Adriano de Souza

Líder absoluto

Adriano de Souza, Billabong Rio Pro 2014, Barra da Tijuca (RJ)

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Adriano de Souza disputa a quarta etapa da temporada bastante motivado. Foto: Bruno Lemos

Líder absoluto do ranking, Adriano de Souza chega embalado depois de uma brilhante temporada na Austrália, onde foi terceiro em Snapper Rocks, vice em Bells Beach e campeão em Margaret River.

Nono colocado no Rio de Janeiro em 2014, o brasileiro quer recuperar os excelentes desempenhos na Cidade Maravilhosa. Na Barra da Tijuca, Adriano já levantou a taça em 2011 e foi vice em 2013, perdendo para o sul-africano Jordy Smith na finalíssima.

Em entrevista exclusiva ao Waves, o líder do tour fala sobre o show na Austrália e a expectativa para a etapa no Rio de Janeiro.

Faltam poucos dias para o início do Oi Rio Pro 2015, etapa brasileira do Championship Tour.

Você lutou muito para conseguir um grande resultado em Margaret, mesmo quando a etapa era válida apenas pelo QS. Por que ela mexia tanto contigo?

A etapa em Margaret é bem complicada, principalmente no Main Break, porque pode quebrar de 2 a 15 pés, e é uma onda difícil de ser surfada. Ela exige bastante conhecimento e sempre que fui pra lá eu queria me dar bem, pois mexe bastante com o ego do surfista e um bom resultado lá e te dá confiança para o ano inteiro. Sempre foi um lugar que estava no meu objetivo e graças a Deus em 2015 eu consegui a vitória.

Você não foi muito bem no round 4. O que aconteceu naquela bateria?

A bateria do round 4 o Taj surfou melhor, se posicionou melhor. Eu dei alguns vacilos, mas foi um aprendizado. Deixei o Taj ficar mais embaixo de mim e aí quando as ondas entravam ele se dava bem e eu não conseguia pegar, mesmo com a prioridade. Foi mais o conhecimento local que o Taj tem que fez a diferença ali. Julian também surfou bem e ficou em segundo, acabei ficando em terceiro.

Onde estava se sentindo mais à vontade e preferia competir? Em The Box ou no Main Break?

Estou muito mais acostumado à onda do Main Break do que The Box, mas nos últimos anos eu investi bastante lá. No ano passado, mesmo no free surf eu caí bastante lá pra sentir a onda. Também competi lá no ano passado, contra o Michel (Bourez), então foi um aprendizado enorme e este ano eu senti que o pessoal tava muito querendo fazer o campeonato só lá, e aí mais uma vez eu me dediquei bastante aos treinos para sentir o maior conforto possível. Fui bem nas baterias que competi lá e ganhei bastante confiança para o resto do campeonato.

A vitória contra Slater lhe deu confiança para surfar no Main Break?

A bateria contra Kelly foi extremamente difícil, como sempre. Consegui controlar bem a prioridade, consegui pegar as ondas boas e isso foi suficiente para que eu vencesse e seguisse no campeonato.

Em Porto Rico, mesmo quando o retrospecto era amplamente favorável a Slater, vocês tiveram um problema e ele chegou a dizer que a forma como você o olhava nas baterias lembrava Andy Irons. Dali em diante, a situação se inverteu e você passou a dominar os confrontos. Acha que o fator psicológico tem influenciado nas baterias com ele e também contra outros adversários como Taj e Josh Kerr? Essa é uma das suas armas?

O Kelly sempre tem um poder, ou de levantar o atleta ou de derrubar, inclusive ele há uns dois ou três anos tentou exatamente isso, me derrubar com as suas táticas, demonstrando para o mundo que ele era o coitado, mas ele é muito esperto, é um competidor muito nato, um competidor muito agressivo, e quando ele quer uma coisa ele vai conseguir. Acho que uma grande diferença que tenho é de não desistir de superar nenhum obstáculo, e foi aí que ele sentiu que eu poderia ser uma grande ameaça para ele nos campeonatos. Em Porto Rico (2010) ele surfou de forma incrível, ganhou as duas baterias para mim, mas a partir dali eu ganhei mais força e venci a maioria dos confrontos.

Você acha que foi injustiçado na final em Bells? Revendo as ondas, acha que faltou algum detalhe pra vencer ou voce fez o que podia e a decisão ficou nas mãos dos juízes?

Não achei que fui injustiçado em Bells. Os juízes mandaram muito bem não só na final, como no campeonato inteiro. É exatamente em baterias como essa que eu cresço, me fortaleço, e graças a Deus fiz uma boa temporada na Austrália.

Tivemos a presença de brasileiros nas quatro últimas finais do tour. Foram duas vitórias incontestáveis e duas derrotas polêmicas (Medina em Pipe e você em Bells). Como tem sido a reação dos atletas e mídia estrangeira a esse momento incrível dos brasileiros? Sente algum incômodo ou finalmente eles deram o braço a torcer e reconhecem a nossa força?

Não sinto nenhum desconforto ou algo do tipo em relação à galera que está mandando bem nos campeonatos. É uma fase que há muito tempo eu gostaria de ver. Assim como no ano passado, a molecada está arrebentando e fico feliz por fazer parte dessa geração que está se destacando pelo mundo. Espero conquistar o meu maior sonho em breve.

Você já está acostumado à pressão da torcida brasileira. Já fez finais com praia da Vila e da Barra lotada, inclusive já saiu vitorioso. Pelo momento que o surf brasileiro atravessa, devemos ter um público nunca visto antes no Brasil. Como está a sua expectativa para isso? Vai ser difícil andar pelas ruas desta vez, hein?

No Brasil há sempre uma pressão, mas sempre tento usar o lado bom, que é a energia da galera torcendo, vibrando na areia da praia. É um campeonato em que a gente tem que se fortalecer, pois somos bem acostumados às condições e é uma grande vantagem que nós temos. Tento usar essas boas coisas a meu favor e espero fazer um grande campeonato neste ano de 2015 para dar continuidade ao desempenho que venho tendo desde a Austrália.

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