Espêice Fia

Luz, câmera, improvisação

Fábio Gouveia, Florianópolis (SC)

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Certo dia, saí em busca de mastros quebrados de windsurf para fazer um remo de stand up. Meu filho Igor conseguiu um com o pai de um amigo. A falta de tempo ainda não me permitiu fazer este reaproveitamento. 

 

Neste tempo descobri outra utilidade para o objeto. Com cerca de 3 metros, o mastro virou haste para a GoPro do Ian. Recém-chegado depois de três meses no Hawaii e um QS na Austrália, Ian tirou o mês de descanso em casa. 

 

Com os amigos e o irmão, ele relaxa da correria das viagens, mas a busca por imagens é uma constante. Para tanto, nada melhor que estes novos brinquedos, como sua GoPro 3, para incentivar a criatividade. A máquina vai em qualquer lugar, seja presa à prancha, capacete, boca, mão ou em um varão de 3 metros.

 

O engraçado é observar que ângulos diferentes geram sempre curiosidade. No caso deste último, amigos dos moleques começaram a elogiar, via mídias sociais, as imagens de helicóptero de controle remoto . Esse já é um artefato usado há algum tempo e a cada ano a escala cresce mais. Daqui a pouco vai ter crowd de mini-aeronaves em cima de picos do Hawaii, por exemplo. Duvida? Eu não. 

 

O fato é que o mastro de wind gravou cenas diferentes, no mesmo ângulo dos brinquedo de controle. Com um improviso feito com pedaços de antiderrapante e silvertape, Ian adaptou uma peça para segurar a câmera com a boca e fazer imagens no tubo.  As imagens me lembraram ligeiramente o filme Second Thoughts, onde nego apronta de tudo. 

 

Foram dois dias de surf com a câmera na boca, ora nos tubos, ora registrando alguns surfistas por trás das ondas, como um belo tubo de Alex Chacon. Por alguns momentos também peguei o brinquedo e, quando entubei, virei o rosto por uma fração de segundos. 

 

A imagem ficou legal, mas a vaca também foi grande. As brincadeiras de gravar imagens exigem pequenos cuidados. Não usei o artifício, mas Ian amarrou um cadarço de tênis na câmera que dava a volta no pescoço. Já Gustavo Schlickmann não teve a mesma sorte quando jogou sua Go Pro 2 metros à sua frente pra tentar acelerar a remada e pegá-la adiante. 

 

Ela estava com a boia própria para GoPros, mas há algum tempo ele mordia o acessório para segurar a câmera e, aos poucos, ela descolou e afundou. Foi tudo muito rápido. Uma galera mergulhou no exato momento para fazer uma varredura, mas a câmera não foi achada. 

 

Gustavo estava muito chateado e passou cerca de duas horas no inside para ler a correnteza para achar seu equipamento. Tentamos reanimá-lo para o surf, mas com certeza a lembrança do episódio batia mais forte. 

 

Já perdi 3 câmeras nesta brincadeira. Uma oxidou e as outras duas se afogaram. Mas a exclusividade não é só nossa, pois quase sempre escutamos histórias de neguinho que perdeu sua câmera, ora por vacilo, ora pelo destino mesmo. 

 

 

Foto de capa Fábio Gouveia

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