Jacqueline Silva quer o título do WCT em 2003

Jacqueline Silva - Billabong Pro, Honolua Bay, Hawaii

Jacqueline Silva venceu a última etapa do WCT Feminino e faturou o vice-campeonato mundial. Foto: Pierre Tostee/ASP World Tour.
A catarinense Jacqueline Silva venceu a última etapa do WCT Feminino, Billabong Pro Maui, encerrado no último domingo (15/12), em Honolua Bay, Hawaii.


Com o resultado, Jacque conquistou o vice-campeonato mundial, feito inédito na história do surf brasileiro, e pulou da sétima para a segunda colocação no ranking, além de confirmar que costuma se dar bem nas ondas havaianas.

 

O excelente resultado impulsionou a surfista para que ela brigue pelo título no próximo ano.

 

Na final, realizada em Honolua Bay, a surfista travou um duelo contra a australiana Pauline Menczer, campeã mundial do WQS 2002, e dominou os primeiros 40 minutos de bateria.

Jacque Silva se concentra antes das baterias. Foto: Ricardo Macario.

 

“Minha tática foi a mesma do começo ao fim do campeonato. Procurei observar bastante o posicionamento dentro da água, o tempo das séries e o tamanho das ondas para escolher o equipamento adequado”, conta ela, que surfou todos os dias que deram ondas com pranchas diferentes.

 

Jacque abriu a disputa com duas notas acima de 8 e continuou dominando até os dez minutos finais, quando perdeu a prancha.

 

“Foi tudo muito confuso. Perdi minha prancha faltando mais ou menos uns 10 minutos para o final. Meu leash soltou do pé e a prancha foi

Jacque tem um estilo inconfundível. Foto: Pierre Tostee.
parar na pedras. Devido a correnteza, ficou impossível para eu chegar até ela. Nadei para o canal e acenei para o Bira Schauffert, meu técnico e empresário, e ele veio descendo o cliff com a prancha. Mas eu sabia que ia demorar muito até ele chegar em mim. Foi aí que peguei uma prancha emprestada de uma menina que estava no canal assistindo a bateria e comecei a remar de volta para o pico. Nisso, escutei os fotógrafos que estavam no canal, falando para eu não pegar onda porque não era permitido. Fiquei totalmente confusa e sem saber o que fazer. Nisso, vi o Bira vindo com a outra prancha. O problema é que o livro de regras da ASP diz que nessas situacões o atleta tem que ter alguma
A atleta é uma das estrelas do team Rip Curl. Foto: Rip Curl Internacional.
prancha reserva no canal com alguma pessoa. Senão teria que sair da água, pegar outra prancha e voltar”, explica Jacque.

 

Segundo ela, Schauffert pegou carona com o jet ski e isso também não era permitido.

 

“Para voltar a surfar a bateria, nós dois teríamos que voltar à praia, e depois disso eu poderia retornar ao outside. Sabendo que não teríamos mais tempo, ficamos juntos no canal e esperamos acabar a bateria. A sorte foi que a Menczer também não achou as ondas durante tudo isso que rolou. Aí foi só comemorar”, conta a catarinense.

 

De acordo com Jacque, ela ficou um pouco

Jacque já venceu três campeonatos no Hawaii: dois do WQS e neste ano o primeiro do WCT. Foto: Pierre Tostee/ASP World Tour.

preocupada com o ocorrido e para completar ela não ouvia o que os juízes diziam. “Quando o Bira

chegou ao meu lado, contou como

estava a bateria e explicou que minha adversária precisava de uma combinação de duas ondas para virar o resultado”.

 

Durante todo o ocorrido, a australiana só pegou uma onda quando faltava menos de um minuto. “Então, comecei a comemorar com o Bira”, conta ela.

 

“Vencer pela primeira vez uma etapa do WCT depois de três anos correndo atrás foi muito gratificante. Veio na hora e momento certo”, conta.

 

A atleta já está focada no título em 2003. Foto: Pierre Tostee/ASP World Tour.

A catarinense diz que entrou na disputa para ganhar. “Realmente foi uma surpresa para mim. É claro que fui para ganhar, mas não acreditei quando acabou tudo e fui a vitoriosa. Sabia que poderia terminar o ranking em segundo lugar se ganhasse, ou se as outras garotas que estavam na minha frente, não fossem tão longe na competição. Só fui ter certeza que havia terminado em segundo lugar quando tudo acabou”.

 

Jacque afirma que procurou dar o melhor de si em cada bateria. “Estava muito confiante, pois meu surf se encaixou bem nas condições em que se apresentavam o mar”,

 

A catarinense conquistou o título do Roxy Pro duas vezes consecutivas. Foto: Pierre Tostee/ASP World Tour.
“Com certeza o sonho de ser campeã mundial está ficando cada vez mais perto. Esse
ano passou raspando, mas ano que vem, vou entrar pra ganhar. Vou procurar fazer o
melhor, sem pressão ou cobrançaa nenhuma. Tudo que aconteceu até hoje, foi tudo muito natural e no tempo certo”,  conta.


Entre os points por onde passa o Tour, Jacque afirma que seu surf se encaixa melhor nos point breaks para direita, como Haleiwa, as direitas da Gold Coast, na Austrália, e Honolua Bay, em Maui, Hawaii.

 

Já o técnico Bira, tentará estar presente, principalmente, nas etapas do WCT.

Em 2001, ela foi campeã do WQS. Foto: Pierre Tostee/ASP World Tour.

“Como ele tem um trabalho paralelo ao que realiza comigo, vai tentar acompanhar quando puder. Os custos das viagens e despesas também estão muito altos. Mas, com certeza, ter uma pessoa para me acompanhar, surfar junto, filmar e dar uns toques é superpositivo”, diz.

 

Este foi o terceiro ano consecutivo que Jacqueline vence no Hawaii. Suas duas últimas vitórias foram em etapas do WQS de Haleiwa, em 2000 e 2001 – ano em que ela conquistou o título do WQS.

 

Jacque já voltou o foco para o título mundial 2003. A surfista já está de

A surfista costuma se dar bem nas ondas do Hawaii. Foto: Pierre Tostee/ASP.

volta ao Brasil, onde  ficará dois meses na sua casa na Barra da Lagoa (SC).

 

Sobre a rivalidade entre as surfistas do Circuito Mundial, ela afirma que se dá bem com algumas gringas. Mas a que ela mais se identifica é com a australiana Neridah Falconer. “Ela e minha melhor amiga no Tour”, diz.

 

Para ela, suas maiores adversárias na disputa pelo título são a atual pentacampeã mundial, Layne Beachley, Sophia Mulanovich, do Peru, e a australiana Chelsea Geogeson. “Essas surfistas são muito boas e acho que vão incomodar um pouco”.

 

Jacque ao lado de seu irmão Leandro, nova promessa do longboard, durante o Mundial da categoria.. Foto: Ricardo Macario.
A brasileira apenas lamenta a saída de Tita Tavares, que acabou não conseguindo garantir vaga para o WCT no próximo ano. “Duas brasileiras já eram pouco. Agora só restou eu. É uma pena que um talento como poucas, que é a Tita, tenha ficado sem patrocínio nesse ano, por isso ela acabou não disputando alguns eventos. 


“Eu também já passei por essa situação quando fiquei fora do WCT de 2000 e a Tita seguiu sozinha. Assim como eu dei a volta por cima e consegui retomar minha vaga, a Tita também tem chances. Espero que os empresários do surf nao deixem uma surfista que já trouxe tantas alegrias para o Brasil, ficar fora da lista das melhores surfistas do mundo”.

 

 

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