Neco Padaratz encara maratona de baterias

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Neco Padaratz chegou em Floripa e logo caiu para disputar bateria. Foto: Nilton Santos / Divulgação.
Nem o tempo nublado afastou o público, que se manteve na Praia da Joaquina para assistir a estréia do catarinense Neco Padaratz no Petrobras Open Surf no final de tarde desta sexta-feira.

 

Ele não decepcionou a torcida e venceu a última bateria realizada do dia em Florianópolis (SC). Já Peterson Rosa não se encontrou no mar e atrapalhou duas ondas dos adversários terminando em último lugar, com outro catarinense, Diego Rosa, classificando-se para as oitavas-de-final da competição que está inaugurando a “perna brasileira” de fim-de-ano do Circuito Mundial.

 

A terceira fase continua neste sábado e as finais ocorrem por volta das 13 horas de domingo na Joaquina, a praia de treinos de Neco Padaratz.

 

Neco Padaratz após a bateria. Foto: Felipe Fernandes.
Ao sair da água, o filho Nicholas, de 4 anos, foi recebê-lo e os dois não se largaram mais nem durante a entrevista que cedeu para os repórteres que o aguardavam.

 

“Tenho muitas saudades dele e pena que eu não posso vê-lo todos os dias. Mas, a falta da presença física eu compenso com toda a força do meu coração. Por outro lado, ele tem um pai que está batalhando pelo pão dele do próximo dia e eu me dedico bastante no dia-a-dia do meu trabalho para colher os frutos e graças a Deus os resultados vem aparecendo”, falou Neco, que vem de uma vitória na França e um vice-campeonato na Espanha, que sediaram as duas etapas do WCT que fecharam a “perna européia” do Circuito Mundial.

 

 

Uma repórter bem gatinha foi enviada para cobrir o campeonato na Joaquina. Foto: Felipe Fernandes.
As duas finais foram disputadas contra o atual número 1 do ranking mundial, o havaiano Andy Irons, adversário que enfrenta desde quando ambos eram juniores. “Nossa batalha é de muito tempo, desde o Mundial Amador de 1994 na Barra da Tijuca. Somos bons amigos e ficamos muito felizes por tudo que aconteceu na Europa. Procuro sempre me concentrar em cada bateria, naqueles 25 minutos que elas duram, e quando chega a final é como se chegasse no final de uma rua para tirar aquela mochila pesada, aquele peso das costas. Aí a gente relaxa, porque não tem outro passo, é a final e quem fizer melhor vence”, contou Neco, que competiu nas últimas semanas sentindo bastante dor nas costas devido à hérnia de disco.

 

“Ainda na França, depois da primeira fase, eu já estava com a passagem marcada para voltar ao Brasil. Meu irmão e meus amigos até me aconselharem para eu cuidar da minha saúde. Eu saí do Brasil com uma injeção que tomei em Porto Alegre, mas o efeito dela foi passando e as dores voltaram. Mas, eu resolvi ficar e resultou nestas duas semanas maravilhosas”, descreveu o surfista, que ainda contou que chegou a pensar que tinha chegado ao fundo do poço e que a carreira iria acabar com a séria contusão que o fez perder três etapas do ASP World Championship Tour (WCT) 2002.

 

James Santos decola na Joaca. Foto: Felipe Fernandes.
“Eu passeis três meses numa situação deplorável. Achava que era o fim da minha carreira, da minha vida, mas graças a Deus consegui me recuperar e tudo eu devo ao sofrimento por que eu passei, ouvindo uma voz que me disse que só tinha uma coisa que iria fazer eu sair disso tudo: a solução estava no fundo do meu interior e a resposta eu que tinha de procurar”.

 

Ele chegou na Europa ocupando a penúltima posição no ranking mundial e saiu de lá em 18o. lugar com a sua permanência na elite mundial garantida para o ano que vem, sempre tendo que enfrentar os primeiros colocados da temporada.

 

James Santos andou muito forte nesta sexta-feira. Foto: Felipe Fernandes.
Mas, ele estava mesmo louco para voltar ao Brasil e competir na velha Joaca, como ele mesmo define. “O trabalho diário que eu tenho nessa praia é uma coisa que só as pessoas mais próximas conhecem. Para mim, é uma dádiva estar aqui. Era a saudade do meu filho, tinha vontade de dar este presente para a minha cidade e eu quero sempre prestigiar os eventos aqui e se a minha presença é importante, eu quero poder colaborar para trazer patrocinadores como a Petrobras e a Coca-Cola, que estão realizando este evento aqui e espero que continuem por muitos anos”, deseja Neco, que é sempre apontado como o brasileiro que pode conquistar um título mundial.

 

Sobre esta expectativa, ele deu uma resposta enfática: “Eu quero é acordar amanhã e estar feliz, sem ouvir mais notícias de bombas na televisão e de ninguém se matando?só isso! O surfe para mim é a minha paixão e a felicidade que eu tenho nesta minha vida. Eu faço isso por prazer e porque eu quero lutar pelos meus patrocinadores, a Hang Loose, Reef e Oakley, que me apoiaram nos momentos mais difíceis que eu vivi”.

 

O público feminino é sempre benvindo para a galera e fotógrafos. Foto: Felipe Fernandes.
Neste sábado, Neco volta à praia da Joaquina para disputar a quarta bateria das oitavas-de-final, contra o também catarinense Diego Rosa, o carioca Yuri Sodré e o australiano Troy Brooks. “Vai ser mais um dia de trabalho e só espero poder realizá-lo da melhor maneira possível para dar alegria às pessoas que gostam de mim”, resumiu. 

 

O penúltimo dia do Petrobras Open Surf vai começar com as oito baterias restantes da terceira fase, com o paraibano Fábio Gouveia estreando logo no primeiro confronto do dia.

 

O Petrobras Open Surf tem nível 4 estrelas e vale 1.500 pontos no ranking, oferecendo US$ 60 mil em prêmios com o patrocínio da Petrobras e Coca-Cola, apoio do Governo do Estado de Santa Catarina, Prefeitura Municipal de Florianópolis, Fundação Municipal de Esportes e Revista Alma Surf, com divulgação da Rede Atlântida FM numa realização da ASP (Association of Surfing Professionals) em conjunto com a FECASURF (Federação Catarinense de Surf).

 

Brasileiros a caminho do título – Nossos competidores estão surfando com muita velocidade e dando show de aéreos nas baterias. O confronto mais esperado de hoje era a última bateria, com os cabeças-de-chave Neco Padaratz e Peterson Rosa, os dois melhores surfistas brasileiros no WCT deste ano.

 

Belas gatas enfeitam o pico em Floripa. Foto: Felipe Fernandes.
Neco chegou da Europa com muita moral, pois venceu uma prova do Circuito WCT na França e ficou em segundo na outra, encerrada anteontem na Espanha. A estrela dele brilhou durante a última bateria do terceiro round, que só será termina neste sábado.

Peterson Rosa abriu o placar e se esforçou até cometer interferência antes da metade da bateria. Terminou em quarto lugar, atrás de Ricardo Azevedo, terceiro colocado. Outro surfista da Joaquina que se deu bem foi Diego Rosa, classificado em segundo lugar neste confronto.

 

Mas o melhor show do terceiro round foi de outro catarinense. Surfando com pressão num estilo clássico, James Santos meteu duas ondas idênticas nas direitas que rolavam adiante da pedra da Careca, já quase na beira.

 

Cora, Fran e Leka foram conferir o surfe dos pros. Foto: Felipe Fernandes.
O cara quebrou tanto as ondas, que depois de garantir a liderança, só ficou tentando mandar um belo aéreo para o público. Na segunda tentativa, James conseguiu completar a façanha nas alturas.

 

Com muita garra, Marcondes Rocha obteve a segunda colocação, fazendo manobras arrojadas e acertando muitas batidas arriscadas, quando a onda ficava bem oca.

A exemplo do primeiro round, realizado na quarta-feira, o paulista Eric Miyakawa voltou a vencer, seguido por Renan Rocha, para juntos derrotarem o campeão brasileiro profissional Tânio Barreto, que mora em Florianópolis. O gaúcho Daison Pereira ficou em quarto nesta mesma disputa.

 

O mar foi melhorando durante o dia. As séries atingiram até 1 metrão. Binho Nunes e Lucinho Lima se deram bem no primeiro dia, tendo as duas maiores notas.

Hoje, só Lucinho Lima passou as duas das fases que participou. Binho Nunes foi derrotado logo de manhã, perdendo pra Ricardo Azevedo (primeiro) e Diego Rosa (segundo), ainda no segundo round.

 

O australiano Troy Brooks é um dos poucos gringos que se deu bem no Petrobras WQS. Foto: Felipe Fernandes.
Os surfistas classificados para as oitavas-de-final são Eric Miyakawa, Renan Rocha, Léo Neves, Drew Courtney (Austrália), Tom Whitaker (EUA), Sávio Carneiro, Paulo Moura, o campeão catarinense Junior 2001 Greg Cordeiro, Travis Logie (África do Sul), Edgar Bischof, James Santos, Marcondes Rocha, Yuri Sodre, Troy Brooks (Austrália), Neco Padaratz e Diego Rosa.

 

O campeonato termina neste domingo. Amanhã, deve iniciar às 8 horas, com a sequência do terceiro round. A nona bateria desta fase será disputada entre o paraibano Fábio Gouveia, o australiano Adrian Buchan, e os cearenses Fábio Silva e Márcio Farney, outro excelente surfista da nova geração e que agora mora na Lagoa da Conceição.

 

A previsão de swell indica que as ondas vão diminuir. Com a maré enchendo durante toda a manhã, o mar deve proporcionar bom surf para os competidores detonarem mais uma vez, garantindo o show nesta espetacular etapa do Circuito WQS na praia da Joaquina, que tem como principal patrocinadora a Petrobrás. (Felipe Fernandes)