O paulista Adriano de Souza, 24, é o primeiro brasileiro a liderar o ranking mundial na história do ASP World Tour.
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O feito inédito foi conseguido nesta sexta-feira com vitória no Billabong Rio Pro, que fez a Barra da Tijuca parecer um estádio de futebol com a vibração da torcida que compareceu em massa ao último dia da etapa brasileira do Tour no Rio de Janeiro.
A final foi contra o australiano Taj Burrow, 32, que já tinha três vitórias no Brasil, com a primeira da sua carreira sendo conquistada nas mesmas ondas da Barra da Tijuca em 1999.
Sobre os gritos de “Mineiro, Mineiro, Mineiro” do enorme público, chorando de emoção, depois de abraçar o seu técnico e manager desde o início da carreira, Luis Henrique Campos, mais conhecido como Pinga, Adriano de Souza soluçou suas primeiras palavras quando chegou à arena do Billabong Rio Pro.
“É muita emoção, estou até sem palavras, mas primeiro de tudo preciso agradecer muito ao Pinga, que sempre me apoiou e acreditou que este dia iria chegar. É uma emoção indescritível que estou vivendo hoje”, desabafa Mineirinho.
O novo líder do ranking mundial continuou falando: “Ganhar essa etapa aqui no Brasil sempre foi meu maior sonho. Lembro que quando eu era pequeno, bem jovem, o Pinga me trouxe para ver esse campeonato aqui na Barra mesmo, em 1998, quando o Peterson Rosa ganhou e a torcida também explodiu como agora. Desde aquele ano sempre sonhei em repetir isso e agora consegui”.
Adriano de Souza também destacou a vitória do potiguar Jadson André, seu companheiro de equipe na Oakley, no ano passado em Imbituba (SC), vingando a derrota que ele mesmo havia sofrido na edição anterior.
“Em 2009 eu cheguei muito próximo da vitória lá em Imbituba (SC), mas o Kelly (Slater) me venceu no finalzinho e eu fiquei com aquele gostinho amargo na boca. Mas, o meu dia chegou aqui no Rio, não poderia ser melhor e principalmente porque veio na hora certa, quando estou bem no ranking”, afirma Mineiro.
Quando perguntado sobre ser o primeiro brasileiro da história a liderar o ranking mundial da ASP, as lágrimas voltaram a cair e em soluços novamente, respondeu: “Estou feliz com tudo isso. Sei que ainda é muito cedo pra pensar em título mundial, tem muitos surfistas bons no circuito, estamos só no início da temporada ainda. Mas, estou feliz porque desde 13 de outubro de 2009 que não consigo vencer uma etapa do ASP Tour, aliás, essa tinha sido minha única vitória, então ganhar aqui e liderar o ranking é realmente demais, chegou o dia, me desculpe não conseguir falar mais pela emoção deste momento”.
Ele faturou o prêmio de US$ 100 mil do Billabong Rio Pro surfando ondas quando a prioridade de escolha era do australiano. Taj Burrow largou na frente com uma nota 7.00 e depois ficou esperando as maiores ondas das séries.
Enquanto isso, Mineirinho foi pegando as ondas que o australiano deixava passar e a torcida explodia a cada manobra. A primeira onda valeu nota 6.50, a segunda foi melhor ainda e arrancou 8.00 pontos dos juízes, com a vitória sendo sacramentada em outra esquerda detonada com batidas e rasgadas desgarrando a rabeta, abrindo leques de água, que renderam uma nota 7.63.
O placar final ficou em 15.63 x 12.17 pontos e Taj Burrow não conseguiu repetir as vitórias conquistadas no Brasil em 1999 na Barra da Tijuca, em 2002 em Saquarema (RJ) e em 2004 em Imbituba (SC).
A final do Billabong Rio Pro foi a sétima bateria entre os dois na história do ASP Tour. O brasileiro só havia vencido uma, nas semifinais da etapa da Gold Coast, em 2009 na Austrália. Foi quando Mineirinho fez sua primeira final na carreira, que foi vencida pelo australiano Joel Parkinson nos tubos de Kirra Point.
“Estou muito chateado agora”, fala Taj Burrow. “Eu queria muito vencer aqui. O segundo lugar até que é um bom resultado, mas eu não queria de maneira alguma deixar escapar essa vitória. Comecei bem a bateria com uma nota 7.00 e fiquei esperando, esperando, mas as ondas simplesmente sumiram pra mim. O Adriano usou uma boa tática de ficar mais pra dentro do pico pegando as ondas intermediárias e deu tudo certo para ele. Eu só precisava de uma onda boa pra vencer, não consegui e parabéns pra ele”, diz Taj.
Para chegar à final, Adriano de Souza primeiro derrotou o taitiano Michel Bourez na repescagem da quarta fase que abriu o último dia do Billabong Rio Pro na Barra da Tijuca. Depois, passou apertado pelo australiano Owen Wright nas quartas-de-final, que quase vira o placar na última onda. Foi o seu duelo mais difícil na sexta-feira, com o resultado de 14.23 x 14.10 pontos comprovando isso.
Na semifinal, as séries já estavam demorando mais para entrar, poucas ondas foram surfadas pelos competidores e Adriano levou a melhor contra outro australiano, Bede Durbidge, derrotando-o por 9.00 x 8.40 pontos.
“O Adriano está com tudo, teve o apoio todo da torcida aqui e fica difícil surfar contra tudo isso, mas fiquei decepcionado mesmo porque essa foi a pior bateria de ondas até agora e não deu pra gente surfar quase nada”, fala Bede Durbidge, que dividiu o terceiro lugar com o francês Jeremy Flores, derrotado por Taj Burrow na primeira semifinal.
“Fiquei feliz com o resultado, pois não comecei bem o ano lá na Austrália e não tenho do que reclamar deste terceiro lugar”, diz Jeremy Flores que ainda comentou ter dores no joelho. “Consegui surfar bem, fazer notas altas e isso foi o mais importante pra mim. As ondas pioraram um pouco hoje, mas rolaram boas ondas no campeonato. No ano passado eu fiquei em nono lugar aqui no Brasil, agora um terceiro, então estou melhorando”.
O resultado do Billabong Rio Pro garante o Brasil na ponta do ranking mundial pela primeira vez na história até a próxima etapa em Jeffreys Bay, também patrocinada pela Billabong na África do Sul, nos dias 14 a 24 de julho. Adriano de Souza é o novo líder, seguido pelo australiano Joel Parkinson e o dez vezes campeão mundial Kelly Slater. Com o vice-campeonato, Taj Burrow assumiu a quarta posição na classificação geral das três etapas completadas no Rio de Janeiro.
Resultado do Billabong Rio Pro 2011
1 Adriano de Souza (Bra)
2 Taj Burrow (Aus)
3 Jeremy Flores (Fra)
3 Bede Durbidge (Aus)
5 Bobby Martinez (EUA)
5 Joel Parkinson (Aus)
5 Josh Kerr (Aus)
5 Owen Wright (Aus)
9 Damien Hobgood (EUA)
9 Daniel Ross (Aus)
9 Raoni Monteiro (Bra)
9 Michel Bourez (Tah)
13 Heitor Alves (Bra)
13 Jadson André (Bra)
25 Alejo Muniz (Bra)
25 Peterson Crisanto (Bra)
25 Igor Morais (Bra)
25 Simão Romão (Bra)
25 Ricardo dos Santos (Bra)
Ranking do World Tour depois de três etapas
1 Adriano de Souza (Bra) – 20.500 pontos
2 Joel Parkinson (Aus) – 19.200
3 Kelly Slater (EUA) – 16.950
4 Taj Burrow (AUS) – 16.500
5 Jordy Smith (Afr) – 14.750
6 Owen Wright (Aus) – 12.150
7 Michel Bourez (Tah) – 12.000
8 Mick Fanning (Aus) – 11.500
9 Bede Durbidge (Aus) – 11.000
9 Tiago Pires (PRT) – 11.000
11 Jeremy Flores (Fra) – 8.750
12 Jadson André (Bra) – 8.700
12 Josh Kerr (Aus) – 8.700
14 Bobby Martinez (EUA) – 7.450
14 Matt Wilkinson (Aus) – 7.450
14 Alejo Muniz (Bra) – 7.450
24 Heitor Alves (Bra) – 5.250
26 Raoni Monteiro (Bra) – 5.000
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