Aos 45 do segundo tempo. Esta é a melhor definição para o swell que encostou na última sexta-feira (13/3), no arquipélago havaiano. O maior da temporada de ondas grandes do inverno naquela região do planeta.
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Como a ondulação foi gerada no Pacífico Norte bem próximo às ilhas, os big riders não criaram grandes expectativas. Para surpresa e êxtase geral, a tarde da sexta-feira 13 acabou se tornando o melhor dia para o surf em ondas grandes da temporada 2008 / 2009 no Hawaii.
As ondas amanheceram com dois metros nas ilhas de Oahu e Maui. O vento Kona Wind (maral forte) bombava intensamente e deixava as condições ruins na maioria das bancadas.
Porém, a ondulação que não prometia muito em função do baixo período apresentado nos mapas de previsões, ganhou força rapidamente e teve seu ápice no final do dia, quando as bóias chegaram a marcar mais de 7 metros com 16 segundos de intervalo no período. Sem dúvida alguma o maior swell do inverno nas ilhas.
Em Maui, o time brasileiro de ondas grandes foi muito bem representado nas ótimas condições em Pier 1, localizado ao Norte da ilha. Eraldo Gueiros, Everaldo Pato e Yuri Soledade, surfaram direitas grandes e tubulares com até 13 metros de face na sexta-feira 13.
O baiano Yuri Soledade, que reside em Maui há quase 15 anos, antecipou ao seu parceiro Pato que a ondulação de Norte com vento Sudoeste seria perfeita para alguns picos da ilha. Soledade sinalizou também que o vento poderia mudar durante o dia, virando para terral, o que deixaria as condições épicas naquela tarde.
As previsões de Yuri se confirmaram e por volta das 15 horas o vento mudou, a ondulação ganhou ainda mais força e o mar ficou clássico na bancada de Pier 1.
Segundo Eraldo, que fez parceria com o argentino Daniel Cafezito, o ápice do swell em Maui aconteceu por volta das 5 da tarde, quando as bombas ficaram perfeitas.
?O swell de Norte, que passa direto na bancada de Jaws, deixou as condições muito boas em Pier 1. Foi um dos melhores mares grandes que já surfei na vida, parecia Velzyland quebrando gigante. Nesta bancada as ondas começam meio cheias, porém, quando encaixam na bancada quebra um tubo grande, rápido e perfeito. High performance total?, destaca Eraldo.
O catarinense Everaldo Pato, que seguiu de Oahu para Maui confiando no conhecimento local de seu parceiro Yuri, ressaltou que a sessão em Pier 1 foi uma das melhores de toda a sua carreira.
?Mal pudemos acreditar nas ondas que quebraram. Perfeitas e tubulares, formavam um lip em cima do outro que arremessava um tubo enorme e quadrado. Foram sem dúvida alguma as melhores ondas que surfamos em nossas carreiras. O comentário era unânime, entre eu, Yuri e Eraldo. Podemos contar nos dedos quantos mares como esse surfamos em nossas vidas. Foi incrível, uma surpresa das melhores do mundo, pois além de tudo foi o melhor mar da temporada?, relata Pato.
Já em Oahu, os brasileiros Carlos Burle, Maya Gabeira, Edison de Paula, João Maurício Jabour, Rodrigo Resende e Danilo Couto, partiram para o lado Leste da ilha, em busca dos picos onde o vento Kona (maral nas famosas bancadas do North Shore) não estraga as condições do mar.
Os big riders brazucas acertaram em cheio e surfaram esquerdas enormes com até 13 metros de face em uma bancada de outside na região. Durante a sessão, Carlos Burle e Maya Gabeira passaram por situações extremas bem parecidas.
?Burle me puxou na maior onda da série. Ela fechou e eu acabei pulando da prancha. Foi a maior onda que eu surfei nesta temporada. Tomei um caldo forte que me deixou com uma mega falta de ar, que acabou atacando minha asma. A partir daí eu fiquei só puxando o Burle no restante da sessão?, conta Maya Gabeira.
Carlos Burle, com sua grande experiência, também sentiu a força das morras do East Side de Oahu.
?Tentei apostar corrida com um expresso enorme e não consegui passar a onda. Na tentativa de sair, terminei voltando com o lip. A queda no vácuo foi daquelas que parecem não ter fim e quando toquei a base, meu corpo foi torcido, se estalando por completo. Senti até um desconforto nos órgãos internos?, diz Burle.
No próximo dia 20 de março termina o prazo para inscrições da premiação mundial das ondas gigantes, o XXL Big Wave Awards. Até até o dia 31, duas competições de surf rebocado continuam em janela de espera no Hawaii: o mundial de tow in em Jaws, Maui e o North Shore Tow In Contest, em Oahu.
Para os mais experientes, muitas águas ainda podem rolar nas próximas duas semanas, pois no Hawaii o humor do oceano Pacífico pode mudar em questão de poucas horas.
Fonte Carlos Burle.com