Eduardo Maia conquistou tricampeonato do metropolitano de São Paulo ao vencer o Confronto Final do SP Contest, encerrado no dia 20 de dezembro em um mar com ondas 2 metros na praia do Tombo, Guarujá (SP).
O surfista já havia vencido em 2009 e 2010 e igualou o feito de João Carlos Chaves, que venceu a competição por três anos seguidos, 2002, 2003 e 2004.
Morador do bairro paulistano da Freguesia do Ó, Eduardo concedeu uma entrevista na qual fala sobre conquistas, trajetória, qualidade do campeonato, dos oponentes e seus planos para 2012.
Qual o sentimento de conquistar o título de campeão metropolitano por três anos seguidos?
Quando comecei a disputar este circuito, em 2007, sempre admirei o feito do João Carlos Chaves. Sempre imaginei que poderia conseguir, mas sabia que seria bem dificíl. Conseguir realizar o mesmo feito, em um circuito tão disputado, é uma honra indescritível.
Qual a importância desta conquista?
Não sou surfista profissional, mas amo o surf demais. Esta conquista é uma realização pessoal na minha vida. É engraçado como o mundo da voltas e para no mesmo lugar. Já estive certo que nunca mais surfaria, muito menos em competições. Deus me deu a oportunidade de voltar a surfar e a competir e, o que é melhor, apreciar o surf muito mais do que antes. Hoje não tenho pressão nos campeonatos, pois só preciso provar para mim mesmo que consigo.
Quais foram suas maiores dificuldades na temporada para chegar ao tricampeonato?
Terminei um relacionamento com uma pessoa que eu amava muito. Confesso que isso abalou meu psicológico. Fiquei meio sem rumo! Nada fazia muito sentido. Isso afetou diretamente meus resultados durante um tempo. Eu estava nos campeonatos, mas com a cabeça em outro lugar. Antes da penúltima etapa, olhei o ranking da SP Trials Open e vi que ainda tinha chances matemáticas de título. Ganhei a etapa eterminei em segundo no ranking da SP Trials e me classifiquei para o Confronto Final.
Ter conquistado o título em condições extremas, com ondas superiores a 2 metros, dá uma sensação maior de vitória?
Sem dúvida. Aquela final teve um sabor especial pra mim. Varar a arrebentação estava muito difícil, pois as séries não paravam de quebrar. Toda vez que sentia cansaço e vontade de desistir, pensava na possibilidade de ser tricampeão e remava com toda força. Essa vontade foi meu combustível nos momentos mais complicados.
Você imaginava um dia que poderia alcançar o que obteve no surf?
Sinceramente, não! Foi tudo muito despretensioso. Meus amigos começaram a me pilhar, dizendo para eu competir, que eu ganharia campeonatos. Achava que era ilusão e que não ganharia nada.
Você sempre diz que vai para as etapas com a intenção de se divertir. Até que ponto isso é verdade?
É uma maneira de descarregar a pressão. Eu surfo melhor sem pressão. Por incrível que pareça, gosto de criar um cenário desfavorável. Isso faz com que eu tente sempre me superar. Todas as vezes que me senti favorito, não fui bem.
Como você analisa a décima temporada do SP Contest?
O campeonato sempre foi diferenciado de todos os demais circuitos amadores. A Town & Country e a Tent Beach estão de parabéns por abraçarem o surf paulistano. Foram diversos fatores que tornaram a décima temporada em um sucesso, entre elas, ressalto o clima de amizade que rola na areia. Ver que as pessoas ficam felizes com sua vitória a torna ainda mais especial.
Como você analisa o nível técnico apresentado pelos competidores este ano?
Ver o quanto a galera evoluiu nos últimos anos me deixa mais convencido de que competição aumenta o nível da galera. Estou realmente impressionado com o desempenho dos atletas. Especialmente pelo surf radical do Rafael Spitaletti, que entrou para puxar o nível técnico da galera, como também pela evolução do campeão Júnior, Bruno Romano. O moleque está quebrando e tem muito futuro na Open.
Gostou da viagem ao Peru oferecida pela Nivana aos campeões?
Quero aproveitar muito e surfar de seis a oito horas por dia. Estou com muita saudade daquelas ondas e, agora que terei a oportunidade de voltar, vou aproveitar ao máximo o surf com os amigos.
Quais são seus planos e objetivos para a temporada 2012?
Além da viajem ao Peru, quero ir para o México ou Indonésia no segundo semestre. Pretendo também disputar uma etapa do paulista profissional e quero me tornar tetracampeão do SP Contest.