Jefson Silva é um dos seis brasileiros com participação confirmada no World Longboard Tour 2015, a elite mundial dos pranchões. O Circuito conta com etapa única e começa no dia 5 de dezembro, com janela de espera até o dia 12 em Riyue Bay, na China. Atualmente ele está na Europa, onde participa de um evento local e disputa o título do continente. Só depois embarca para a China, onde disputará o Mundial.
O longboarder de São Sebastião exibe sua nova produção com exclusividade no Waves. Ele também aproveitou para falar sobre seus treinamentos e expectativas para o Mundial, que disputará ao lado dos amigos de equipe Lufi, Rodrigo Sphaier e Atalanta Batista, além de Chloé Calmon, Phil Rajzman e Jeferson Silva, que completam o esquadrão brazuca. Confira a seguir.
Fale um pouco sobre você e sua carreira.
Meu nome é Jefson Silva, mas muita gente me conhece como Jejé. Sou longboarder profissional há 11 anos, um surfista fissurado que gosta de surfar todos os dias. Amo competir, não há nada que se compare ao calor da bateria, sentimento que somente aqueles que gostam vão entender. Quando não estou viajando, gosto de surfar ao lado dos meus amigos, pois me divirto muito no freesurf com a minha galera.
Como começou no pranchão e desde quando surfa de longboard?
Comecei surfar de longboad por que era muito ruim de pranchinha (risos). Na época, eu perdia não só para os moleques da minha idade, mas também para o menor da turma, o Arthur Aguiar. Surfo desde os 11 anos, quando comecei na Escolinha da Baleia, onde tive o privilégio de ter o Marcelo Aguiar e o Wagner Pupo como professores. Os dois foram muito importantes para mim no início. O tio Marcelo sempre me pilhou nos treinos, pois sabia que com isso eu conseguiria chegar aonde queria: viajar e ser profissional. Sempre falei isso e ele sempre me incentivou muito, graças a eles dois e a Escolinha da Baleia, responsável por formar grandes nomes como Thiago Camarão, Robson Santos, Miguel Pupo, os irmãos Arthur e Pedro Aguiar, entre outros.
Como está sua preparação para o Mundial?
Minha preparação para o World Longboard Tour está sendo muito boa. Tenho treinado bastante ao lado dos meus parceiros de equipe Rodrigo Sphaier e Atalanta Batista, focando essa etapa do Mundial. Nos damos muito bem, sempre ajudando um ao outro e esclarecendo as dúvidas que surgem. Além disso, tenho a sorte de pertencer a equipe do Lufi, shaper e ex competidor português, que me passa várias dicas e técnicas para evoluir meu surf e alcançar meu objetivo de ser campeão do mundo.
Já dá para traçar uma meta para o Mundial ou é ir lá e deixar as coisas acontecerem?
Para falar a verdade, o mundial é muito imprevisível, pois tem atletas muito bons. Mas dá sim para traçar uma meta. Atualmente, estou treinando duro para chegar preparado e focado. Quero trazer um grande resultado e acredito que esse ano será muito bom, afinal, já fazem três anos que vou para a China, então já tenho experiência e agora é importante deixar as coisas acontecerem naturalmente.
Recentemente, você participou de uma turnê europeia e venceu o Salinas Longboard Festival. Na sua opinião, qual a importância desse tipo de “intercambio” para os longboarders brasileiros?
Estive na Europa durante quatro meses desenvolvendo um trabalho que já vem sendo feito a dois anos com meu shaper Lufi. Eu, Rodrigo Sphaier e Atalanta Batista vamos para Portugal testar os novos modelos e já aproveitamos para treinar e competir em alguns eventos locais.
Este ano conquiste o bicampeonato do Salinas Surf Festival, repetindo a vitória do ano passado contra meu companheiro Rodrigo Sphaier. Todos os longboarders europeus participam desse festival, então ele tem um nível muito alto. Esses intercâmbios são muito importantes para nós brasileiros. Na Europa, por exemplo, o Lufi nos dá muita atenção, sempre nos acolhe, além de nos apresentar todos os picos. Nessas ocasiões, fazemos muitas amizades e essa vivência é fundamental, pois nosso país é muito respeitado mundialmente e, onde quer que vamos, somos elogiados e, de verdade, o Brasil realmente tem ótimos longboarders.
Riyue Bay, na China, foi palco dos quatro últimos mundiais. Você já conhece o pico, o que tem pra falar sobre ele?
Sim, já eu conheço o pico bem, vou pra lá desde o primeiro evento. Riyue Bay é uma onda muito boa para o Longboard, todos os atletas gostam muito do lugar. É uma onda que quebra pra esquerda com fundo de pedra e areia, e se tiver um bom swell, é certeza de que vamos ter show de surf.
Foto: Arquivo pessoal.
Além do australiano Harley Ingleby, detentor do título, qual outro atleta pode dificultar a vida dos brasileiros no evento?
O nível do mundial é muito forte e todos os atletas presentes tem grandes chances de ser campeão do mundo. Os australianos são muito fortes, mas também tem os havaianos e os americanos e, na minha opinião, não dá pra apontar alguém especifico, pois todos estão surfando muito.
Fale um pouco da expectativa para a competição.
Minha expectativas são muito boas. Antes mesmo da China, eu embarco para Portugal, onde vou competir e brigar pelo título europeu. No momento estou tranquilo e focado, mas a hora que a buzina tocar o coro vai comer (risos).
Na sua opinião, qual a maior dificuldade encontrada pelos longboarders brasileiros – desde os iniciantes até os profissionais.
Sem dúvida alguma, nossa maior dificuldade ainda é a falta de patrocinadores – os brasileiros sofrem muito com isso. Temos grandes talentos, mas, infelizmente, àqueles que ganham dinheiro com o esporte não investem nos atletas. Atualmente, temos grandes nomes no Circuito Mundial, três deles – Filipe Toledo, Adriano de Souza e Gabriel Medina -, brigando diretamente pelo título da temporada.
Se um empresário for ao Nordeste do país, ele encontrará tantos atletas bons que será difícil escolher um só. Não é preciso ir muito longe, temos aqui Rodrigo Sphaier e Atalanta Batista, dois atletas de ponta, multicampeões, mas sem nenhum apoio das marcas de surf wear. Nosso país é um enorme celeiro de talentos, mas muitos deles nem chegam às competições, tudo por falta de apoio. Acho que os empresários deveriam olhar para esse lado, que há muito tempo vem sendo esquecido. É triste, nós que viajamos e vemos nos outros países todo o trabalho de base que é feito com a molecada e, se você é bom, alguém provavelmente vai te ajudar a chegar em algum lugar, agora aqui no Brasil, além de ter talento, é preciso ter um padrinho ou você será só mais um entre milhares e isso é uma perda enorme para todo o esporte. Ainda tenho fé de que verei mudanças muito boas no surf brasileiro e, consequentemente, em todas as modalidades do esporte.