Com apenas 20 anos, o potiguar Jadson André vem causando estrago no ASP World Tour e até o momento é um dos melhores estreantes do ano.
Depois de conquistar a vaga em consequência de uma ótima temporada e pela terceira colocação no WQS em 2009, Jadson roubou a cena ao vencer a terceira etapa do circuito logo na sua primeira temporada.
E não foi uma vitória qualquer. Ele derrotou o eneacampeão mundial Kelly Slater em Imbituba (SC), diante de milhares de torcedores brasileiros que presenciaram a final histórica.
Atualmente na 10ª posição do ranking, ele sobreviveu facilmente ao corte do meio do ano e é também o único estreante que já venceu uma etapa até agora.
Conhecido também por mandar aéreos bizarros com extrema facilidade, principalmente de frontside em ondas para a esquerda, Jadson demonstra evolução a cada etapa do Tour.
Um exemplo foi a ótima performance nos canudos para a direita da última etapa na França. Uma técnica apurada para entubar de backside rendeu boas notas ao jovem brasileiro, que terminou o evento na nona colocação.
Jadson já está há cinco dias em Portugal e treina forte nas pesadas ondas da região, enquanto aguarda uma chamada para o evento masculino.
Confira abaixo uma entrevista com o potiguar que vem dando muita dor de cabeça para os grandes nomes do surf mundial, em que ele fala sobre sua chegada a Portugal e relembra os melhores momentos desta temporada.
Você e o Adriano de Souza vieram de carro direto da França. Pegaram aquela tempestade pelo caminho?
Demos sorte de não pegar a tempestade na estrada, pois fomos embora logo que acabou o campeonato lá. Pegamos um tempo ruim, mas já aqui em Portugal.
Depois de dois dias fiquei sabendo que foi uma das piores tempestades que já rolou na França. Nos demos bem por ter saído cedo.
Vocês pararam em algum lugar no caminho para surfar?
Não, viemos direto. Sabíamos que em Mundaka (Espanha) poderia estar quebrando altas ondas, porém achamos mais importante passar direto para treinar aqui.
Em quais picos já treinaram nesta semana?
Um dia o mar estava pequeno e surfamos em uma onda aqui ao lado, Baía do Baleal, em frente à churrascaria do Gaúchão. Aliás, que saudades de comer uma picanha brasileira. Estamos comendo todos os dias neste restaurante, pois não é em todos eventos que encontramos comida brasileira.
Nos outros dias treinamos em Supertubos. Pegamos altas ondas já. Ontem foi um dia alucinante para mim. Peguei uma das melhores ondas do dia, todo mundo até comentou.
O que achou do potencial de Supertubos?
Já deu para sentir o power desta onda. Por isso é bom sempre chegar antes nos eventos, ainda mais quando eles acontecem em ondas em que temos um pouco de dificuldade, pois assim temos tempo para nos adaptar.
A onda é bem pesada. Ontem, peguei altas ondas lá, mas hoje já não foi muito o meu dia. Peguei umas 20 ondas e morri dentro dos tubos em todas. Machuquei as costas e o joelho, mas nada grave que possa me impedir de competir.
Você vem apresentando uma boa campanha como estreante no ASP World Tour e já teve uma vitória logo no teu ano de estreia. Como encara estas experiências novas no circuito?
O circuito é sempre difícil para a galera que está competindo pela primeira vez. Eu costumo não ligar muito para a pressão e este tipo de coisas, procuro levar de um jeito bem tranquilo, todo mundo tem algum aspecto para evoluir.
Pelo fato de eu ser o mais novo do circuito e também ter dificuldade em alguns tipos de ondas, venho me concentrando para aprender bastante. Tento evoluir um pouco mais a cada campeonato. Ainda não consegui mostrar muito bem meu surf depois de vencer no Brasil.
Em J-Bay, competi na hora da maré cheia, que é muito difícil para surfar de backside, já que a onda fica um pouco gorda. Em Teahupoo, continuo esperando até agora entrar a onda da minha bateria. Fiquei 12 minutos lá sem a prioridade e não consegui pegar onda.
Em Trestles foi um campeonato um pouco chato, porque eu fiz algumas coisas e não tirei os scores, então não sei realmente o que aconteceu, mas agora na França consegui fazer um nono e também consegui um nono em Bells no início do ano. Então meus três melhores resultados são dois nonos e um primeiro.
Portanto, acredito que estou indo bem, mas sempre com a meta de tentar evoluir. Eu sei que é bastante difícil, mas quero muito terminar o ano entre os top 10.
Ainda temos três campeonatos pela frente e todos eles são superdifíceis e importantes. Tentarei manter este foco e competir tranquilo para ir passando as baterias e, quem sabe, terminar o primeiro ano entre os top 10.
Um swell gigante está previsto para os próximos dias. Você viu a previsão?
A previsão está mostrando que ondas boas irão entrar. Alguns falam que o vento não é o melhor, mas sabemos que vai estourar tudo aí, vão entrar ondas enormes. Só não sabemos se será com as melhores condições para surfar. Temos que estar preparados.
Se entrar os 10 pés que estão previstos com condições boas, tenho ceteza que colocarão o campeonato na água. Quando você está no circuito, tem que estar preparado para 1 ou 10 pés de onda.
Vou me manter tranquilo, treinando e esperar o momento certo. Na hora em que disserem “está valendo”, o bicho vai pegar.
Você tem bons resultados aqui em Portugal. O que mais gosta aqui?
Pois é, esta não é a primeira vez que venho para cá. Portugal é um lugar onde eu me dou superbem. Graças a Deus todas as vezes que vim aqui saí com alguma coisa.
Meu primeiro ano foi em 2007, quando fui campeão mundial Junior. A outra vez foi em Açores no ano passado. Fiquei em segundo em um WQS 6 estrelas. Agora estou aqui pela terceira vez, só que é totalmente diferente, porque o ASP World Tour reúne os melhores surfistas do mundo.
Espero manter essa hegemonia que tenho aqui e continuar sempre mandando bem. Vou surfar o meu melhor!