Neco Padaratz promete treino para encarar Teahupoo

Neco Padaratz, campeão do Quiksilver Pro 2002 em Hossegor, França

Neco Padaratz durante o Quiksilver Pro 2002. O atleta promete treinar muito para superar o trauma em Teahupoo. Foto: Ellis/ASP.
Decidido a não competir no Billabong Pro, em Teahupoo, o catarinense Neco Padaratz mostra-se consciente de sua atitude e fala sobre o trauma psicológico criado depois de quase morrer naquele reef do Taiti em 2001.

 

Nesta entrevista exclusiva concedida ao site Waves.Terra, Neco explica que vai treinar muito para superar o trauma e admite que os fãs têm direito de criticá-lo, inclusive os big riders virtuais que o massacraram no Forum.

 

Não ir a Teahupoo e assumir um problema psicológico em relação àquela onda foi uma atitude bastante corajosa e polêmica. No momento, você está arrependido ou aliviado por ter tomado aquela decisão?

Estou consciente da decisão tomada, pois sei que fiz aquilo que era melhor para o meu futuro. Acredito em mim e sei que vou voltar.
 
O que pensa em fazer para combater esse trauma?
Treinar muito, pois sei que isso será meu alimento para conquistar meus objetivos.
 
No caso de superar a questão, podemos imaginar revê-lo competindo no Tahiti?
Sim, claro. Lembrando que  é apenas um evento, porque amanhã com certeza será diferente. Acredito muito na minha fé.
 
Você costuma surfar muito bem em Pipeline e Sunset, que também não são ondas para qualquer um. Qual a questão mais complicada para surfar em Teahupoo?
Realmente Sunset é minha onda predileta. O meu problema com Teahupoo é que a natureza em si me mostrou que ela era muito mais forte do que eu em um momento que não tive qualquer alternativa, a não ser pensar em Deus. Pipe e Sunset eu surfo há dez anos e nunca tive um problema de ficar trancado na bancada de corais. Ou seja, a onda não é a questão.

 

De que maneira você encara as críticas feitas pelo público, sobretudo as feitas pelos fãs que o tem como maior ídolo do surfe brasileiro na atualidade?
Um fã é um fã e sempre terá o direito de criticar seu ídolo. Para as pessoas que admiram ou não admiram, jamais teriam noção do que houve comigo. Eu quebrei um capacete ao meio, fiquei trancado durante três ondas debaixo da água e fui salvo por uma das ondas ter me espancado para fora da bancada, quando não havia mais ar e houve uma calmaria. Só descobri que sobrevivi quando cheguei em terra. Acreditem em mim.


Você acha que pode haver algum tipo de represália por parte dos juízes da ASP por conta de sua decisão?
Jamais, pois a primeira voz que eu escutei quando descobri que estava vivo foi a de Renato Hickel (hoje diretor técnico da ASP) berrando pelo meu nome. Acho que ele viu o que aconteceu e não deve se esquecer, porque foi ele quem entregou meu capacete pela metade.

 

A desistência de competir em Teahupoo pode comprometer futuros contratos? Você tem algum novo patrocinador principal em vista?
Isto é uma questão de vida e não de um negócio. Eu não negocio minha vida. Hoje tenho certeza de que alguém tenha condições de ver um contrato como negócio e não por um campeonato, em vez de julgar-me por todo o trabalho que venho fazendo. Não se esqueçam, este é só um campeonato.

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