O capixaba Magno Oliveira (foto) foi um dos destaques do inverno havaiano. Confira o relato de Maguinho sobre a temporada e seus planos de vida. Maguinho foi entrevistado pela revista Ride it!, matéria que reproduzimos aqui para o internauta do WavesBB.
Recém chegado da segunda temporada havaiana, nos conta segredos da sua vida no paraíso do Pacífico, as aventuras que viveu por lá e as dificuldades superadas. Magno Oliveira é um exemplo de determinação, força de vontade e amor ao esporte. Vamos conhececer um pouco mais desse herói brasileiro.
Qual foi o encantamento que te fez largar tudo no Brasil, família, namorada e se jogar nessa aventura havaiana?
O capixaba Maguinho ficou três meses no Hawaii. Foto: Ride it!. |
O Hawaii sempre foi meu maior sonho, desde cedo, comentava com os amigos que esse era um objetivo de vida e que seria cumprido de qualquer maneira. Após alguns anos dedicados ao vestibular de Oceanografia, e mais tarde, Engenharia Ambiental, resolvi batalhar a missão Hawaii e ver qual era a da minha vida. Tudo isso, aos 19 anos.
Optar pelos estudos ou pelo esporte. Fiz um empréstimo no banco, agitei passaporte e visto e embarquei para minha primeira temporada. No Hawaii, pude decidir o que realmente queria. Optei pelo bodyboard e fiz essa trip de sonho. Foram três meses de muito aprendizado, conhecimento e transformei o Hawaii numa
Maguinho entuba profundo em Pipe, Hawaii. Foto: Ride it!. |
Trouxe na bagagem, produtos para revender, isso garantiria a segunda temporada. O bodyboard me proporcionou liberdade logo cedo. Mesmo sendo muito ligado á minha família, estou acostumado a viajar para as competições e ficar um tempo fora de casa. No Hawaii é tudo mais intenso, por isso a saudade é maior. Mas quando se tem objetivos, tem que haver algum sacrifício.
Quais foram os fatos mais marcantes dessa segunda temporada?
Magno de Oliveira pede carona no Hawaii. Foto: Ride it!. |
Depois de janeiro, a quantidade de pessoas que deixavam a ilha era impressionante e sobrava mais onda para nós, que ainda estávamos por lá. Eu já me sentia familiarizado e tranquilo no pico. E nesse ritmo fomos aprimorando a tecnica e posicionamento durante a temporada,
Magno de Oliveira encara Pipeline em 2004. Foto: Barrells Board. |
No dia 18 de abril, um dia mágico, o ultimo dia de Pelé (Anderson de Souza) na ilha, e Pipeline quebrou com oito pés e terral, mais uma vez presenteando os meninos. Esse dia foi documentado e estará presente nas cenas de dois filmes a serem lançados no Brasil: Elite Freefly e Sobbreviver.
Depois compramos um carro, o que facilitou nossa vida. Dessa maneira caíamos em todos os picos e curtimos muito mais as paradisíacas praias e visuais da ilha. Conheci então, aqueles que se tornariam minha família por lá, os nativos de Tonga, ilha do sul do Pacífico. Pessoas que nos ensinaram como viver na simplicidade, na paz e como compartilhar o que se tem, mesmo quando se tem pouco. Acabei morando com eles até o final da temporada. Uma cultura impressionante dos polinésios, que lembra muito a dos verdadeiros nativos havaianos, hoje, quase extintos.
Como era a relação entre os locais e os brasileiros no North Shore?
Fiquei morando em Kahuku, cidade vizinha ao North Shore. Nessa segunda temporada minha presença no North Shore era basicamente dentro da água. E no Hawaii, a água não é um bom lugar para se fazer amizades. É cada um por sí. Mas não podemos esquecer das amizades formadas desde a primeira temporada: Soneca, Duda, Miro, Bruno Lemos, Ilan, Anderson, a galera do “Taste of Paradise”, todos os guerreiros.
Os locais não gostam muito de brasileiros, é difícil ter uma relação legal com eles. Só não se pode deixar que eles cresçam para cima da gente. O respeito tem que ser mútuo e crescente com o passar do tempo. Fiz amizades com pessoas especiais que moram na ilha, com quem trabalhei ou morei e que transmitem o verdadeiro espírito aloha.
E as curiosidades da temporada? Quais as cenas mais marcantes?
As reuniões em nossa casa foram bem marcantes, era quando a galera descontraía depois de um dia de trampo pesado. A gente se reunia para a cerimônia da Kava, uma bebida extraída da raiz de uma planta nativa, tipíca da cultura polinésia. Os tongas acreditam ter um efeito medicinal e terapêutico.
Dois shows marcaram a temporada: Steel Pulse e Jack Johnson. Os eventoas rolaram numa arena no centro de Waikiki, a céu aberto. Na luz de uma lua cheia animal e cercado de amigos.
A natureza no Hawaii é explendida! Vi um balé das baleias bem próximo da praia, um pôr do sol mais lindo que o outro, principalmente em Sunset. Arco-íris fantásticos, shows que reuniam toda a cultura polinésia no Polynesian Cultural Center e danças com os povos representando suas nações, também valeram a pena conhecer.
Quem mais te impressionou nas ondas?
Com certeza Guilherme Tâmega. Na primeira temporada não vi ele cair em Pipeline. Dessa vez, meu tempo na ilha coincidiu com o dele e pude ve-lo em quase todos os mares. Cada vez impressionava mais. Lembro de um dia em que fui na casa de um havaiano ver umas fotos e mostrar minhas filmagens. Entre uma onda e outra, passava alguma do GT e ele falava: ?This guy is unreal!?. Isso me dava muito orgulho de ser brasileiro. A tranquilidade de Mike Stewart sempre impressiona e os australianos Ryan Hardy e Ben Player também é irado de se ver.
Como foi para você sobreviver por seis meses no Hawaii?
Não diria sobreviver, diria viver. O Hawaii é hoje, a minha segunda casa, um lugar onde quero estar todo ano. Lá, se você deseja e quer mesmo, consegue. As portas parecem estar mais abertas, parece não existir barreiras para a realização de seus objetivos.
Acho que por estar sempre ocupado, trabalhando ou pegando onda, o tempo fluiu e as coisas aconteceram na hora certa.
A saudade é muito forte. Mas hoje tenho também uma família no Hawaii, o que me ajuda a preencher esse espaço importante. Me faz render bem mais no dia a dia. As ondas que peguei em dias épicos, lapidando meu estilo e fui ganhando mais confiança nos picos. Ou mesmo no trabalho, durante 10 horas seguidas, construindo muros de pedra. Meu físico mudou em função dessa temporada e me sinto preparado para testar limites cada vez maiores.
Quais seus objetivos para próxima temporada?
Na temporada 2006, pretendo chegar mais cedo, talvez em novembro. Quero aumentar a família, os amigos que me acompanham. O ambiente vai ficar cada vez mais agradável. Tem dois amigos que começaram a pegar onda comigo e vão encarar o Hawaii esse ano: Lennon Araújo e Tiago Freire.
Nessa temporada, quero extrapolar ainda mais na linha de onda, desafiar os limites e vencer o medo. Quero também mais tempo pra pegar onda que trabalhar. Quero realizar meu sonho, competir em Pipeline com reais condições de chegar junto.
Ter a oportunidade de estar mais dentro da água, treinar mais. Será uma preparação para acompanhar o circuito Mundial, minha meta principal. Quero muito competir o Shark Island Challenge em 2006.
Mande uma mensagem para os internautas e seus admiradores.
Tem uma frase, escrita na minha prancha quando estava no Hawaii, que significa muito para mim: Keep your heart and your mind in the right direction and you will not have to worry about your feet. Traduzindo: Mantenha seu coração e sua mente na direção certa e não terá que se preocupar com seus pés.
Agradeço a Deus por todas as bençãos na minha vida, minha família e meus amigos, meu maior tesouro. Aloha, Mahalo!