No último final de semana, com a entrada de um novo ciclone nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, um grupo liderado pelo surfista e apresentador Luis Roberto Formiga e pelo big rider e ex-salva-vidas Romeu Bruno armou uma barca para uma laje em Santa Catarina, explorada por outro grupo de big riders no ciclone da semana retrasada.
Confira o relato de Formiga sobre o surf em ondas entre 2,5 e 3 metros e forte vento sul nas difíceis condições do pico, batizado de Laje do Zeca em homenagem ao big rider Zeca Scheffer, um dos desbravadores do local.
Para começar, vamos relembrar parte da história do surf de tow-in em lajes distantes da costa no Brasil. Carlos Burle e Eraldo Gueiros viraram notícia nacional quando surfaram a lage do hotel Sheraton, no Rio de Janeiro, dropando morras de até 4 metros e impressionando a todos que assistiam do costão.
O apresentador e big rider estava de olho no swell e não perdeu a chance de surfar a Laje do Zeca. Foto: Clayton Russo. |
X-Games 2004, início do mês de maio. Enquanto eu assistia a Sandro Dias, o “Mineirinho” do skate, executar um 900 graus em um momento histórico e mágico do esporte no Brasil, minha cabeça se dividia entre o sério trabalho naquele mega evento e imaginando como estavam meus amigos e grande parte da comunidade do tow-in brasileiro no mesmo momento, surfando as ondas que estávamos cercando fazia tempo.
Tinha estado nesta laje com o Alemão de Maresias, em um dia com fortes ventos e tempestade, e senti o potencial ao ver algumas ondas de dois metros e meio bem tortas, porém potentes.
Apesar das difíceis condições do mar, boas ondas foram surfadas no pico. Foto: Clayton Russo. |
Quando chegamos na laje a forte ondulação colidia contra as três cabeças gigantes de pedra e um enorme telhado submerso que forma o desenho da laje, gerando um balaço infernal. De repente você oscilava num balanço de dez metros entre o topo e a base das ondulações.
Enquanto Romeu me puxava nas ondas, Dudu Schultz pilotava no canal o jet em que estavam Tony e Clayton para captar as imagens. A condição estava impossível, havia muito vento e várias ondas quebravam umas sobre as outras, com uma correnteza animal, mistura de imperfeição e perigo.
Formiga em uma da série, que mesmo torta e mexida, dá a dimensão do potencial do lugar. Foto: Clayton Russo. |
O melhor equipamento para estas ondas foi uma prancha Dick Brewer 6’3, bem pesada e com ‘outline’ de foguete para amassar todas as imperfeições na parede da onda e continuar com controle quando engolida pela espuma.
Romeu surfou boas ondas, porém varias não foram registradas devido à dificuldade das condições. Os dois cinegrafistas e praticamente todos os integrantes da barca passaram muito mal, eu também vomitei o dia todo, não adiantava nada cair na água nem tomar Dramin (remédio para enjôo).
Valeu muito ter feito este treino em “extreme conditions” e na real deu para ver que quando entra o swell o negócio é partir para a busca, pois tudo pode acontecer e a expedição pode se tornar inesquecível, no bom ou no mau sentido.