Torcedor fanático

Jadson do pandeiro

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Jadson André leva bandeira brasileira ao topo. Foto: Daniel Smorigo/ ASP South America.

Se tive o prazer em ter Jadson como leitor de minha última coluna, na qual disse que ele ainda era uma promessa, com certeza agora a promessa virou dívida. Dívida paga!

A primeira prestação foi coroada com chave de ouro. Venceu em casa, quebrou o jejum de mais de 10 anos sem brasileiros vencendo etapa da primeira divisão dentro de casa e ainda entrou pra história ao derrotar Kelly Slater em uma final de campeonato.

Minhas críticas a sua linha de surf parece que surtiram algum efeito e nas esquerdas Jadson quicou bem menos a prancha. Quando a onda vinha lisa e proporcionava uma linha polida, ele assim o fez. Foram poucos os quiques feios e o que se viu foi muito power variação e o aéreo reverse. Realmente o melhor surf de todo o evento.

Aéreos esses que não foram usados somente para finalizar a onda (como muitos fazem), mas sim arriscando desde o outside (como muitos tem receio de fazer).

A semi contra Dane Reynolds foi mais do que espetacular. Dane é um cara que andou se declarando triste com as competições e com os resultados negativos, parece que nesse ano o garoto tomou um chá de ânimo e resolveu que iria colocar nas baterias o que todos o viam fazer nos filmes. Dito e feito.

Só que Jadson André não estava pra brincadeira e teve mais do que personalidade, teve atitude de campeão para, na última onda, na onda de trás da que Dane viraria a bateria, revirar tudo e com uma nota 9 esmigalhar os chances do americano! Foi sensacional!

Na final a torcida, apesar de confiante, estava apreensiva, claro! Afinal de contas era o menino ex-promessa de 19 anos contra o rei das ondas. E o menino mostrou que é sim possível, foi lá, matou no peito, chamou na responsa e emplacou uma vitória merecida e incontestável.

Ao rei só restou elogiar e frisar mais uma vez que a nova geração vem aí para mesclar o topo do pódio com os medalhões do circuito.

A atuação de Slater foi excelente, sobretudo porque mostra que vem treinando ainda mais, justamente as manobras aéreas. Sendo que, alguns caras mais próximos de sua idade com bastante experiência de tour, estão um pouco estagnados. Isso vai custar muito para o trio parada dura da Austrália. Mick, Parko e Taj, se quiserem se manter no topo, terão que voar mais e mais alto, além de espancar a onda com muito estilo como de costume.

As ondas da Vila favorecem a molecada com menos experiência em posicionamento de tubos e ondas realmente de gente grande. Não que seja uma onda ruim e fraca, mas por ser um beach break a onda não quebra sempre no mesmíssimo lugar e, por isso, as performances podem ser melhor trabalhadas com a sequência de manobras. Em breve teremos o tira-teima e saberemos se os garotos estão fazendo a lição de casa nas cracas mais pesadas.

Mineiro…. ai ai ai Mineiro…. já começou meio errado perdendo a bateria canarinho do primeiro round e acabou deixando Dane Reynolds se crescer justamente em cima de você, ganhar confiança e deslanchar no evento? Mas tudo bem, você continua quebrando, focado e sólido. Precisa de um resultado como esse de Jadson para se firmar na ponta do ranking. Mais do que isso: precisa agora levantar o caneco em algum pico tradicional de surf, como J-Bay ou Tahiti. Pressão? Isso mesmo, PRESSÃO!

Neco, a cada onda boa um golaço! Vibra com a torcida, vai até o alambrado, joga a camisa pra arquibancada e volta para fazer outra. Muito maneiro essa vibração no surf. Muitos acham ridículo. Mas é a maneira do cara se expressar, o surf em si é um esporte onde o atleta está se expressando e comemorar pode sim fazer parte disso.

 

Só porque a maioria dos gringos não vibra o cara não pode vibrar? Tudo bem que pode parecer que a vibração é uma comemoração à vitória na bateria, mas em jogo de futebol, por exemplo, quando o atleta faz gol ele não comemora? Então… e nem por isso o time do gol em questão é o vitorioso. Continue a vibrar meu caro, vibramos junto! Só não se esqueça o fantasma dos novos critérios de julgamento que tanto te assombram!

Marco Polo, por favor faça alguma coisa! Mostre que essa sua vaga na elite não foi uma mera soma de bons resultados nas ondas mais ou menos do antigo WQS. Nem que seja ganhar do Jordy Smith em J-Bay, já está de bom tamanho!

O restante dos convidados, bom, quando vocês disputarem o circuito eu falo de vocês. Mas Messias, estamos “Félix” por sua atuação! Gás nos campeonatos e some pontos!

E a transmissão, hein? Minha nossa, cai cai balão, cai cai balão! Nos primeiros dias de evento estava pior e parece que voltamos uns cinco anos no tempo nas transmissões pela web. Houve baterias que tive que ligar para meus conhecidos na praia para que me dissessem como estava, absurdo!

Para encerrar, Jadson, você calou minha boca, com muito respeito e admiração, hoje: você é o cara! Yes, we can!