Nos primeiros dias de 2011, as praias de Ubatuba (SP) foram atingidas por boas ondulações. No início de janeiro, um swell de Leste chegou por aqui. Com crowd intenso nos principais picos, eu e mais três amigos decidimos fugir da muvuca e visitar um secret da região.
Na barca: o surfistas profissionais Odirlei Coutinho e Cristiano Rosário, além do free surfer Ricardo Gomes.
No primeiro dia de swell (6/1) apenas eu e Odirlei fomos até o pico. Depois de alguns escorregões e um tombo na trilha, que estava muito escorregadia, chegamos no point. O dia era de sol. Encontramos ondas de 1 metro servido com tubos quadrados. Não estava para qualquer um.
As ondas quebram em uma bancada rasa, em frente a uma costeira de pedras. O line up fica na cara do gol. Segundo Odirlei, desbravador do local, nenhum fotógrafo havia feito fotos dentro da água no secret. Tal fato me deixou apreensivo devido à proximidade das ondas com as pedras.
As ondas são extremamente cavadas, potentes e quebram com no máximo 1 metro de profundidade. No início fiquei tenso, mas aos poucos me soltei e consegui registrar momentos interessantes.
Algumas séries vinham servidas, outras um pouco menores. Muitas ondas fechavam. As que abriam eram sempre tubulares. Foi incrível saber que nos outros picos da cidade o número de cabeças na água era enorme e naquele pico estávamos apenas eu e Odirlei.
No dia seguinte, depois de rodar para fazer o Waveschek, trabalho que realizo diariamente, notei que o mar ainda apresentava bastante onda e o swell de Leste continuava firme.
Liguei para o Odirlei e para o Cristiano Rosário. Assim que o Ricardo Gomes, meu vizinho, soube que iríamos para o point ficou pilhado. Eu havia lhe mostrado as fotos do dia anterior.
Seguimos para o local na hora da maré seca. A idéia era encontrar ondas ainda mais cavadas. Ao chegar no pico, notamos que as séries estavam maiores que no dia anterior. Infelizmente, o mar picado prejudicava a formação. Mesmo assim, ondas quadradas quebravam sem parar.
Caímos no mar com séries de até 1,5 metros. Numa delas, o Cristiano remou forte, tentou dropar atrasado e acabou arremessado pelo lip. Sua cordinha estourou e sua prancha foi direto para a costeira. Graças a Deus, nada aconteceu e ele voltou para outside inteiro.
Na hora de sair do mar, mais um susto. A maré estava cheia e teríamos que escalar as pedras. A pequena faixa de areia que aparece na maré seca havia desaparecido.
Como já tinha ido ao pico no dia anterior, direcionei o Ricardo pelo caminho que julguei mais seguro. Saí da água com alguma dificuldade. O pé de pato atrapalha bastante.
Quando Ricardo foi sair, veio uma série e o arremessou na costeira. Sua prancha acabou detonada e ele levemente ferido. Tudo não passou de um grande susto.
No final, o saldo foi positivo. Surfamos um pico deserto em dias de crowd total. O potencial do local é alto e assim que rolarem novas ondulações estaremos presentes.
Surfista, jornalista e fotógrafo, Renato Boulos é correspondente do Wavescheck em Ubatuba (SP). Para obter mais informações sobre seu trabalho, envie mensagem para redeboulos@uol.com.br.