Surf seco

Inconfidência mineira

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Adriano Mineirinho vence o Rip Curl Pro na França com um arsenal de manobras modernas. Foto: Poullenot / Rip Curl.
Agosto de 1990. O cenário era o Lacanau Pro, França. Fabinho e Teco eram ídolos  naquela época e a França vivia no ritmo da lambada, que depois pegou aqui no Brasil.

Slater, molequinho, ainda era uma promessa. Travou duelos históricos com Nicky Wood, mas isto foi em 1991.

 

Uma galera de peso do Brasil que batalhava as triagens se instalava nos campings de alto nível, situados a 30 metros da areia em Lacanau e Hossegor.

 

Eram nomes como Magnus, Fê Correia, Zecão, Tadeu, Datinho, Burle, Casquinha, Ícaro, Bitenka, Muller, Jojó, Tinguinha, Piu, Tatuí e mais um esquadrão de brasileiros trialistas que invadia a Europa naquela época.
 
O business era vender pranchas, que valiam facilmente US$ 300 ou mais cada uma…. Essa prática foi proibida pelas autoridades francesas, porque alguns pegavam pranchas de terceiros e ficavam com umas 20 pranchas na passagem fazendo o comércio. Muitos foram multados.

 

Na época, rolava o ritmo lambada, o dinheiro era franco, agora é euro. O campeão já foi Neco e hoje é De Souza, o Minerinho. Promessa sendo cumprida e eletrizando as baterias com suas performances espetaculares.

 

Que show brilhante dos brasileiros nesse campeonato histórico, o primeiro Super Series da ASP. Odirlei arrebentou. Ele tem impressionado nas competições e a sua manobra de backside está animal.

 

Adriano de Souza confirma o que os campeões do Pro Junior costumam fazer depois no mundial. A performance dele foi impecável, adequando-se perfeitamente ao critério de julgamento do livro de regras da ASP, que diz mais ou menos assim – “O surfista que pegar as melhores ondas, surfar mais rápido e radical, com flow, manobras arriscadas, power e inovadoras na maior distância funcional é o que vai pontuar mais alto”.

 

Com essa vitória, o prodígio do Brasil acaba de pôr no ranking WQS 3 mil pontos de diferença sobre o segundo colocado e rival do Pro Jr , o australiano Shaun Cansdell.

Outros brasileiros estão bem posicionados no ranking – entre os 30 primeiros – e ainda restam quatro etapas de nível 6 estrelas: Portugal, Brasil, Haleiwa e Sunset (Hawaii).

 

A evolução nestes 15 anos foi muita para nós. Uma festa daquele nível, com músicas sertanejas de fundo [péra aí, DJ…] em Hossegor foi lindo. Aconteceu  parecido em Huntington 99, quando Neco e Fábio Gouveia fizeram a final do então WCT, mas ouvi dizer que os americanos ficaram desgostosos, pois se acham os tais.

 

Na França é diferente, o brasileiro é ídolo. O locutor gritava em francês, após a final, e volta e meia soltava um – ‘Caraaaaaio’, para dar ‘pila’ à festa brasileira.

Essa galera do front do Brasil da última década e de hoje, caras como Gouveia,Teco, Renan, Neco, Peterson, Herdy, Ribas, Daltro, Dornelles, Moura, Costa, Nunes e os que já chegaram ou vão chegando ao WCT, já elevaram o surf do Brasil a um nível de primeiro escalão do mundo.

 

Gostaria de lembrar o detalhe que em beach breaks somos Tops por causa das nossas ondas… Nos reefs onde rola o WCT o ranking está bem diferente…

 

A nova geração tem um desafio pela frente, o título do WCT, onde só rola só tubo casca-grossa. Parabéns, Brasil!