Uma sexta-feira eletrizante com disputas emocionantes, confrontos de gerações, briga pela liderança do ranking e de novo recorde para o Oi SuperSurf 2015 na ensolarada Praia Grande de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo.
Os três principais concorrentes ao título brasileiro competiram, com o líder Flavio Nakagima despachando o vice, Thiago Camarão, mas com o terceiro colocado, Hizunomê Bettero, também avançando para a quinta fase em mais um show da sensação desta segunda etapa, Weslley Dantas, que fez o maior placar do dia mais uma vez.
Já o seu recorde de maior nota do ano no Oi SuperSurf foi batido pela 9,93 do catarinense Willian Cardoso, que recebeu nota máxima de três dos cinco juízes com várias manobras numa longa direita na Praia Grande.
“Eu comecei a bateria sem completar nenhuma onda, então pensei que era o momento de parar um pouco para escolher a onda certa. Aí entrou essa direita, ela ganhou uma sessão na frente, eu saí acelerando pra passar bem, depois fui desferindo um monte de manobras e teve uma que gostei bastante, a prancha passou e a rabeta explodiu jogando bastante água, que acho que foi a manobra da onda”, contou Willian Cardoso. “Quanto eu acabei a onda, já sabia que a nota ia sair próximo do 10. Foi uma onda de cinco a seis manobras bem feitas, com velocidade sem mexer muito a prancha, mas acho que faltou a finalização, porque não consegui chegar a tempo de fazer mais uma manobra. Acho que se tivesse feito ela mais limpa, teria saído cinco notas 10, mas estou amarradão assim mesmo”.
Willian totalizou 17,26 pontos nas duas notas computadas e este era o maior placar do dia até Weslley Dantas fechar a terceira fase com 17,80 pontos, abaixo ainda dos 18,53 da sua estreia na quarta-feira, que bateu todas as marcas do ano no Oi SuperSurf 2015. Mais uma vez, o irmão mais jovem do top do WCT, Wiggolly Dantas, e da bicampeã brasileira Suelen Naraisa, foi o recordista de pontos do dia. E o também ubatubense Hizunomê Bettero se classificou em segundo lugar para seguir disputando a liderança do ranking brasileiro com o paulista da cidade Praia Grande na Baixada Santista, Flavio Nakagima. No domingo passado, Hizunomê venceu a etapa do Circuito Paulista disputada na mesma Praia Grande de Ubatuba.
“É sempre muito bom surfar em casa, porque fico mais à vontade. As ondas não estão ideais com este swell de Leste, mas consegui passar a bateria e isso era o mais importante para continuar brigando pela ponta do ranking”, disse Hizunomê Bettero, que falou um pouco sobre Weslley Dantas. “A galera daqui que viu ele crescendo, já sabia que o moleque era um talento e isso vem de família, porque todos cresceram na praia. Ele (Weslley) já vem conseguindo bons resultados em eventos municipais, estaduais e agora no profissional também. Ele deu uma crescida, tem um porte físico grande pra idade dele, consegue jogar bastante água nas manobras e é mais um promessa de Ubatuba que tá vindo aí pra incomodar a galera”.
Logo após essa bateria que Weslley Dantas e Hizunomê Bettero fizeram uma dobradinha ubatubense sobre o pernambucano Bruno Rodrigues e o alagoano Amando Tenório, começou uma disputa direta pela ponta do ranking entre o líder e o vice-líder, Flavio Nakagima e Thiago Camarão, respectivamente, com o também paulista Geovane Ferreira e o capixaba Lysandro Leandro. Os dois favoritos não começaram bem e o local de Ubatuba, Geovanne, liderou quase toda a disputa, até Nakagima achar as ondas para mostrar o seu potencial de manobras modernas, incluindo as aéreas, e vencer por 15,77 pontos. Camarão ainda sofreu uma marcação nos últimos minutos de Geovanne Ferreira, que garantiu a segunda vaga para a quinta fase do Oi SuperSurf de Ubatuba.
“Eu sabia que ia ser uma bateria muito difícil, o Geovane (Ferreira) conhece muito bem essa onda, o (Thiago) Camarão também é um atleta perigosíssimo que tá surfando muito, então eu sabia que teria que dar o melhor de mim”, disse Flavio Nakagima. “Comecei meio devagar e no decorrer da bateria eu consegui encontrar algumas ondas pra fazer boas notas. Era uma bateria importante e o primeiro passo foi dado, pois para mim o evento está só no início. Essa foi minha primeira bateria e já com o vice-líder do ranking (Thiago Camarão), então eu sabia que ela seria fundamental pra mim, porque se eu perdesse poderia perder a primeira posição, mas deu tudo certo e estou feliz por ter avançado para a próxima fase”.
CONFRONTO DE GERAÇÕES – Entre as dezenove baterias disputadas na sexta-feira, uma chamou mais atenção por simbolizar um verdadeiro confronto de gerações, com o cabo-friense Victor Ribas, 43 anos, se classificando junto com o filho do paraibano Fábio Gouveia, com quem competiu durante quase toda a sua carreira na elite mundial do WCT. Vitinho liderou toda a bateria desde o início e só no final Ian Gouveia, 22 anos, conseguiu achar duas ondas melhores para passar em primeiro lugar, com Ribas em segundo. O carioca Lucas Silveira, 19 anos, e o paulista Netto Moura, 31, acabaram eliminados pela dupla nesta 14.a bateria da terceira fase do Oi SuperSurf de Ubatuba.
“Eu só soube do resultado quando eu saí da água. Eu tava afundado no começo, não peguei nada, está difícil de achar onda boa lá fora, mas fiquei na busca procurando as melhores na bateria inteira até conseguir achar duas boas no final pra me classificar”, disse Ian Gouveia, que falou sobre enfrentar Victor Ribas mais uma vez. “Meu pai (Fábio Gouveia) sempre me levou pra assistir o Circuito Mundial desde quando eu era bem pequeno, então lembro bem que o Vitinho ficava cuidando de mim quando meu pai e minha mãe precisavam sair. Ele costumava dividir o quarto com meu pai nas viagens, me conhece desde bebê e é irado poder estar competindo com ele e no SuperSurf também, que eu sempre via meu pai competir”.
“Pois é, o Ian (Gouveia) eu já competi com ele outras duas vezes e ele sempre me venceu. Ele me tirou lá no WQS do Peru, no da Bahia também e agora pelo menos a gente passou junto para a próxima fase, então melhorei um pouco (risos)”, disse Victor Ribas. “Eu peguei ele no colo, tomei conta nas viagens quando o Fabinho tinha que sair e foi muito legal hoje aqui. O Fabinho foi o meu grande amigo no circuito, adoro ele, os filhos, a família, tudo nota 10. O filho dele agora está no circuito mundial e eu fico amarradão torcendo por ele. Foi muito legal passar uma bateria junto com ele agora. Eu comecei bem e liderei até no final com uma nota 7 e pouco que peguei no início. No final ele virou, mas tá tudo certo, passei também e era isso mesmo que eu queria, avançar para a próxima fase”.
CAMPEÕES BRASILEIROS – A quarta fase do Oi SuperSurf iniciada na sexta-feira, continua a partir das 8h00 no sábado com a sexta bateria, entre os paulistas Luan Carvalho, Ricardo Ferreira e Saulo Junior e o carioca Leandro Bastos. Este confronto foi transferido porque Luan tinha uma audiência na sexta-feira e não poderia comparecer para competir. O dia terminou na nona bateria e depois desta adiada, a sequência no sábado volta ao normal com a décima bateria em diante. Quatro campeões brasileiros participaram dos últimos confrontos da sexta-feira de boas ondas de 3-4 pés na Praia Grande de Ubatuba.
O catarinense Tomas Hermes (campeão em 2011) foi um dos destaques do dia com o segundo maior placar da sexta-feira, 17,50 pontos. O cearense Messias Felix, bicampeão em 2009 e 2012, se classificou em segundo na bateria vencida pelo pernambucano Luel Felipe. Já os outros dois perderam em terceiro lugar nas suas. O paulista David do Carmo (2013) foi o primeiro a ser barrado, pelo catarinense Matheus Navarro e o baiano Leo Andrade. E o bicampeão brasileiro Renato Galvão (2004 e 2007), que é local da Praia Grande de Ubatuba, foi eliminado pelo paranaense Caetano Vargas e o cearense Charlie Brown, vice-campeão da primeira etapa do Oi SuperSurf na Praia de Maresias, em São Sebastião (SP).