Morro do Baguary sofre polêmica ambiental

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#Gosto de polêmicas, pois elas levam a debates e a soluções. Eu não sei também até que ponto as pessoas envolvidas na manifestação a favor do Canto do Baguary falaram a verdade. Quero acreditar que quando se olha nos olhos do interlocutor não se pode mentir.
O engenheiro responsável pela casa também é surfista – é o Du (local das antigas e membro do Noseriders surfclub). Escutei muita gente (e falei com muita gente também). Algumas discussões foram acaloradas, como as do Paulo Issa e do Turco Loco com o Du.
Refleti muito sobre o assunto, principalmente sobre o que me disse o Du. O ponto de vista dele tem uma lógica e se baseia em fatos reais. A posição dos surfistas também tem uma outra lógica, baseada mais no coração. Minha teoria é a de nunca construir nos morros junto às costeiras, por uma questão estética: me sinto invadido ao ver casas progressivamente sobre os morros anteriormente verdes, quando vou pegar minhas ondas matinais (sempre muito cedo, com tempo pra refletir sobre a vida nos intervalos das séries).
Só que aquilo que eu quero (e acho que muita gente quer) ainda é impossível.
A lei permite que se construa lá. A casa no Baguary (tudo isso segundo o Du) tem todos os avais da Prefeitura, DPRN, etc. O Du me garantiu que a idéia do dono era construir um hotel, e o próprio o dissuadiu da idéia inicial, por um projeto muito menos impactante.
Além disso, ele disse que o dono doou uma grande área no Baguary para a prefeitura, como área de preservação permanente. Se fez isso, ele está certo, assim como nós também estamos.
Eu acho que quanto à casa, dificilmente a obra será paralisada. Se a lei está mesmo ao lado do dono, não há como mudar.
Eu argumentei que usar erros do passado para justificar os do presente é mais do que burrice, quando apontaram para os condomínios nos morros da Praia das Toninhas. Justificar a destruição dos morros agora com argumento de que “olha lá, lá já detonaram, eu também posso!” é inaceitável.
Antigamente não havia o espírito nem o pensamento ecológico, que hoje existe e cresce a olhos vistos (pouco ainda no Brasil, mas muito nos países desenvolvidos, nos quais deveríamos nos espelhar apenas nos acertos, observando os erros deles para não errarmos aqui).
Então, o que poderia ser feito para evitar novas devastações?
O próprio Du sugeriu: por que não mudar a lei para impedir ou pelo menos inibir as construções nos morros junto às praias?
Para isso, bastaria pressionar os vereadores e os prefeitos das cidades litorâneas (como o problema não é exclusivo de Ubatuba, tomo a liberdade de sugerir isso para outras cidades costeiras com o mesmo problema) a editar uma lei (votá-la e aprová-la) que torna as áreas dos morros junto às costeiras uma “área de interesse paisagístico municipal com possibilidade de desapropriação”. Isso já inibiria as construções, pois o comércio de terrenos não seria estimulado. Embora muita gente sonhe em ter uma casa no morro ou sobre a areia da praia, essas situações são bastante egoístas e muito pouco ecologicamente corretas, seguem a famosa lei de Gérson…
E o melhor, se houver um caso como esse, desta vez estaremos do lado da lei. Só espero que o Du tenha falado a verdade. Pelo menos parecia.
Penso no ideal do Paulo Issa. Ele estava inconformado. Se o caso realmente for como disseram, talvez o melhor seja unir as forças e lutar por um objetivo maior. A grandeza talvez esteja em aceitar as derrotas e não desistir da vitória, e não enxergar o outro como inimigo, mas talvez como um aliado. Mais importante é ganhar a guerra, mesmo que batalhas sejam perdidas no caminho.