Surf Seco

Mineiro é sinistro

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Adriano de Souza faz a alegria da torcida com o segundo lugar no Quiksilver Pro na Austrália. Foto: Ana Gatis.

Quando faço comentários e cito nomes, sei que muita gente fica indignada por eu não falar de fulano ou de beltrano de Norte a Sul do Brasil. Claro que para fazer uma lista completa dos caras que estão arrepiando, teria que adicionar duas páginas a cada mês.

 

Muitas vezes vi baterias ou lances de alguns e perdi de outros e, na mente, acaba ficando apenas o que vi… O Toledinho quebra sim, chamou minha atenção, mas e todos os outros? E Vitor Bernardo, Gabriel Medina , Ian Gouveia e o moleque capixaba? Faltou um monte… E o SuperSurf, Heitor Pereira, Diego Santos?

 

E no longboard? Parei por aí, faltou um monte… e sempre vai faltar, pois a costa brasileira é fértil de talentos. Mas, deixando isso pra lá, o Brasil está forte no WCT, com o início na Austrália. A estreia na Gold Coast mostrou que os poucos brasileiros são pequenos em número e gigantes no potencial. Adriano está soltinho no WCT, largou em segundo e está acelerando cada dia mais.

 

Jihad Khodr surfou com garra e só foi barrado num resultado controverso. Foto: ASP Kirstin / Getty Images.

Desta vez ele arrebentou em Kirra com ondas sólidas, buraco, um point legend, com tradição, e estava difícil e power. Infelizmente, o homem foi mexer com a areia e estragou um presente de Deus, o point cheio de areia está totalmente diferente dos tempos épicos.

 

Mineiro foi sensacional. A torcida ficou em choque geral… Moleque adulto, surfando e competindo pra caramba!

 

Heitor é muito bom e foi uma pena ficar somente em 17º. Jihad não está para brincadeira este ano, botando pra quebrar, destruiu Snappers com aéreos e tail slides sem medo de ser feliz. O critério de julgamento peneirou o WCT.

 

As meninas me chamaram a atenção com um alto nível. As tops do mundo estrearam com muito surf. Stefanie Gilmore, além de ?boa?, compete muito. Silvana Lima está muito estileira. Fiquei impressionado com a velocidade, técnica e a radicalidade dela.

 

Jihad Khodr, Fran Ferraz e Heitor Alves: brasileiros estão unidos no mundial 2009. Foto: Ader Oliveira.

As estreantes Bruna Schimdt e Coco Ho arrepiam. Ambas muito novas já chegaram derrubando gigantes na estreia. Bruna está muito adiantada e já largou na frente. Na evolução que ainda vai seguir, segura essa menina.

 

A havaiana Coco, filha de Michael Ho e sobrinha de Derek, moradora de Sunset, tem uma base e uma família casca-grossa, além do surf rápido e radical. Jaqueline, com toda a sua experiência, não pegou as ondas para mostrar o seu real reperório.

 

A novata Fitzgibbons destrói e deu mole na bateria em que sumiu, mas o surf dela é nervoso. A havaianinha Melaine  Bartels chegou rasgando, fez finaL e deve seguir nas cabeças.

 

O que sempre prevalece nas competições é a habilidade do surfista,  aguentar a pressão e ter a consistência de sempre dar um jeito de pegar as duas ondas boas e soltar o surf moderno. Está inacreditável ver onde as manobras chegaram.

 

A mente humana é muito inexplorada. Alguns conseguem ir além na força mental/emocional. Estes são os top10. Em baterias não tem conversa, o cara pode ter muito surf, mas se não tiver o requisito ira/determinação mental, associado à paixão e à profunda vontade de vencer que arde no coração, pode esquecer ou se preparar para pagar uma  de figurante ?Michael Jackson? nos campeonatos.

 

Mineiro é sinistro, desde pequeno sempre se impôs diante dos adversários. Agora, com 22 e todas as qualidades no coração descritas acima, e usufruindo  da experiência de suas horas de bateria, ele está deixando seus oponentes  ?vendo o bicho?.

 

Valeu, demais… E a torcida toda clama ? ?sem palavras?.

 


 

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