Surf Seco

Memórias de Bells

Rip Curl Pro 2007, Bells Beach, Austrália

Bells Beach, Austrália, é palco de uma das etapas mais tradicionais do WCT. Foto arquivo: ASP / Covered Images.

Se existe um pico que me recordo como um dos mais legais que já visitei, com certeza é Bells Beach, Austrália. O norte-americano Kelly Slater fica neste impasse de ir ou não ir não, apenas para saber se vai dar onda.

 

Quando não rola onda por lá, é uma lagoa imensa e aí sim é um saco, pois é preciso ir rumo ao Norte até Philip Island, que é bem longe. Fora que quando o swell está pequeno, a ilha não passa de um beach break normal.

 

Quando Bells não quebra, tem também a opção de Johaana, que fica mais ao Sul, e para chegar neste remoto e selvagem beach break, é uma jornada alucinante.

 

Depois de tantas idas a Bells, o Slater sabe que se der onda é show, e se não der é show de horror.

 

Sou da época que o Wayne Lynch era ídolo e pegava altas ondas nos filmes do Jack MacCoy em Johaana.

 

Numa das minhas idas a Bells, em 1990, quebrou Two Miles Bay, um pico com ondas gigantes. Na verdade não peguei esse mar, mas o Burle e o Eraldo foram malandros e conferiram o pico. Falaram que tinha ondas de até 15 pés.

 

Disputei baterias em Bells com altas ondas, principalmente em 1983 e 1985. Nas duas vezes fiquei hospedado num camping ao lado da Rip Curl. As manhãs frias e o canto dos pássaros daquele lugar cheio de árvores era muito roots.

 

Em 1983, o australiano regular-footer Joe Engle arrepiou e venceu a triagem e o campeonato. Na época que o Shaun Tomson ainda competia.

 

Depois do evento, Joe Engel disse em uma entrevista que uma gaivota o avisava da melhor onda da série e por isso ele se deu tão bem. Eu não sei exatamente o que ele ?usava? para ficar tão louco, só ouvi dizer anos depois que ele tinha pirado e estava surfando com a base trocada em algum lugar da Austrália.

 

Neste ano o Gary Elkerton, com apenas 17 anos de idade surfava numa velocidade acima do normal, ele era então o ?Kong?, apelido que depois ele quis se desfazer.

 

O ano da loucura na Austrália foi 1985. Tinha um brasileiro movimentando drogas por lá e que deixou a maioria que gostava daquilo bem alterada. Quem esteve por lá com certeza se lembra do ?Boneca?.

 

Foi um ano que também deu boas ondas na triagem e com ondas de até 8 pés, condições que eu sempre me dava bem e passava algumas fases, diferente de quando o mar estava com meio metro.

 

Talvez por isso que eu tenha boas recordações de Bells e Sunset Beach, Oahu, Hawaii. O lugar é muito lindo. De Geelong até Torquay, existem vários pastos com ovelhas. É frio, vazio e a cidade é pura vibe do surf.

 

Fiz um intercambio com o Tony Ray que morava lá com a sua família. Fiquei na casa dele e ele ficou em casa na época dos campeonatos Hang Loose no Guarujá (SP).
 
Este ano a previsão indica boas ondas para o final de semana. A história não pára de ser escrita e o Slater embalado pela vitória na Gold Coast ainda continua apavorando os australianos, que tiram o chapéu para o rei.

 

Eu não vou falar da performance dos brasileiros, porque,  cá entre nós, já encheu o saco este assunto.

Só desejo boa sorte a todos e que antes de tudo, se lembrem que eles estão num lugar de sonho, histórico pelo passado e que tem milhares de espectadores online na torcida.

 

Aloha!

 

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