A missão começou no Chile, na bucólica cidade de Pichilemu. Cheguei no mês de maio, peguei ondas geladas de até 4 metros e a viagem serviu de treinamento para surfar em Pico Alto, no Peru, país que não visitava há mais de quatro anos.
Os primeiros dias em solo peruano foram de ondas pequenas. Meu voo de volta já estava marcado, mas decidi ficar e perder a passagem.
Não poderia ter sido melhor. A sorte começou a mudar quando um amigo me apresentou aos del Castillo, uma lendária família de surfistas de Punta Hermosa e proprietários da Pakichay surf shop.
Com mais de 65 anos, Paco só surfa de pranchinha e quebra nas ondas (seu avô foi fundador da cidade). Um dos seus filhos, Joaquim del Castillo, corre o QS. Seu neto, Sebastian, é filho do renomado big rider Jose Jarita e um dos maiores destaques de SUP em ondas grandes.
Com apoio da família, segui treinando por mais de dois meses no Peru. Peguei mais de oito ondulações e não foram poucas as vezes que surfei sozinho em Pico Alto. O surfista local Saulo Vidal foi parceiro de treinamento, inclusive dividimos a minha caixa-estanque para ter fotos dentro da água.
Surfei Kontik também para testar pranchas. Apesar de já ter surfado, filmado e fotografado Pico Alto muitas vezes, desta vez as coisas foram mais intensas, com todo o treinamento feito para surfar exclusivamente no pico.
Pico Alto é uma onda que quebra longe da costa e difícil de fotografar ou filmar. Também são raros os dias com ondas e sol. Além de variações de ventos e marés, o que torna o outer reef um dos mais desafiadores.
Depois de alguns perrengues em Punta Lobos e de surfar até com febre em Pico Alto, fechei a trip com chave de ouro: ondas de 6 metros sólidos ao lado do big rider Jose Jarita, que caiu com uma single fin.
Quando as ondas passam dos 4 metros sólidos em lugares assim – como dizia Mark Foo – o melhor jeito de treinar é surfando. Hoje os equipamentos de segurança existem e estão nos ajudando a romper limites com mais segurança.
Depois de quase três meses na estrada, voltei para Garopaba (SC) em uma das trajetórias mais loucas da minha vida. De carro do Peru ao Brasil, viajando por precipícios que sofrem tremores de terra a todo momento e passando pelo Deserto do Atacama. Foram seis dias e cinco mil quilômetros percorridos em mudanças de relevo, altura e temperatura. Com certeza um aprendizado incrível por toda a vida.
Atualmente estou em busca de apoios para surfar e fotografar ondas grandes pelo globo.
O fotógrafo, freesurfer e paraquedista David Nagamini contou com apoio nesta viagem da Freesurf Garopaba, Beach Life capas, CL surfboards, Sadhana Yoga e Quick Surf consertos. Colaboraram os fotógrafos Lucho Romero, Cachito Penaz, Rudy Garcia, Piero Marotta, Adrian Tito, Saulo Vidal, Amanda Speridião e Felipe Magalhães.
Para saber mais sobre seu trabalho, acesse o site David Nagamini ou seu perfil no Instagram.