Eduardo Ledoux

Mãos ao bloco no Hawaii

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Há cinco anos, o oceanógrafo paranaense Eduardo Ledoux, 28, foi trabalhar como shaper no North Shore de Oahu, Hawaii.


Local de Curitiba (PR), ele possui mais de dez anos de experiência na sala de shape e hoje fabrica pranchas para brasileiros que moram ou visitam o arquipélago.

 

Mas Ledoux encontra dificuldades por causa do concorrido mercado de pranchas no Hawaii. Na entrevista abaixo, ele  conta como é sua vida no North Shore e fala dos planos para o futuro na profissão. 

 

Como despertou o seu interesse em fazer pranchas?

 

Meu interesse em fazer pranchas começou há uns 10 anos em Pontal do Sul, litoral do Paraná. Na época eu fazia faculdade e consertava pranchas nas horas vagas.

Como foi o início da carreira?

 

Consegui montar uma oficina na minha casa e tudo evoluiu. Mas quem me ensinou a shapear foi Luis Carlos Santine, o “Cata”, lá de Pontal, infelizmente assassinado há alguns anos. Também fiz alguns cursos e agora estou levando meus modelos para o computador, outra grande ferramenta.
 
Qual a fase mais difícil na vida de um shaper?

Acredito que seja o começo, quando aquilo que você imagina nem sempre sai no bloco e as pessoas ainda não acreditam no seu trabalho. Mas depois, com dedicação e trabalho, você aprende e evolui.
 
Que tipo de pessoas têm feito pranchas com você?

Todos os tipos de pessoas. Faço muitas pranchas para amigos brasileiros aqui no Hawaii e sempre tem uma encomenda de alguém que você não conhece.

 

Estes tempos meu mecânico trocou um serviço no meu carro por um longboard. E tem os atletas brasileiros que treinam forte aqui e me ajudam no “feedback” das pranchas como Ricardo Azevedo, Diego Santos, Bruno Pena, entre outros.
 
Qual tipo de prancha é sua especialidade?

No Hawaii você amplia os seus horizontes e começa a conhecer outros tipos de shape, para os mais diversos tipos de onda, como waimea guns, pranchas de tow in, kitesurf, sup, retrô, fish, quads e por aí vai.

 

Aqui você testa muita coisa na prática, é bem legal. Eu trabalho com todos estes tipo de prancha e tenho estudado muito o design de pranchas menores e com o outline mais largo (5’5’’ x 19 x 1/4). Elas ajudam muito nas marolas e nos aéreos. É diversão e high performance garantida, uma nova tendência mundial.


Como é sua vida aqui no North Shore?

A vida aqui não foi fácil no começo. Mas depois você conhece as pessoas, a língua, os picos de surf e tudo melhora. Eu trabalho quase todos os dias e tento estar na água diariamente, que é fundamental.

 

Aprendi a fazer kitesurf e tow in com meu patrão. Isso foi muito importante para mim, porque me supriu a necessidade de estar na água em dias flat de verão.

 

Aqui você tem a opção de levar uma vida saudável e com muito esporte, mas sempre com muita saudade do Brasil.
 
Como você descreve o mercado de pranchas no Hawaii?

O mercado aqui é muito difícil para um shaper que não esteja no topo, porque a oferta de pranchas é muito grande. Há muito fabricante, muitas pranchas que vem da China baratas, além das que vêm com os competidores. A população da ilha também é relativamente pequena. É muito difícil fazer dinheiro com pranchas por aqui.

 

Quais os seus objetivos para o futuro?

Eu quero começar a trabalhar mais com meus designs no computador, que é bem interessante. E como todo ano passo alguns meses no Brasil, quero continuar um trabalho que eu já fazia há alguns anos com a molecada de competição.

Quero fazer minha base em São Francisco do Sul (SC), um lugar que amo muito e sempre tem onda para treinar.
 
O que poderia dizer para aqueles que gostariam de um dia ser shapers?

Tem que gostar muito, porque é difícil, cansativo, nunca vai te deixar rico, além de ser tóxico. Mas, se tem algo que você realmente quer, tem que acreditar. O ideal é você fazer um curso ou ir conhecer o trabalho de um shaper de perto para ver se é isso que você quer.

É um mundo muito fascinante. Depois que você vê a sua prancha na água, as satisfações e reclamações da galera, a sua própria evolução. É muito gratificante.

Gostaria de mandar algum recado?

 

Queria agradecer minha família e meus amigos, que me ajudaram em todo este caminho. Meu brother Lydio que me trouxe para cá, aos shapers Edu Picollo, Matheus Camargo e Hugo Invertt, os laminadores da Pupukea Amauri e o Horacio Seixas.

Também agradeço ao Waves, que deixa todo mundo conectado no mundo do surf. Muita paz e boas ondas para todos!
 
Para obter mais informações sobre o trabalho de Eduardo Ledoux, envie mensagem para [email protected] ou entre em contato pelo telefone (0xx47) 9124-5590.