Marketing 2.0

Lagrotta e o ambiente interativo

0

Marcelo Lagrotta durante a campanha de sucesso do boardshorts Tag a Trunk. Foto: Reprodução.

Marcelo Lagrotta, administrador especializado e pós graduado em marketing pela Universidade Anhembi Morumbi, é docente do curso de Branding do Centro Universitário Senac (SP), além de fazer consultoria especializada para empresas sobre estratégias de vendas na internet.

 

O administrador também trabalhou por mais de 20 anos como executivo de marketing no mercado de boardsports, incluindo nove destes anos como diretor de marketing da Billabong Brasil.

 

Na entrevista abaixo, Lagrotta fala um pouco sobre seu blog que está sendo lançado, marketing 2.0, e explica quais as novas tendências do marketing na web.

 

O que é o marketing 2.0?

 

Marketing 2.0 é um novo nível de marketing! É a consequência e o resultado do impacto causado pelas novas tecnologias (principalmente pela internet) no marketing tradicional. É a verdadeira utilização da tecnologia para identificar, criar, satisfazer e superar as necessidades e os desejos dos clientes e consumidores. É também mais do que comunicação, é interação e participação das pessoas na construção dos produtos, dos serviços e dos canais por onde eles ?escoam?. No meu blog pretendo evidenciar tendências e iniciativas que unem (ou que podem unir) tecnologia e negócios, por isso o nome Marketing 2.0.

 

Sua chegada revoluciona as antigas estratégias de marketing?

 

Já revoluciona! Por exemplo, o marketing de interrupção (aquele anúncio que te pega pela TV no intervalo da transmissão de um programa que você gosta) é cada vez mais odiado pelas pessoas. No marketing 2.0 não é a propaganda que vai atrás das pessoas, são as pessoas que vão atrás da propaganda. Os vídeos virais estão aí para provar isso, você vê, gosta e manda para todos os seus amigos. Quem ouviu dizer que um vídeo é legal, mas ainda não viu, vai procurar no Youtube.

 

Muitas marcas como Nike, Ray Ban, Levi´s trabalham bem isso. Entre as marcas com permeabilidade no mercado de boardsports, destaco a Quiksilver Internacional, que fez o ?Dynamite Surfing? e a brasileira Evoke, com ?Surfing Banks? , mas estes são exemplos de apenas uma variante de como o marketing está evoluindo.


O que a web possibilita aos clientes que os outros meios (TV, rádio, jornal) não possuem?

 

Muitas coisas como o engajamento, a participação, a escolha e a interação imediata. Os jornais impressos estão morrendo e alguns renascendo na internet. As rádios também estão se reiventando na web. Elas perceberam que os celulares estão se tornando computadores de bolso e alcançando pessoas de todas as classes.

 

Diversas rádios estão desenvolvendo aplicativos para iPhone, Blackberry e Android. As TVs estão tentando integrar sua programação aos seus portais na web, continuando ou aprofundando seus conteúdos em chats e hotsites.

 

Enfim, estão tentando engajar a sua audiência oferecendo oportunidade de participação e até a escolha  de alguns conteúdos. Em outras palavras, estão buscando suprir suas limitações de veículos de comunicação de mão única. Um exemplo legal é o aplicativo ?Oakley Surf Report?, desenvolvido em parceria com o site norte- americano Surfine, e que pode ser instalado no iPhone e traz a previsão de ondas de diversos picos de surf no mundo, inclusive mais de 20 picos no Brasil.

 

As redes sociais (Orkut, Twitter, Youtube) podem ser usadas a favor do marketing? Como?

 

Podem, devem e estão sendo. A questão é que fazer marketing para ter bons resultados em redes sociais é totalmente diferente do que muitas marcas estão tentando fazer.

 

A base do marketing em redes sociais é o relacionamento, visa a fidelização do cliente. Não se pode fazer marketing de interrupção em redes sociais, é preciso levar conteúdo de relevância e estar verdadeiramente disposto a ouvir o consumidor, coisa que nem toda empresa está preparada para fazer.

 

Entre as empresas brasileiras do mercado de boardsports que estão buscando fazer um bom trabalho nas redes sociais, posso destacar a KYW Boardstore e as marcas New, Echo, Beach, Cave, Evoke e Vans.

 

As grandes empresas ainda têm preconceito contra a livre comunicação na rede?

 

Na minha opinião não se trata de preconceito e sim de medo! Muitas empresas, independentemente de seu tamanho, foram acostumadas a fazer um discurso (verdadeiro ou falso) para o mercado, que tinha que engolir goela abaixo.

 

Hoje para ter presença na rede, marcas e lojas precisam dar a cara pra bater. Isso muitas vezes pode significar que seus produtos, serviços ou até mesmo suas iniciativas de comunicação podem ser criticadas publicamente no blog de suas marcas, ou em uma sessão de comentários de uma loja virtual. A maioria das empresas ainda não sabem como lidar com isso.

 

As empresas do segmento surf estão à frente em termos de estratégia de vendas pela internet?

 

Nos EUA as empresas relacionadas com boardsports estão bem alinhadas com as empresas de outros mercados, mas no Brasil infelizmente a realidade é outra. São poucas as marcas ou lojas que sabem usar a internet para obter resultados, e não estou falando apenas de e-commerce.

 

Para constatar isso basta olhar os websites das empresas dos mercados. Em sua grande maioria são sites estáticos feitos em flash, que ignoram totalmente técnicas de Search Marketing, parecendo panfletos virtuais.

 

Em alguns casos (marcas licenciadas) nem há iniciativa web, apenas um domínio registrado e um link para o site da marca no país de origem. O website deve ser a base de qualquer estratégia de internet.


Para onde esse mercado ainda pode crescer?

 

As possibilidades são inúmeras. Desde o fortalecimento do Branding, passando pela fidelização dos clientes até o chegar ao e-commerce puro. Mas o importante é fazer tudo de forma planejada e integrada, ou seja, desenvolver uma estratégia completa para internet integrada com as ações off-line sem queimar etapas.


O surfista leva a fama de não ligar muito para as novas tendências da internet, até que ponto isso é verdade?

 

Na minha opinião os surfistas estão bastante conectados, basta fazer uma busca no Twitter para encontrar muitos. Estou seguindo o Joel Parkinson e o Pedro Henrique por exemplo.

 

Como o seu trabalho está relacionado com tudo isso?


A frente do marketing da Billabong no Brasil tive a oportunidade, junto com o site Waves, de desenvolver uma série de ações na internet que alcançaram um grande resultado.

 

Posso destacar a campanha do boardshorts Tag a Trunk, que se tornou o boardshorts mais vendido da marca até aquela coleção, e a transmissão ao vivo do Billabong Pro J´Bay em 2003, com chat on-line em parceria com o Terra, que na época bateu o recorde de acessos no site Waves.

 

Embora tenha havido outras ações, essas duas experiências afloraram minha paixão até que, em 2004, decidi deixar a Billabong para me dedicar a um projeto pessoal. Hoje, além de apresentar seminários sobre marketing digital e dar aulas de Branding no Centro Universitário Senac, sou consultor focado em estratégias para internet e e-commerce 2.0.

 

Para conhecer mais sobre o trabalho de Marcelo Lagrotta, acesse o blog Marketing 2.0 .