Viagem no tempo

Histórias de big rider

Cartaz do campeonato Clark Foam Big Wave Classic

Cartaz do campeonato Clark Foam Big Wave Classic. Foto: Reprodução.

Voltando no tempo, iremos nos próximos parágrafos relembrar um pouco da história das competições de surf em ondas grandes no Brasil.

 

Iniciaremos com o Clark Foam Big Wave Classic, o primeiro campeonato de ondas grandes realizado no país a partir de uma lista de convidados, elaborada com surfistas reconhecidamente de ondas grandes.

 

Ênfase para efeito de julgamento no tamanho das ondas surfadas e período de espera, com a chamada para o evento sendo feito por meio da extinta rádio Fluminense FM (94.5).

 

A prova, que estava programada para ocorrer em um único dia de ondulações, acima do que poderia ser considerado meramente um mar grande, acabou ocorrendo nos dias 11 e 12 de agosto de 1993.


“Todo o formato do evento foi desenhado por mim, inspirado no filme de 1964 – Ride the Wild Surf – Mar Raivoso, filme de Don Taylor, com Fabian no papel de Jody Wallys (Mikey Dora) e James Mitchum no papel de Eskimo (Greg Noll)”, relembra Eduardo Borgerth Teixeira, proprietário da Clark Foam no Brasil.

 

“Quando contratei a equipe que se dispôs a aceitar o desafio de realizar uma prova com aquele formato, inédito no Brasil até então, fui claro no que eu queria fazer. Uma prova épica, um marco no cenário de competições brasileira que pudesse servir como um divisor de águas na vida daqueles que chegassem ao final do dia com forças”, diz Eduardo.

 

O evento foi programado para começar e terminar no mesmo dia, pois temia-se que o swell não sustentasse o tamanho das ondas e acabasse baixando.

 

Por sorte, os temores não se concretizaram e ao chegar à praia naquela quarta-feira com a primeira bateria já saindo da água, Eduardo Borgerth chamou a equipe que havia contratado e os advertiu, já ele havia dado orientações expressas no sentido que os surfistas só caíssem na água se o mar atingisse condições extremas.

 

“Contei com grandes parceiros para a realização do evento. O principal, claro, foi Netuno, que enviou por dois dias uma ondulação com tamanho e intensidade de força acima do normal, tornando a pequena praia de Itacoatiara em uma monstruosa máquina assassina. O segundo parceiro fundamental nesta empreitada foi o amigo infância Ziul Andueza, responsável atualmente pelo sistema de pontuação informatizado do circuito Mundial de Surf, que decidiu sem me consultar, colocar na água as baterias que deram início ao Big Wave”, completa Eduardo.

 

Em um total de 31 convidados, o primeiro dia teve oito baterias com quatro atletas e duração de 40 minutos. Nomes conhecidos como Cauli Rodrigues, Rosaldo Cavalcanti, Rafael Curi, Ricardo Tatuí entre outros, não conseguiram passar de fase, para sorte de alguns.

 

No dia seguinte as ondas atingiam até 4 metros e Itacoatiara se transformou em um liquidificador oceânico, movimentado por correntezas violentas.

 

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Carlos Burle, campeão do primeiro campeonato de ondas grandes realizado no Brasil. Foto: Aleko Stergiou.

Neste cenário, Mano Ziul declarou estar muito preocupado com a integridade física dos atletas, tendo sugerindo a suspensão do evento, fato que não ocorreu.

 

O mar continuou subindo ao longo de todo dia, atingindo seu ápice durante a bateria final na tarde de quinta-feira (12/12), quando entraram para disputar a última bateria os surfistas Carlos Burle, Eraldo Gueiros, Gilmar Catelani e Sérgio Noronha.

 

Nos primeiros 45 minutos da última etapa, a liderança ficou entre Eraldo Gueiros e Gilmar Catellani. Burle e Sérgio Noronha pareciam não terem forças suficientes para remar.

 

Passada uma hora de bateria na água, Gilmar sofre uma queda espetacular em uma direita que literalmente explodiu, levantado no ar uma cortina de espuma, areia e massa escura de água disforme e retorcida.

 

Depois da queda, Gilmar não conseguiu mais voltar ao outside. Noronha também já havia saído da prova, exausto, surfando apenas uma onda.

 

Restavam apenas dois competidores. Eraldo surfa uma esquerda de tamanho médio para o padrão do dia, ao passo que Burle, poucos minutos depois, completa a linha em uma direita também explosiva, porém espetacular.

 

O último a sair do mar foi aquele que havia surfado a maior onda naquela fase, não deixando dúvidas. Carlos Burle era o campeão.

 

Fim do campeonato. Dois novos nomes se consolidavam no cenário de ondas grandes do Brasil: Carlos Burle e Eraldo Gueiros.

 

O resto da história todo mundo já sabe, o que as pessoas não sabem é que a realização de um sonho de criança ajudou a mudar as vidas destes dois atletas.

 

Fonte CarlosBurle.com

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