Arpoador Clássico

Masters pegam altas

Maxime Perelmuter OsklenSurfing Arpoador Clássico 16, Praia do Arpoador (RJ).

Mais uma vez o Arpex se vestiu a caráter para a realização do seu campeonato mais tradicional, o OsklenSurfing Arpoador Clássico 16.

 

Uma sólida ondulação de sul / sudeste atingiu o litoral carioca no último fim de semana de julho, proporcionando condições desafiadoras para os mais de 100 atletas participantes, que se dividiram entre as categorias Open (aberto), Grand Master (mínimo de 40 anos), Feminino Local, Legends Local (mínimo de 50 anos), e Tag Team.

No primeiro dia, sábado (30/8), a direção do swell mais inclinada a sul resultou em ondas mais rápidas e cavadas. Com séries na faixa dos 2 metros e séries maiores, as condições favoreceram os surfistas mais atirados, com destaque para o vencedor da triagem Open, o goofy Floriano Pinheiro, surfista de Niterói acostumado às condições pesadas de Itacoatiara, que fez duas notas acima de 8 pontos. Também se destacaram na Open Maxime Perelmuter, com o surfe no pé após retornar de uma temporada na Indonésia, e o surfista do Morro do Cantagalo Magno Neves Nem, que tirou a única nota 10 do dia com um tubo profundo seguido por boas batidas finalizando a onda (onda de abertura do vídeo do primeiro dia).

Na Grand Master o maior destaque ficou por conta do regular foot Marcelo Bôscoli, que se atirou nas maiores e usou a borda para fazer belos arcos. Em seguida, compondo os quatro primeiros, ficaram Mario Marinho, Fernando Xará e Betinho Dengue. As condições pesadas também resultaram em algumas contusões, casos dos surfistas Guilão e Gustavo Capanema, que por conta disso não voltaram para o segundo dia.

 

No segundo dia, domingo (31/8), o swell virou mais para sudeste, acertando melhor na bancada do Arpoador e proporcionando altas ondas até as finais. Logo na primeira bateria da Open, quem se deu bem foi um ex-campeão do Clássico, o surfista local Rafael Cury. Com dois tubos na mesma onda (onda de abertura do vídeo abaixo), Rafinha obteve a nota máxima logo na sua primeira descida, e ainda colocou mais duas notas excelentes na sua somatória (9,60 e 8,00), ficando com a maior média dentre todos os atletas participantes da 1ª fase (média das 4 melhores ondas obtidas nos dois dias). Os outros três classificados para a final Open foram Floriano Pinheiro, Maxime Perelmuter e Fabiano Passos, que ultrapassou o Magno Nem por apenas 2 centésimos.

Na Grand Master, o destaque do segundo round foi o surfista local João Paulo Veiga, que conseguiu colocar três notas boas no seu somatório para se classificar à final junto com Marcelo Bôscoli, Mario Marinho e Bruno Brocá.

 

As finais começaram com os veteranos da Legends Longboard, com destaque para Roberto Coelho, que foi o único a dropar uma lá de fora (atrás do Jacaré) e atacar a onda com uma bela rasgada cravando a borda. A nota 8 o colocou no topo do pódio, seguido por Gagoo (2º), Mauro Levy (3º) e Ricardo Sirotsky (4º). Com esta vitória, Coelho não pode mais ser alcançado no ranking e já é campeão antecipado da temporada 2016 do Arpoador.

 

Em seguida, vieram as meninas do ASC para a final feminina. A disputa foi equilibrada e a vantagem foi para Mari Taboada (1ª), que acabou pegando a melhor onda da bateria (6,37). Completaram o pódio Irene (2ª), Monika Takaki (3ª) e Ariane Mateik (4ª), que competiu grávida de 6 meses. Com esta vitória, Mari ultrapassa pela primeira vez no ano a Ariane e segue firme para conquistar o título da categoria. As únicas que ainda têm chances são Ariane (que devido à gravidez está praticamente fora) e Irene, que precisa vencer e torcer para Mari ficar em 3º lugar (ou pior) no último surf treino do ano.

 

Na final da Grand Master, João Paulo (1º) fez valer seu maior conhecimento do pico e pegou as melhores ondas da bateria, executando belas rasgadas para superar Marcelo Bôscoli (2º), que surfou muito o campeonato inteiro. Completaram o pódio Mario Marinho (3º) e Bruno Brocá (4º). No ranking atualizado, Bôscoli segue em primeiro seguido de perto por Marinho. Além destes, ainda tem boas chances de ficar com o título no fim do ano o campeão da primeira etapa de 2016, Léo Leite (11º nesta etapa), e Bruno Brocá, que já fez duas finais nesta temporada.

 

A final da Open foi para a água com o local Rafael Cury em vantagem sobre os demais componentes da bateria. No sistema de competição do ASC, os finalistas carregam consigo a média da 1ª fase, e a de Rafinha era a maior (8,60), seguido por Floriano Pinheiro (7,23), Maxime Perelmuter (6,80) e Fabiano Passos (6,46). Único surfista ‘forasteiro’ na final, Floriano Pinheiro (1º), em determinado momento, acabou ficando livre no pico para pegar a melhor onda da bateria, uma bela esquerda em que ele preencheu com quatro manobras fortes e bem definidas, pontuada na casa do excelente pelos juízes (9,17). Com esta onda, Floriano ultrapassou o Rafael Cury (2º), que estava administrando sua vantagem e não arriscou muito. Completaram o pódio Maxime Perelmuter (3º) e Fabiano Passos (4º). Com estes resultados, o vencedor da primeira etapa do ano, Pablo Becker (7º no Clássico), segue líder do ranking. Ainda ameaçam o bicampeonato de Pablo os surfistas Anderson Picachú (2º), que entrou em todas as etapas como trialista, Bruno Coutinho (3º) e Rafael Cury (5º), ambos com um resultado a menos.

 

Finalizando o campeonato com muita descontração, rolou uma disputa de equipes, a Tag Team, formadas por três homens e uma mulher. A equipe da Rocinha (São Conrado) ficou em quarto, perdendo para equipes locais. O time campeão, vencendo por larga margem os demais, foi composto por Gabriel Mureb, Jefferson China, Bernardo Bordovsky e Gabriela Pulcherio.

 

Alerta – Um momento de tensão foi quando um turista desavisado escorregou e caiu dentro da fenda do Pontão do Arpoador. Instrutor de surfe local e segurança da água do campeonato, Jean Carlos correu para socorrê-lo a tempo, antes que uma série grande atingisse a pedra com força. Alguns arranhões foram ferimentos leves diante da tragédia que poderia ter acontecido. Um alerta para as autoridades sobre a necessidade de se interditar alguns pontos da pedra durante as grandes ondulações.

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Salvamento no pontão durante o Arpoador Clássico 16. Foto: Ana Paula Vasconcelos.

 

Contrapartidas socioambientais – Aproveitando esta grande confraternização no berço do surfe brasileiro, o ASC promoveu mais uma ação de conscientização ambiental (a quarta do ano), o mutirão de limpeza do Arpoador, recolhendo micro lixo das areias da praia. Muitos atletas participaram, mas aquele que recolheu mais lixo foi o bodyboarder local Igor Dias Barbosa, que ganhou a camisa do campeonato como prêmio.

 

E além de oferecer inscrições de cortesia a atletas oriundos do complexo que engloba as favelas do Cantagalo e do Pavão-Pavãozinho, e investir no processo de capacitação do pessoal local (também das comunidades) para o trabalho em eventos esportivos, o ASC recolheu dos atletas inscritos no campeonato em torno de 100 kg de alimentos não perecíveis para serem doados na comunidade conhecida como ‘Vietnã’, uma das áreas mais necessitadas do morro do Cantagalo.

 

Próxima etapa – A próxima e última etapa de 2016 (ainda com status de tentativa, pois carece da entrada de um co-patrocinador) será o terceiro Surf Treino, em outubro.

Resultados finais

 

Open

1 Floriano Pinheiro

2 Rafael Cury

3 Maxime Perelmuter

4 Fabiano Passos

 

Grand Master

1 João Paulo Veiga

2 Marcelo Bôscoli

3 Mario Marinho

4 Bruno Brocá

 

Legends local

1 Roberto Coelho

2 Gagoo

3 Mauro Levy

4 Ricardo Sirotsky

 

Feminino local

1 Mari Taboada

2 Irene

3 Monika Takaki

4 Ariane Mateik

 

Tag Team

1 Gabriel Mureb, Jefferson China, Bernardo Bordovsky e Gabriela Pulcherio

2 Pablo Becker, Gabriel David, Anderson Picachú e Mari Taboada

3 Jean Carlos, Rafael Cury, Leo Leite e Irene

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