Campeões no kitesurf, os irmãos cariocas Filippe e Milla Ferreira desembarcaram pela primeira vez no North Shore de Oahu, Hawaii.
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Eles treinaram forte no arquipélago para o início do Mundial da categoria, marcado para junho em Portugal. Além disso, demonstraram muita intimidade também com o surf.
Na entrevista abaixo, a dupla fala direto do Hawaii sobre a expectativa para o KSP World Tour e a sensação de pisar pela primeira vez no Hawaii.
Qual o motivo da viagem de vocês ao Hawaii e o que acharam desta experiência?
Filippe A proposta é treinar o frontside para o Mundial de Kitesurf, que vai começar agora. Além de conhecer o Hawaii e alinhar meu surf de pranchinha. É uma experiência irada. Estou conhecendo pessoas novas com ondas mais pesadas e fundos afiados. Acho que quando voltar para casa vou me sentir bem mais à vontade no mar.
Milla Viemos ao Hawaii com o objetivo de treinar para a última etapa do Mundial que acontece em Ho’okipa no mês de dezembro. E, claro, conhecer o paraíso do surf. O Hawaii como sempre nos surpreende em tudo! Estou adorando a minha primeira temporada na ilha, sempre com ondas e vento, o que nos leva para a água todos os dias.
Como foi que vocês se envolveram com o kitesurf e o que fez com que gostassem tanto desta atividade?
Filippe Tudo por causa do meu pai. Ele voltou do Hawaii com o kite e fomos aprendendo e gostando aos poucos. Até que ele abriu uma escola na Barra da Tijuca (k08). Gostei porque sempre é um treino muito bom para melhorar o meu surf.
Milla No ano de 98, em sua primeira temporada havaiana, meu pai (Frajola Ferreira) veio em busca das ondas perfeitas, assim como qualquer surfista que vem para a ilha. Aqui ele conheceu o kite e não pensou duas vezes para levá-lo ao Brasil.
Quando ele chegou com aquela “pipa” eu e meu irmão não pensamos duas vezes em testar o novo brinquedo. Ali foi o nosso primeiro contato com o kite. Eu aprendi naquelas piscinas que se formam na areia depois de uma boa ressaca do mar.
O que me fez e me faz gostar mais do kitesurf, é poder surfar todos os tipos de onda que eu quero em poucos minutos. Eu vejo uma valinha ali, e se não tiver boa eu volto para aquela outra. Assim vou indo, até o final da Barra da Tijuca (risos).
Na opinião de vocês, o que é mais prazeroso: surf ou kite?
Filippe Eu gosto muito do que faço profissionalmente, o kite nas ondas (kitewave), mas nada como um surf na remada, pegar uns tubos. Não tem sensação melhor do que esta, sou apaixonado pelo surf e pretendo surfar pelo resto da minha vida.
Milla Os dois, tudo depende do dia. Às vezes o mar está perfeito, sem vento, e você vai surfar. Às vezes tem onda com muita ventania e você faz o kite. É muito bom porque você não fica entediado em casa quando entra o vento.
Qual o benefício que o surf proporciona ao praticante do kite e vice-versa?
Filippe Se você surfa e quer aprender o kite é muito mais fácil por causa do equilíbrio na prancha. Depois que você aprende o kite nas ondas é muito bom para o treino de pranchinha.
Milla O cara que já sabe surfar e vai aprender o kite, já está com meio caminho andado. Ajuda muito você já ter a base do surf para aprender o kite. E se você já faz o kite e surfa também, o seu surf melhora ainda mais. Ou seja, sempre que você vai surfar as manobras saem mais expressivas e com mais pressão!
Como foi que vocês conseguiram a vaga para participar do circuito mundial de kite e qual são as expectativas?
Filippe Isso aconteceu por meio da Associação Brasileira de Kite. Das três etapas de 2011, fui campeão de duas: Ceará e Florianópolis (SC). Também acho que foi pela atuação que tive na única etapa do mundial que competimos (Peru). Minha irmã foi campeã no feminino e eu fiquei em terceiro lugar no masculino.
Milla No ano passado ganhei a etapa do mundial em Pacasmayo, Peru. Por falta de patrocínio não consegui ir para as outras etapas do circuito. Este ano recebi o wild card para correr o circuito inteiro, acredito que pela minha vitória no Peru e nos campeonatos que corri durante a minha vida no esporte (Milla é campeã brasileira, bicampeã carioca, bicampeã cearense e campeã do superkite).
Meu objetivo no circuito deste ano é me esforçar ao máximo, dar o meu melhor para alcançar o lugar mais alto do pódio. Tenho treinado muito, dentro e fora da água. Quero muito este título, mas também sei que todas as meninas querem. Então estou treinando muito para conseguir a vitória.
Em uma competição de kitewave, como funciona a pontuação? É muito diferente do surf?
Filippe Não, é a mesma coisa do surf. No kite os critérios são parecidos. Ganhamos pontos pela velocidade, radicalidade, fluidez inovação, entre outros.
Milla O julgamento é igual ao surf. O atleta deve buscar fazer manobras radicais na parte mais crítica da onda com velocidade, força e fluidez. Quanto menos usar o kite melhor, porque dificulta na realização das manobras.
Quem são suas maiores inspirações, tanto no surf como no kite?
Filippe No surf é Mick Fanning e Mineirinho (Adriano de Souza). Procuro assistir todos os campeonatos do World Tour para aprimorar as minhas manobras. Já no kite é o Fabio Nunes, de Florianópolis, uma pessoa muito boa.
Milla Minha maior inspiração de dedicação e performance no surf é a Bethany Hamilton. Ela quebra e não desistiu de surfar, como muitos fariam se tivessem perdido um braço. O Andy Irons também é com certeza uma das minhas maiores inspirações no surf. Eu lembro dele surfando, vejo seus vídeos e dá vontade de correr para água para tentar fazer igual (risos). E no kite, claro, já falei isso várias vezes, minha inspiração é o meu irmão Frajolinha. Ele surfa muito, está entre os melhores do mundo e é o melhor do Brasil. Tento velejar igual a ele.
Como é o dia-a-dia de vocês?
Filippe Procuro estar dentro da água a maior parte do tempo. Fora dela estou na fisioterapia, no funcional ou andando de skate. Também fico sempre no k08, que é a primeira e uma das melhores escolas do Brasil para praticar kitesurf.
Milla Acordamos, tomamos café da manhã no k08 e vamos para a academia. Depois fazemos stand up paddle, surfamos e andamos de skate. Sempre procuramos estar em contato com o mar, com os esportes e nunca ficar parado.
Quais são seus objetivos para o futuro?
Filippe Treinar muito para ser campeão mundial de kite. Quero viajar ao máximo para surfar e adquirir experiência em ondas boas. Ainda conhecer lugares e pessoas novas. Meu ideal seria poder viver a vida do jeito que eu mais gosto: dentro do mar!
Milla Evoluir todos os dias e ser campeã mundial.
Poderiam deixar uma mensagem para os internautas do Waves?
Fillippe Valeu galera, espero que gostem do vídeo, das fotos e da entrevista. Boas ondas!
Milla Para quem quiser acompanhar o circuito, será transmitido ao vivo pelo site KSP World Tour.
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