Fabio Kerr

Lendas do Arpex

Fabio Kerr, Píer de Ipanema (RJ)

Fabio Kerr ainda esbanja estilo nas ondas do Arpex. Foto: Marcelo Rebelo.
Fabio Kerr no Backdoor do extinto Píer de Ipanema (RJ). Foto: Fedoca Lima.

Poucos dos que vêem Fabio Kerr nos pódios dos campeonatos atuais do ASC (Arpoador Surf Club) sabem que este veterano foi um dos integrantes do Arpoador Surf Club original, fundado por Tito Rosemberg na década de 60.

 

Isso porque dentre todos os 80 surfistas integrantes originais do histórico ASC, Fabio é o único que ainda participa dos campeonatos da ASC.


Além de surfista, Fabio Kerr sempre trabalhou com pintura de quadros e desenhos. Relacionado ao surf, Fabio fez as logotipos das marcas Energia (Lipe Dilong) e Hawaiian Feelings (Betão), e os cartazes dos filmes Brasil no Surf e Nas ondas do Surf, de Livio Bruni e Rossini Maranhão. 


Também fez anúncios da Waimea, dos shorts Tico e RK Skateboards. Além disso ele pintou as vitrines da Company por quase 20 anos e deu aulas em colégios e faculdades. 


Atualmente, Fabio tem um atelier de pintura na Rua Francisco Sá, Copacabana (RJ), onde produz quadros. Conheça um pouco da relação de Fabio Kerr com o Arpoador em entrevista à ASC.


Poderia dar um breve relato das suas maiores conquistas como surfista, dentro e fora d’água?

 

Maiores conquistas são os amigos de 50 anos de surf.

 

Quando começou a pegar onda no Arpoador? Como era ser um novato nessa época?

 

Foi em julho de 1962. Eu era filho do presidente da Federação Carioca de Surf e só tive ajuda dos caras mais velhos. Eram meus ídolos, como são até hoje.

 

Qual época você mais frequentou? Como eram os surfistas, o localismo, a repressão, os campeonatos e etc? Em relação aos dias atuais, o que mudou para pior e para melhor?

 

Eu só dei um tempo no surf de 82 até 97, pois estava praticando vôo livre de asa. Só pegava onda quando não dava vôo. Antes e depois, surfar foi e é meu esporte preferido.

 

De 97 para hoje tenho participado de campeonatos, exclusivamente no Arpoador, onde comecei e onde mais gosto de surfar.

 

Qual o melhor mar você se lembra de ter surfado no Arpoador?

 

Em 50 anos de surf, vi e peguei muitas ondas boas no Arpex. Quando estava começando, peguei vários fins de semana sem ninguém e perfeitos. Foram tantos que não tenho um em especial. Todos foram especiais.

 

Quem eram os melhores surfistas da sua geração e quem são os melhores de hoje na sua opinião?

 

Na minha época de garoto, Betinho Lustosa, Jorge Baily e o americano Pete Jonhson, primeiro membro do Arpoador Surf Club. Hoje em dia gosto muito de ver Guilherme Aguiar, Simão Romão e Ian Cosenza.

 

Qual a melhor geração de surfistas do Arpoador?

 

Todas tiveram sua importância. As primeiras pela introdução do esporte e as outras por continuar a evolução do esporte.

 

Qual a melhor performance você já viu e de quem?

 

Pete Jonhson. No período que este surfista ficou aqui, ele mostrou o que era surfar de longboard. Pesquisem para saber quem foi esta lenda.

 

Qual foi o maior mar e maior onda que você já surfou? Quem são os melhores nos dias maiores?

 

Na época do Píer, tenho registrado pelo Fedoca, uma quarta-feira cinzenta. Foi o maior e mais perfeito dia do Píer. No mar só eu, Ricardo Bocão, Otávio Pacheco e Pepê Lopes. Eu peguei a maior onda e o maior tubo da minha vida. E está tudo documentado em fotos do Fedoca. Entrei em um Campeonato Mundial de Longboard em 2001 na Barra da Tijuca. Categoria Legends. Mar de Sudoeste, fechando e com ondas de 3 metros. Quando cheguei à praia, às 8:00, já tinham mais de duas dúzias de pranchas quebradas ao meio, e a minha bateria já ia para a água. Se fosse um dia qualquer, eu não entraria no mar, mas cair na água com Clayde Aikau, Pete Pistol e o Tiola de Sampa, podia dar uma boa foto. Só eu e o Clayde conseguimos varar a arrebentação. Ele pegou uma onda e tirou 3 e qualquer coisa, enquanto eu esperei e peguei uma nota sete e muitos quebrados. Ganhei a bateria e tirei a maior onda. Quando o havaiano veio me parabenizar, perguntou quantas vezes eu tinha ido ao Hawaii. Quando eu respondi que nunca, pois meu esporte preferido era asa delta. Eles tiraram muita onda.

 

Outros momentos ou pessoas marcantes no Arpoador?

 

Em termos de onda, no campeonato Black Trunks em 1998, eu peguei a maior onda de uma série que varreu os outros três surfistas que estavam no Pontão. Como eu havia pego uma onda e voltava para o pico bem aberto, pude escapar da série e pegar a onda que me levou até a antiga escadinha, em frente ao Arpoador Inn. Tenho uma das melhores fotos minhas nesta onda tirada pelo Beto Paes Leme. Quanto as pessoas, Mário, salva-vidas do Arpex nos anos 50, 60 e 70. Tito Rosemberg, meu ídolo e inspirador. Foi ele que sem querer me apresentou ao surf.

 

Uma historia do Arpoador que poucos conhecem?

 

Não é uma história, e sim uma frase. Pixada no muro perto da escadinha por alguns locais que não surfavam no Arpoador: Fora com a corja do surf. Os caras não sabiam, mas nós já tínhamos dominado o pico.

Por que o Arpoador é tão especial? Qual o significado da praia para você?

Minha história com o Arpoador começa em 1889 quando meu bisavô construiu a primeira casa da praia de Ipanema, onde hoje é o Colégio São Paulo. As fotos da época mostram que as nossas ondas já estavam lá. Quando comecei a surfar meu pai morava na Francisco Otaviano, entrada do Arpex. Desde então passei a frequentar o Arpex, onde fiz grandes amizades.

 

Como surgiu o Arpoador Surf Club da década de 60? De quem foi a iniciativa e quem eram os participantes? Como você entrou e qual a sua participação?

 

A iniciativa foi do Tito Rosemberg. Na época, a Federação era composta por clubes que não eram de surf. Os Marimbás, Radar e Iate Club tinham se unido para o início das atividades, então o Tito juntou os surfistas do Arpoador para criar este primeiro Arpoador Surf Club. Pena que não saiu do papel. Eram 80 participantes. Existe uma lista que eu tenho, o Tito tem, e se vocês quizerem posso mandar por e-mail para vocês.

 

Tinha algum símbolo? Fizeram camisas?

 

Não fizemos nenhum símbolo para o ASC, mas nos campeonatos algumas equipes criaram uma camiseta como foi o Cross Over Surf Team do Marcelinho Rebelo e do Betinho Lustosa.

 

Quais atividades foram promovidas pelo Arpoador Surf Club? Chegaram a realizar campeonatos?

 

Como falei o clube não saiu do papel. Todos os campeonatos (dois) foram de responsabilidade da Federação Carioca de Surf, composta pelos clubes já citados.

 

O que você acha do trabalho do atual Arpoador Surf Clube?

 

Para mim é uma grande satisfação e orgulho ver e participar com vocês deste trabalho. O que prova estarem certos os antigos surfistas, não é por acaso que estamos onde estamos. Quero parabenizar a vocês do ASC atual, pela dedicação e responsabilidade no rumo que vocês tomaram. Espero participar de mais campeonatos e eventos junto com vocês.

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