando pelos homens, sejamos francos, não tem mais franco favorito. Ou, melhor, digo que temos uma combinação de dois favoritos, três fortes concorrentes e dois “coringas”. Luiz Guida e Guilherme dos Reis são, em minha opinião, os favoritos ao título em 2016. Favoritos por seu hitórico nas últimas competições e pelo potencial que a gente sabe que eles têm. Mas, acabou o “franco favoritismo”. Mesmo no caso de Guilherme, que está em ascenção, ainda há o que se mostrar em termos de maturidade competitiva e foco. Lidar com o peso de um circuito brasileiro e a pressão de seus adversários. Coisas que se ganham com o tempo. Será que chegou a hora? Pode ser e estou inclinado a acreditar que sim tomando como base as duas primeiras etapas, mas, calma, vamos observar mais um pouco.
Arthur Santacreu, Marinho Cavaco e Paulo dos Reis são meus três fortes concorrentes. Analisando as duas primeiras etapas, não os considero favoritos, mas, podem surpreender e levar o título. Gostei de ver o desempenho de Marinho, que está apresentando mais foco e boa regularidade em seus resultados. O santista precisa, no entanto, melhorar um pouco o desempenho para conquistar o sonhado título.
Arthur Santacreu, novamente, se apresenta muito irregular. De primeiro colocado em Santa Catarina a oitavo na Bahia. Bato na mesma tecla que bati quando fiz minha análise pré-temporada. Algum ajuste fino precisa ser feito aqui.
Paulão é o monstro que a gente conhece. Acho que ele está tendo um início de temporada aquém de seu potencial. Fico me perguntando os motivos. Falta de sorte nas prova tecnicas? O nível de seus adversários está mais alto ou o foco agora está na preparação de seu filho? Não sei, mas, uma coisa que observo é que seu desempenho nas provas técnicas precisa melhorar.
Restam dois “coringas”: Caio Vaz e Vinnicius Martins. Bom, Caio todo mundo conhece. Campeão brasileiro e mundial de SUP Wave e competidor ferrenho. Em sua estreia na Elite do circuito brasileiro ocupa a quinta colocação no ranking. Acho que Caio está tomando gosto pelo SUP Race. Se isso realmente acontecer e ele investir mais em equipamento, a coisa vai ficar difícil para seus adversários, ainda mais com esse novo formato da CBSUP, onde as provas técnicas são fundamentais.
Vinnicius, assim como Caio, é um velho conhecido pela galera do SUP. Em 2015 ele optou por competir só em provas internacionais, o quê, em minha opinião, foi prematuro. Acho que Vinnicius tem muito potencial, mas, assim como Arthur, tem um problema de irregularidade de resultados. Em 2014, por exemplo, quando foi vice-campeão brasileiro, foi, no mesmo ano, do 1º ao 8º lugar em provas. Em 2015 competindo contra os melhores do mundo, não conseguiu um resultado expressivo em provas internacionais, mas, aprendeu muito e agora, de volta ao circuito, mostrou em Itacimirim que está remando demais. No entanto, se eu fosse seu técnico, apostaria no Brasileiro em 2016 para fazer os ajustes necessários e trabalhar essa irregularidade tendo como foco na busca pelo título que é bem possível e, com ele na bagagem, ai sim, iria com toda força para as provas internacionais em 2017.
GIRL POWER – Babi, é claro, é um “monstro do SUP”. Ela ainda é minha favorita ao título em 2016, mas, agora, esse favoritismo está dividido com Lena Guimarães.
Confesso que pela primeira vez desde o início do circuito (talvez nem tanto pelo primeiro ano, quando a gente ainda estava conhecendo os atletas) não aposto todas as minhas fichas em Babi. Isso porque a Lena realmente está remando muito. Evoluiu e está em boa fase no campo pessoal, contando com bons patrocínios e estrutura de treinos.
Babi, ainda sem o apoio que merece, precisa se preocupar com temas como custos de viagem, dinheiro de premiação e estrutura para treinos. Claro que é fácil falar, mas se ela quer manter a hegemonia, tem que deixar isso de lado. Em Florianópolis as coisas correram bem. Na sua terra, nem tanto.
Uma coisa boa sobre isso é o fato de que Babi se cansou de batalhar por um patrocínio principal e agora está lançando uma marca de roupas para SUP. Essa pode ser a saída para que a maior remadora do SUP race nacional de todos os tempos consiga a paz que precisa para se focar exclusivamente nos treinos.
Mas, espere, temos ainda o “Fator Aline”. Sim meus amigos. Aline Adisaka surfa muito e, também rema muito. Mas não é só isso. Ela é realmente uma atleta preparada. Não só campo dos treinamentos mas, também, no trato com a imprensa e patrocinadores. Essa é uma combinação explosiva e muito perigosa para qualquer adversário. No race técnico, em minha opinião, é atualmente a melhor do Brasil, mas precisa evoluir nas provas de longa. Questão de treino e foco. Dois assuntos com os quais, eu sei, Aline lida muito bem.
Babi, Lena e Aline são minhas favoritas na Elite feminina, mas, me sinto na obrigação de fazer uma menção honrosa a Aline Abad Mota, Ariani Theophilo, Jessika “Moah” Matos, Marly Pires, Isttefany Mores, Mel Figueredo e Marilene Koespel. Todas muito empenhadas em mudar o “staus quo” do SUP race feminino e chegando cada vez mais junto. O esporte agradece!
RAKING BRASILEIRO APÓS A SEGUNDA ETAPA (TOP 5 – ELITE RACE)
MASCULINO
1. Guilherme dos Reis (1876 pontos)
2. Luiz Guida “Animal” (1850 pontos)
3. Marinho Cavaco (1826 pontos)
4. Arthur Santacreu (1813 pontos)
5. Caio Vaz (1800 pontos)
FEMININO
1. Lena Guirmarães (1888 pontos)
2. Babi Brazil (1875 pontos)
3. Aline Adisaka (1863 pontos)
4. Aline Abad Mota (1801 pontos)
5. Ariani Theophilo (18015 pontos)
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