Conheci o artista Marcelo Macedo em uma viagem ao Rio em 2009, por acaso, em uma loja-galeria localizada em Ipanema.
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Este ano, morando na capital carioca, voltei a encontrá-lo. Desta vez fui ao seu encontro, bem como um time de jovens expoentes da arte brasileira e admiradores que estiveram no Leblon para prestigiar a exposição “Fôlego”, em conjunto com o fotógrafo Demian Jacob.
A galeria estava cheia, daquelas barulhentas com gente de olhos sorridentes, cuja expressão é de felicidade ao contemplar!
Qual minha surpresa ao entrar e ver uma “obra roupa-de-borracha”! Acho que isso é inédito! Repleta de escamas, fruto da reflexão do artista sobre a palavra “carioca”.
Dizem esta ser a maneira como os índios locais chamavam os portugueses. Akari quer dizer peixe cascudo, visão que tinham da armadura vestida pelos colonizadores, oca = casa. “A casa do Cascudo”, e seu antigo long john fora revestido com escamas de… madeira!
Vejo na arte de Marcelo um grande diferencial, que é seu trabalho com madeira. Muito atual, pois ele presta atenção por onde passa, recolhe, separa e reaproveita! O resultado visual é surpreendente, de um acabamento refinado!
Formado em desenho industrial, a marcenaria surgiu em sua vida quando desenvolveu uma marca com um amigo. “Como era caro contratar um arquiteto, as primeiras lojas tive que fazer tudo na mão mesmo, reaproveitando materiais”, me conta Marcelo.
Teve loja no Leblon e até em Pacific Beach, San Diego, Califórnia (EUA), pois a marca cresceu. A parte administrativa o consumiu muito e ele acabou vendendo sua parte na sociedade para se dedicar às artes. Agora em 2011, aos 28 anos, dono de uma arte brasileiríssima, litorânea, expôs no Rio de Janeiro, Nova Iorque, Munique e Berlim.
Bacana saber que ele começou a surfar com 13 anos e seu primeiro dinheiro fruto de seus desenhos foi pintando shapes dos amigos, tanto de surf quanto de skate. Me diverti ao saber que seu primeiro desenho numa prancha foi com giz-de-cera e verniz, pois assim foi o meu também! Pintou com gauche, só depois conheceu a posca, então veio o spray, vulgo ‘jet’ e nunca se interessou em pintar com air brush.
Daí veio as ruas e seu grafite, espalhando peixes pela cidade, que depois viraram camisetas, que viraram telas, que viraram esculturas, que viram poesia..,
Pesquisando surf art, gosto de perguntar umas mesmas questões para escutar diferentes respostas de artistas variados. Curiosa, pergunto-lhe: “E para você, o que é a Surf Art?”.
Marcelo me diz que sua referência está na Califórnia “pois é onde surgiram os boards, ou pelo menos onde essa cultura fomentou. É muito forte lá. Você vê uma vó, uma mãe surfando. A parte visual tem forte influência street pois quem anda de skate, também surfa e anda de snow. Acho que vem total da Califa. Lá eles exportam essa comunicação visual pro resto do mundo. Isso me atingiu. Os VHS que vieram pra cá, por exemplo, na extinta Revista 411”.
Marcelo Macedo é um desses artistas que facilmente perambula em ambientes de surf art como de arte contemporânea ou de street art, expressando uma personalidade marcante e um forte convívio com a praia, o mar e a natureza.
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