Desde 2002, o fotógrafo e surfista Motaury Porto escreve na coluna Muitas Águas do Waves, relatando histórias bem-humoradas e descontraídas que teve na vida com o surf. Aos 50 anos, o paulistano resolveu publicar a edição impressa do seu livro “Muitas Águas”, que será lançado nesta quarta-feira (1/10) na Star Point de Moema, em São Paulo, a partir da 18 horas. O evento é aberto para o público.
Durante sua trajetória no site, Motaury recebeu pedidos de internautas para que publicasse suas histórias num livro, e assim surgiu a ideia para que o colunista botasse a mão na massa e produzisse de maneira independente sua publicação. Ele comenta sua relação com as colunas que escreve. “Acredito que todos têm suas histórias. Cada um com sua própria visão de mundo. Assim, ao dividir isto, aprendemos uns com os outros.”
Colaborador da Revista Fluir desde a primeira edição, em 83, o fotógrafo registrou suas experiências como fotógrafo e emplacou algumas capas, o que lhe concedeu experiência e renome no mundo do surf. Realizou inúmeras viagens na carreira, pelas Américas do Sul, Central, Hawaii, e alguns picos pioneiros como Ilhas Galápagos e Colômbia, que lhe serviram como fonte de inspiração para os textos. Atualmente, ele vive em Florianópolis (SC), mas também aparece em Imbituba para pegar umas ondas.
Os 57 textos que estão no livro são histórias curtas que não tem uma sequência, são memórias das aventuras do surfista. Dentre elas, Motaury destaca a que lhe rendeu sua primeira coluna no Waves. “Escrevi o texto Surf na terra de Fidel Castro, sobre uma trip que fiz em 87 em Cuba. Os americanos eram proibidos de entrar lá. Fui com outro fotógrafo e levei equipamento, mas estranharam a gente no aeroporto e nos mandaram embora. Só que o próximo voo seria só no dia seguinte, e, nesse meio tempo, ficamos presos no aeroporto. Convenci o homem do governo que acompanhava a gente a nos deixar ficar algumas horas no país, e ele nos disse que se não voltássemos poderíamos ficar presos pra sempre por lá! Então fui liberado e pude ver umas marolinhas cubanas. Atualmente, Cuba já tem uma comunidade do surf.”
INOVAÇÃO
Na década de 90, Motaury Porto Filho foi o primeiro fotógrafo brasileiro a utilizar no mar o equipamento de câmera on-board, fato marcante que lhe rendeu uma capa na Fluir. “Me pediram pra fazer algo diferente pra uma edição comemorativa só de fotos, então desenvolvi a câmera on-board que pesava 3 quilos, encaixei na prancha e testei na praia do Campeche, em Floripa, que rendeu uma sequência super legal.”
O fotógrafo comenta que, atualmente, a acessibilidade que se tem para visitar o mundo acaba não trazendo tanta novidade em relação ao material fotográfico novo, mas que naqueles tempos a novidade era demais. “Sempre gostei de procurar lugares exóticos, fugir do roteiro tradicional pra ter um gancho diferente na matéria”, relata.
Quanto à sua relação com o surf, Motaury diz: “Sempre gosto de citar a frase do fotógrafo Wayne Lynch, ‘Muitos não percebem que o grande barato do surf é compartilhar’, seja um churrasco, uma pescaria, uma sessão, um dia de flat, amizade é o mais gostoso da nossa tribo, ter esse link com as pessoas é o meu maior prêmio.”
O livro “Muitas Águas” de Motaury Porto Filho também está disponível como e-book, na Saraiva.
