Cores do Mar

Laboratório na Rocinha

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Ana Paula apresenta projeto para integrantes da Rocinha Surfe Escola (a partir da esq): Ricardo Bocão, Leandro da Adaptsurf, o artista Seu Linu e Kamila. Foto: Arquivo Pessoal.

Molecada põe a mão na massa com o objetivo de se divertir. Foto: Arquivo Pessoal.

Ana Paula Alves também ajuda na coordenação da arte. Foto: Arquivo Pessoal.

Recentemente tive uma experiência bacana ao visitar um pedacinho da comunidade da Rocinha, a maior favela do Brasil e da América Latina.

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O objetivo era conhecer a Rocinha Surfe Escola, do fundador Ricardo Bocão, logo depois de uma série de montagens que fiz de arte em pranchas.

Lá pude apresentar o projeto de uma oficina de arte e design sustentável usando pranchas em desuso e resíduos das fábricas de surf, como os fragmentos de poliuretano.

Assim trabalhar com alguns adolescentes das comunidades que tivessem propensão às artes e design para que, ao longo do curso, desenvolvesse uma estética sustentável própria da comunidade, com valores alicerçados e gerando nova fonte de renda.

O projeto segue e por enquanto fizemos duas experiências nas quais não tive grandes preocupações estéticas com os alunos. Se fosse um projeto regular, eles mesmos iriam aperfeiçoando o produto, refinando o acabamento.

Mas nesse momento de aulas com caráter voluntário deixei mesmo eles se divertirem! Com várias tintas que recebi como doação de Ricardo Ribas (obrigada), a garotada fez a festa!

Chamei de laboratório nossa vivência. Na primeira vez fizemos uma prancha-prateleira. Os alunos pintaram e fizeram uma colagem baseada no surf e no lugar onde vivem. O laboratório foi embasado em Paulo Freire, pedagogo brasileiro.

Educar para a cidadania planetária implica numa reorientação da visão de mundo e da educação como espaço de inserção do indivíduo não só numa comunidade local, mas numa comunidade local e global ao mesmo tempo.

Na sala rolou um espaço tanto para a criação quanto para a apreciação da obra de arte. De reflexão e diálogo possibilitando aos alunos entender e posicionar-se diante não só dos conteúdos artísticos, estéticos e culturais como sociais e ambientais por meio de um Power Point apresentando imagens e dados.

Na segunda vez fizemos uma mesa-banco-prancha! Ricardo Bocão, que além de fundador da Rocinha Surfe Escola, é professor de surf, artesão, líder comunitário, sempre entra com a parte essencial que precisamos quando se trata de resina, lixadeira, de furadeira, entre outros.

O surf é um esporte recente em nosso país, influência milhões de jovens e seus estilos de vida. É intimamente ligado à natureza, no entanto a maioria das pranchas são derivadas do petróleo e altamente poluentes. O universo da arte ajuda a repensar e também a ter atitudes como reusar suportes artísticos.

Criar novos suportes para o design e para a arte com resíduos. Para a cultura surf a prancha que deixou de ter uma vida útil no esporte poderá se transformar nas mãos dos jovens em design – móveis, cadeiras, prateleiras, mesas, etc. E em peças de arte.

Torcemos para que a Rocinha Surfe Escola, que é associada Internacional Surfing Association (ISA), também se torne um centro de referência cultural e sustentável transformando os resíduos ao seu redor. Repensando nossos dias atuais, dando novo sentido aos objetos descartáveis enchendo-os de cor!