O'Neill SP Prime

Jessé de olho no Tour

Jessé Mendes

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Jessé Mendes luta pela classificação ao WCT. Foto: Vinicius Sá Moura
 

O paulista Jessé Mendes pode ser uma das novidades no WCT 2015. Atualmente em décimo lugar no ranking do WQS, o surfista do Guarujá ocupa a sétima vaga na lista provisória de classificados à elite, já que três surfistas à sua frente estão se garantindo pela própria elite.

Em 2014, Jessé teve bons momentos na divisão de acesso. Destaque para a brilhante vitória na etapa Prime em Açores, Portugal. O guarujaense também subiu ao topo do pódio no 3 estrelas em El Gringo, Chile, cenário de tubos congelantes e perigosos.

Sempre muito tranquilo e cordial, Jessé concedeu uma entrevista ao Waves antes da estreia no O’Neill SP Prime em Maresias, São Sebastião (SP). O paulista de 21 anos estreia na penúltima bateria da primeira fase contra o guadalupenho Charles Martin, o brasileiro naturalizado espanhol Vicente Romero e o japonês Hiroto Ohhara.

Você vem de uma etapa em Itacaré (BA) que não poderia mudar muito a tua situação no ranking do WQS. O que te levou a disputar a essa prova?

Primeiramente porque gosto muito da Bahia. É um lugar que tem uma comida muito boa e tenho vários amigos lá. Foi um campeonato com poucos pontos em jogo, mas com um alto nível de atletas, então foi uma boa oportunidade para treinar e chegar no rip em Maresias, que é uma etapa muito importante pra mim.

Alguns atletas optaram por treinar com bastante antecedência em Maresias, palco de uma etapa Prime, muito importante para quem pretende chegar ao WCT. Outros chegam em cima da hora e você foi para a Bahia competir num 4 estrelas. Essa viagem serviu também para tirar um pouco a pressão, chegar mais tranquilo ao Prime?

Maresias não tem nada de diferente. É um beach break, cresci surfando ali com frequência, moro perto. Não é uma onda como Teahupoo, por exemplo, onde você precisa chegar antes, treinar, testar a prancha. Apesar de Maresias ter uma onda muito boa, é um beach break normal, já sei como funciona a onda. E também, em vez de ficar em casa encucado, só esperando chegar o Prime, optei por deixar a pressão de lado, ficar tranquilo em Itacaré, treinando forte e competindo, para depois chegar preparado a Maresias e não ficar afobado.

Você venceu duas etapas no WQS este ano (Prime em Açores e 3 estrelas no Chile). Fale um pouco desses títulos.

Uma vitória é sempre uma vitória, não importa o campeonato. Mas o Prime foi mais especial porque é um campeonato com mais status, mais pontos, e que me deixou nessa situação, com boas chances de entrar no WCT. O meu sonho não poderia ser conquistado sem essa vitória. O outro título (Arica) marcou a minha primeira vitória no WQS, então foi muito especial também, além de ser um lugar com altas ondas e muito risco.

Tua carreira sempre foi muito bem planejada. Qual a intenção de disputar essa etapa de nível 3 estrelas no Chile, sem tanta pontuação em jogo?

Realmente não tenho o que reclamar da minha carreira. O meu manager, Paulo Kid, sempre fez tudo da melhor forma possível. Essa foi uma escolha minha. É que gosto muito daquela onda, já fui duas vezes e amo aquele lugar. Nos intervalos entre as competições, sempre procuro fazer umas trips para pegar onda, evoluir, e dessa vez eu uni o útil ao agradável. Já queria competir ali há um bom tempo, pelo fato de a onda ser muito boa. Fui relaxado, amarradão por curtir o pico, e tudo deu certo.

Caso chegue ao WCT, já tem alguma expectativa em relação aos tipos de onda que vai surfar? Acredita que pode ter dificuldade em algumas delas?

Desde pequeno a gente sonha com isso, ainda mais hoje em dia, com essas transmissões pela internet. Você fica assistindo e se imaginando ali dentro. Quem tem esse sonho, não tem como não imaginar. Acho que estou preparado, hoje em dia acho que estou maduro o suficiente para estar lá. O nível é muito alto, não sei se vou me dar bem ou não, mas acredito que tenho potencial para me dar bem. Difícil falar onde teria dificuldade. Talvez J-Bay, por ser uma onda bem difícil para quem surfa de backside. Eu me encaixei bem quando fui pra lá, mas a experiência que os caras do WCT têm é muito grande e os atletas de frontside levam muita vantagem porque a onda é muito rápida. Acho que esses fatores poderiam trazer uma certa dificuldade pra mim.

Faça uma autocrítica sobre o teu surf. O que precisa melhorar?

Acho que poderia melhorar bastante nos aéreos. Tem uma galera que está muito na frente, principalmente em ondas de beach break. Acho que preciso melhorar muito nos aéreos e em ondas assim. Teria que melhorar a velocidade, a agilidade, ser mais vertical, mais radical em ondas de beach break.

A temporada havaiana está chegando. Existe aquela tradicional pressão entre os atletas de WQS de querer garantir logo a vaga antes do Hawaii. Você é um atleta que já viajou bastante, inclusive com muitas temporadas havaianas na bagagem, e se sente bem à vontade lá. Também tem essa preocupação?

Cada etapa é uma etapa. Qualquer um pode vencer um evento, mas lá realmente é complicado. O problema do Hawaii é que tem muito desafio no meio das baterias. O mar normalmente é grande, você pode levar uma série na cabeça e perder 15 minutos ou até mesmo uma bateria inteira. O problema do Hawaii é esse. Acho que essa será a minha décima temporada havaiana e tenho muita experiência lá. Procurei passar bastante tempo no Hawaii e sempre surfei com frequência nas ondas que recebem o WQS, principalmente em Sunset. Gosto muito dessa onda e sempre procurei me dedicar a ela, pois sabia que precisaria no futuro. Já fiquei em quinto lá no meu segundo ano do WQS e Sunset é uma onda complicada para quem surfa de backside. Poucos goofies já venceram no WQS. Acho que tenho chances de conseguir um resultado lá, não estou com aquele medo de não ter um resultado aqui e precisar do Hawaii.

O que os internautas do Waves podem esperar de Jessé caso a vaga no WCT seja confirmada?

Esperar o mesmo Jessé que eu sou. Não vou mudar nada, só treinarei ainda mais e tentarei evoluir muito. A única diferença é que surfarei contra os meus ídolos e nas ondas que sempre sonhei em competir. Estarei muito feliz, disso eu tenho certeza.

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