Surf Seco

Ignição no World Tour

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Kelly Slater e Adriano de Souza, campeão e vice-campeão, duas gerações do surf mundial numa bateria sensacional na praia da Vila, Imbituba (SC). Foto: Aleko Stergiou.

Este campeonato Hang Loose 2009 foi especial. Com a vinda do Slater de última hora, foi a melhor surpresa que poderia acontecer. Como ele mesmo disse, campeonatos que não pretende correr e corre, ele vence.

 

Obrigado à internet e a previsão de ondas, porque quando viu que estaria grande logo no primeiro dia, ele fez a escolha certa.

 

A nova data da etapa ajudou. O fato dela ter sido antecipada para junho, a de número quatro num total de dez, torna este evento chave para o posicionamento na corrida pelo título mundial.

 

A final não poderia terminar de maneira mais dramática.

 

Uma final dos sonhos dos brasileiros, como chamou Fabio Gouveia na transmissão. Vitória de virada do Slater, infelizmente frustrando toda a torcida brasileira.

 

Adriano de Souza, grande finalista, no minimo já havia se mentalizado nessa situação. Esse cara é um prodígio. A capaciidade de adaptação, entendimento e aplicação do critério de julgamento, somado à raça e à malícia de competir está funcionando para ele, a ponto de encabeçar o topo do ranking mundial, atrás apenas de Joel Parkinson, derrubado na semi por ele.

 

Assistir detalhes da competição e perceber o grau da evolução do garoto me fez vibrar muito. Teve uma bateria que ele quebrou uma esquerda e o locutor da transmissão em inglês falou: “He is gonna claim”…
Mineiro é o cara e ele não deu mole, segurou a onda e “no claim”, mandando os locutores gringos engolirem essa tirada.

 

Somos diferentes mesmo, vibrantes e apaixonados. De uma maneira que os próprios gringos competidores nunca viram igual. Ouvi o Damian Hobgood dizer que ele se sente mais importante e valorizado pela profissão quando passa e compete por aqui, vivenciando momentos únicos de calor da torcida canarinho.

 

Melhor de tudo foi ver a vibe do moleque Adriano, depois da final, saindo com Slater em pé na mesma onda, cumprimentando, festejando e vibrando, os dois de braços erguidos. Aí sim ele ele vibrou… Aí sim ele “claim”, na hora certa, com toda exuberância e empolgação de um garoto mágico de 22 anos.

 

Este “muleske” assimila rápido demais as coisas e essa acelerada dele nas baterias só nos deu alegria nessa competição.

 

O especial do evento foi ver os nossos maiores idolos numa final. Mineiro começa nos dando a sensação de vitória, mas o adversário é o maior virador de baterias da história.

 

A virada de Slater arrasou os nossos corações naquele momento, mas o fato dele ser quem é, e essa vitória “virada de jogo” dele no ranking, depois de três derrotas seguidas no primeiro round deste ano, turbinou o circuito.

 

Mineiro se posicionou como candidato ao título, consciente de que ainda tem muito chão, é claro. E vivenciar de perto a sua recuperação na performance, na prancha e no resultado, dando uma levantada no ranking mundial e se posicionando de 25o para 9o no ranking, vamos dizer assim, que se fosse outro seria pior e que até mesmo o Mineiro curtiu. Óbvio que preferia vencer, mas trouxe faísca para o circuito para o resto do ano.