Surf Tiras

Nicanor e suas tiradas radicais

Nicanor María Sánchez

Neste auto-retrato, Nicanor trabalha duro para criar mais uma história da série Surf Tiras. Foto: Reprodução.

A partir desta quarta-feira (25/8), o cartunista Nicanor María Sánchez, 28, inicia a série Surf Tiras com exclusividade aqui no Waves.

 

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Com uma linguagem simples e direta, as charges de Nicanor ilustram as mais diversas e bem-humoradas situações vividas no cotidiano de quem respira o esporte e não tira a lycra nem para dormir.

 

De segunda a sexta, o cartunista apresenta em tiras inéditas personagens hilários como John Wave e seu cavalo parafina, Gambá – o rato de praia, Índio quilha-quebrada, entre outros.


Nascido na Argentina, mais precisamente na serena e gelada província de Rio Negro, Patagônia, Nicanor se mudou para o Brasil em 1989 e hoje mora no município de Barra Velha, litoral Norte catarinense.


Cartunista desde os 17 anos, ele ainda trabalha durante o verão como guarda-vidas civil na praia do Cerro, popularmente conhecida como “Syphodys”, por ser um quebra-côco de areia que costuma quebrar pranchas e “algumas cabeças”.


Na entrevista abaixo, Nicanor fala das aventuras vividas no mundo da arte e garante que suas charges são feitas de surfista para surfista. Além disso, ele conta de onde busca inspiração para os seus desenhos.

 

Quando você começou a tomar gosto pelo surf?

Comecei aos 12 anos, quando minha família se mudou para Barra Velha. Meus pais alugaram um chalé na praia do Sol e quando chegamos havia uma prancha de bodyboard velha, de certo abandonada pelos antigos moradores.

 

Mesmo sem saber nadar, fui ver qual era. Entrei no pico e a corrente me levou pra longe. Sorte que tinha um cara que me ajudou a sair e me deu alguns toques. Depois, junto com meu irmão, ganhamos uma Schilikman 6’6” do nosso amigo Ronaldo de Florianópolis.

 

Enquanto um surfava, outro esperava no outside nadando. Tentamos praticar outros esportes, mas o surf foi nossa principal escolha.

 

E quando foi que você começou a desenhar?

Não lembro exatamente quando, meus pais dizem que desde muito pequeno, mas eu não lembro. Lembro que sempre, todas as noites, desenhava algo diferente, uma historinha nova. Tinha um personagem, um viking bem doido, que aprontava todas nas trips e sempre era expulso do barco pelos outros vikings.

 

Na escola a parada começou a se tornar mais séria e os professores sempre elogiavam meus desenhos nos cadernos. Até que no segundo grau consegui arranjar um trampo com desenho no jornal.

 

Você já trabalhou (a) em outras áreas?

Trabalho de cartunista desde os 17 anos no jornal Diário do Litoral, de Itajaí (SC). Desde 2002 também trabalho no verão como guarda-vidas civil no posto 8 da praia do Syphodys (nome que a rapaziada local chama carinhosamente a praia do Cerro, devido à bancada rasa de areia que costuma quebrar pranchas e cabeças) e tenho algumas aventuras que passei por lá!

 

Na alta temporada, esta praia chega a receber de 3 a 4 mil banhistas em uma faixa de 1 quilômetro de praia. Isso somado com mar ruim e um quebra-côco fortíssimo que rendeu alguns resgates alucinantes, mas graças a Deus nunca ninguém morreu nos dias em que trabalhei.
 

Como surgiu a ideia de criar tiras específicas de surf?

Quando propus para editora do jornal a ideia de fazer tirinhas diárias veio a dúvida: o que desenhar? Acompanhava o trabalho dos melhores cartunistas brasileiros, em específico do Angeli.

 

Ele retratava nos seus personagens a fauna da cidade de São Paulo, punks, darks, bêbados, hippies velhos. Esta dúvida cercou minha cabeça alguns dias e a resposta estava bem na minha frente: o surf.

 

Daí veio a idéia de retratar o universo do surf. A primeira história era do Zé Haole, depois vieram outros personagens surfistas: Kank o surfista marciano, Gambá o rato de praia, John Wave e seu cavalo parafina, o Índio quilha-quebrada, os irmãos teen Long john e Short john, o urubu surfista chamado Carniça, os super heróis surfistas, Pakito e Molotov surf malas, entre outros.

Além de tiras de surf, você faz outros trabalhos relacionados à arte?

Desenho charges políticas na página 2 do jornal onde comecei, além de cartuns e ilustrações que me encomendam. Também gosto de desenhar todos os tipos de barcos, caravelas, veleiros, rebocadores, barcos pesqueiros, navios de carga.

 

Sou fanático por qualquer coisa que boia, de pranchas de surf a grandes petroleiros. Tenho alguns cadernos de desenho com vários esboços de barcos, acho bom para deixar a mão sempre quente pra desenhar.

Você inspira o seu trabalho em algum outro cartunista?

Os trabalhos do Angeli, Laerte, Glauco, Adão, Allan Sieber, Nani, Jaguar, Robert Crumb e Ziraldo me ajudaram a definir o estilo menos realista e com traço mais “sujo”. Infelizmente nenhum deles criou nada relacionado ao surf, que foi aí que defini bem meu estilo.

O que os internautas do Waves podem esperar nas Surf Tiras?

Diversão de monte, pois as Surf Tiras serão feitas de surfista para surfista, com uma linguagem simples e direta de quem vive, respira e se alimenta de surf.

 

Depois que desenho uma tirinha, se não dou risada com ela, pode ter certeza que o trabalho vai para a gaveta. É o padrão Nicanor de qualidade (risos)!

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