Taiu Bueno

Mais que superação

Taiu Bueno, Backdoor, Hawaii

Taiu Bueno exibe cateoria no Backdoor clássico. Foto: Arquivo Pessoal.

Não é exagero afirmar que Taiu Bueno, ao lado de Renan Rocha, é o melhor surfista da cidade de São Paulo de todos os tempos. Mesmo morando longe das ondas, ele conseguiu notoriedade mundial no esporte, principalmente quando o assunto é desempenho em ondas grandes. 

 

A maior façanha da sua carreira foi o título brasileiro profissional, único alcançado por um paulistano em toda a história do esporte. Isso ocorreu em 1984, em um mar clássico e gigante que quebrou na lendária praia de Itamambuca, Ubatuba (SP). 

 

Seu sétimo lugar no Pro Class Trials, realizado em 1983, na praia de Sunset, Hawaii, sua vitória na etapa de Ubatuba do Circuito Paulista Profissional e os bons resultados nos dez anos que competiu o Circuito Mundial da ASP (Association of Surfing Professionals), só enriqueceram seu currículo. 

 

O atleta também figurou durante anos entre os top 16 no ranking da Abrasp (Associação Brasileira de Surf Profissional).

 

Apesar de amar competir, foi no free surf que ele alcançou o maior respeito e admiração, não só dos demais surfistas como da mídia nacional e internacional. Exibiu seu talento ao domar onda gigantes em lugares como Estados Unidos, Austrália, África do Sul, Inglaterra, França, Espanha, Japão, Hong Kong, Singapura, Peru e Indonésia. 

 

“O que eu gosto mesmo é das morras, as grandes mesmo”, conta o legend.

 

Hoje, mais de 20 anos depois do acidente na praia de Paúba, litoral norte de São Paulo, que tirou seu movimento motor do ombro para baixo, ele ainda vive e respira surf. Até hoje ele não deixou de fazer o que mais ama e depois de muitos estudos e pesquisas, desenvolveu com alguns amigos, uma prancha adaptável para sentir novamente o prazer de deslizar sobre as ondas. Em 2010, ele se tornou o primeiro surfista tetraplégico a surfar ondas com mais de 1 metro.

 

Depois do acidente, não demorou para Taiu Bueno começar a sair, passear e viajar acompanhado dos muitos amigos que conquistou. Contudo, faltava a inserção profissional. Essa profissão não podia ser outra, se não ligada ao surf. Em pouco tempo, o Taiu passou a escrever como colunista de portais e revistas especializados e comentar nas transmissões dos principais campeonatos de surf e em emissoras de TV.

 

Outros projetos vieram, o mais dignificante foi o lançamento do livro Alma Guerreira, em 1999. Um relato emocionante de quem subiu, caiu, se machucou e exibiu todo o seu poder de superação. O engajamento em questões sociopolíticas veio quando se tornou fundador e presidente da Surfistas Marchando para Frente (SMF). O movimento que virou ONG em 2010, tem como objetivo unir, dentro e fora da água, os surfistas brasileiros.

 

Agora, Taiu Bueno se dedica a ser um instrumento na luta por questões relevantes para todos que trabalham em favor do esporte e acessibilidade e tudo que envolve estes dois substantivos. Surf, skate, lutas marciais, música, cultura, esportes e paradesportes, acessibilidade e mobilidade urbana para portadores de deficiência física estão entre suas bandeiras de vida.

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