Uma das coisas que mais me dá satisfação é ver a brazucada mandando bem na hora do vamos ver. Já estou por aqui desde 1998 e em todos as temporadas eu nunca vi uma geração como esta.
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Quando falo de surfistas, falo daqueles que encaram ondas insanas, porque no Hawaii o que vale é isso!
Temos excelentes surfistas de vários tipos. Dentre os competidores temos o Mineiro encabeçando a lista e pela primeira vez realmente de verdade, sem marketing ou jogada de marcas para criar ídolos.
Nós temos alguém com nível, vontade e talento para isso. Não que os
outros não tenham, mas ser campeão do mundo é uma equação
complicada e o Mineiro hoje é mais do que uma esperança, quando
falamos de um possível título, sem desmerecer os outros competidores que estão ali na batalha contra as ondas, a falta de apoio e principalmente contra os juízes.
Em uma das últimas edições da revista Surfing, Bruce Irons diz que apesar de estar se despedindo do tour, agradece aos juízes por “overscore”, ou seja, uma notinha a mais para ele nas baterias.
Não é novidade que isto acontece. Injustiças no tour não são novidades. Pregaram o Neco na cruz, mas quando pegaram o Occy em flagrante aqui no Brasi, não rolou absolutamente nada.
Mas o papo aqui é outro, temos excelentes free surfers. O Rodrigo Sininho é um dos caras com o estilo mais maneiro, manobras sempre animais e cheias de estilo. Vitor Farias também surfa muito, sempre na disposição em Pipe, para o que der e vier.
A galera que quero priorizar neste texto é a galera de Pipe / Backdoor. Este ano, especialmente nas últimas semanas, nas quais Pipe rolou todos os dias com terral cavernoso, deu para ver que muitos apesar de não terem a moral de um local, surfam mais que muitos dos locais.
Particularmente vou citar alguns nomes. Por exemplo, quando a pipoca estoura, o bicho pega, a cobra fuma, enfim, em mares de responsa, estrelas como o Jon Jon Florence não brilham tanto como esses nomes que tenho visto bater ponto em Pipeline de meio até cinco metros.
Veja bem, Jon Jon surfa muito, mas não vejo um destaque brutal como a mídia proclama. Kiron Jabour passa o carro mole e em qualquer condição no fenômeno americano.
Ricardo Santos, Jerônimo Vargas, Marco Giogi, Pedro Manga, Gordo, Wiggolly Dantas, Alejo Mumiz, Bernardo Pigmeu, Vitor Farias e mais alguns outros nomes, com certeza eu assino em baixo com folha em branco. Vejam bem, isto é um texto pessoal e o que vejo, já que estou ali sempre surfando ou tirando fotos. Estes estão sempre ali batendo ponto.
Nossos galácticos Stephan Figueiredo, Pigmeu e Bruno Santos, que apesar de muito tempo de surf ainda são da nova geração, são exemplo de surf, coragem, respeito, determinação e atitude em condições suicidas.
Dois que arrepiaram no último big swell foram Odirlei Coutinho e Renato Galvão, com Pipe rolando no terceiro reef e uma bomba atrás da outra. Por mais de uma hora só ficaram na água o Stephan e o Odirlei, em um mar pra lá de perigoso. Odirlei botou pra dentro em monstros fechadeiras de braços para cima, totalmente suicida.
Já Renato Galvão, de backside em montanhas de água e Stephan do jeito de sempre, esperando o maior e mais difícil tubo do dia a ser completado. Sem babação de ovo, e ser for que seja porque o que eu vi foi em 10 anos a maior e melhor performance de brasileiros aqui na ilha, em condições extremas de Pipe.
Nunca vi a galera com tanta vontade de surfar e surfando tão bem. Surfaram melhor do que muitas estrelinhas de mídia que vemos por aí, para calar a boca ou pelo menos fazer com que vejam e engulam o que falam nas revistas “especializadas” em surf, ou melhor, especializadas em falar bem de quem tem um patrocinador com página dupla dentro dela e que não seja do ?terceiro mundo?.
Não se iludam com filmes e revistas gringas, a galera tem representado o Brasil muito bem. Já temos alguns dos melhores big riders do mundo, a melhor big rider do mundo, um dos melhores surfistas do mundo, um dos melhores longboarders do mundo, os melhores bodyboarders do mundo e agora com certeza alguns dos melhores free surfers do mundo.
O povo brasileiro é muito guerreiro. Mesmo sem os salários milionários em dólar, a mídia, o luxo e conforto que muitas estrelas recebem e merecem, a brasileirada tem sido motivo de orgulho e satisfação pessoal, deste que como vocês é mais um apaixonado por surf, seja dentro ou fora d´água.
Abraço e parabéns a todos os envolvidos nesta fase que o surf está vivendo. Parabéns! Espero ver a galera em muitos tubos e mostrando a força que têm os nossos kamikazes surfers.
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