O atual cenário nacional me instigou a falar de bodyboard de novo por aqui. Um ano maneiríssimo se desenha para os brazucas neste esporte, aliás mais um ano.
Somos o país do bodyboard e ponto final. Temos uma hegemonia muito maior nesse esporte do que em qualquer outro na história do nosso país. Talvez nenhuma nação domine um esporte do jeito que dominamos este.
Uri Valadão, campeão do mundo. O baiano veio, veio, foi, foi e está aí! Calou e continuará calando a boca de muitos. Com seu surf competitivo e idade para melhorar muito em condiçõe extremas, ele vem se consolidando como o sucessor de Guilherme Tâmega.
Lucas Nogueira, que já é um monstro aqui nas ondas do Hawaii, está
dando uma amostra do que pode fazer com um bom incentivo dos patrocinadores. Treinou, correu e venceu a etapa do mundial em Santa Catarina.
Depois da vitória espetacular na Bahia, Tâmega já está em primeiro no ranking! Como ficaria o bodyboard sem o GT?
Já parei para analisar e chega a dar agonia de imaginar Pipeline com 5 metros de onda sem Tâmega lá dentro. É como se faltasse algo no pico. Tem caras que jamais deveriam parar de surfar, pois são a própria essência do esporte!
Sem Tâmega, o esporte perde “o cara”! Ele é o cara que eleva o esporte ao patamar máximo, um cara que não se tem adjetivos para explicar o que ele significa para o esporte, não só no Brasil, mas no mundo.
Podem me chamar de puxa-saco ou sei lá o quê, mas o fato é que estou aqui desde 1998 e nunca vi ninguém fazer o que este cara faz com um pedaço de espuma debaixo do braço, em qualquer condição de surf por aqui.
Por favor empresários, empresas de telefonia, Governo do Rio, Vasco da Gama, Papai Noel, Casas Bahia, Coelhinho da Páscoa, sei lá, não podemos deixar o cara em casa! Ele vai ser expulso em um mês pela Kim, Kiron e Dani (sua esposa)! Não dá pra aguentar o homem muito tempo em casa não!
Alguém tem que comprar esse barulho e jogar esse homem no mar! Colocar e dar condição ao Tâmega de fazer o que nasceu pra fazer! Da minha parte eu já acho uma perda de tempo ele correr o Mundial.
O Tâmega transcedeu isso de competição! O mais excitante seria ver ele no maior dia em Teahupoo botando pra dentro lá de trás, fazendo sessions em Bali e em picos inóspitos como Cyclops na Austrália, fazendo filmes e fotos, que renderiam muito mais material de divulgação do que correr baterias mundo afora com a molecada, que está aí batendo cabeça para ter seu lugar no hall da fama.
Imagine pegar ele, o Mike Stewart, Jeff Hubbard, Skipp, Hardy, um bom fotógrafo e videomaker (opa, aceito propostas para este trampo!) e mandar esses doidos para fazer imagens que descrevam o extremo do esporte!? Sonho ou realidade, tudo é possível quando se tem um cara com tantos títulos à disposição para dar show em frente às câmeras!
O ano apenas começou e os australianos boicotaram as etapas brasileiras. Tâmega já está em primeiro no ranking e sabe-se lá o que passa na cabeça desse doido a esta altura. Correr ou não correr é uma questão para alguém que nasceu para competir e vencer.
Fiquei feliz de ver a torcida comemorar a primeira colocação do Hardy no começo do ano. Agora, espero que aguentem ver seus heróis despencarem no ranking durante o ano daqui pra frente. Não adianta chorar e dizer que as ondas não são clássicas e blá, blá, blá, afinal na melhor onda do tour (Shark Island) Tâmega é o maior campeão! Atleta profissional é assim, tem que surfar mar bom, ruim, grande, pequeno e merreca!
Enquanto o esporte não engrena, temos de nos contentar em competir onde o patrocinador (que é quem paga a premiação) decide colocar o evento, seja por estratégia de marketing ou por que tem uma casa de praia em frente ao pico.
Atleta profissional não tem muito o que escolher. Onde o calendário levar, ele voa. Tem que competi, garantir o leite das crianças e torcer para um dia termos uma estrutura como a do WCT, para poder competir em ondas clássicas.
O surf começou assim. Eram campeonatos no Japão e onde alguém bancava. Hoje desfrutam de uma estrutura incrível.
Não adianta querer inchar, temos que fazer o esporte crescer de forma concreta desta vez. Os anos 80 já foram há muito tempo. O mundo mudou. Tudo mudou e finalmente vejo assim como todos vêm uma luz no fim do túnel e desta vez não parece ser um trem essa luz.
Sempre fui meio duro com os organizadores dos campeonatos no Brasil, mas de coração parabenizo essa galera nova, como Chico, Flávio Brito e todos que ajudaram a fazer essas duas etapas do circuito aí no Brasil. Dá orgulho de ver em plena crise mundial a galera brazuca desempenhando bem no papel de organização, com duas etapas de alto nível.
Parabéns mais do que especial para meu brother Lucas Nogueira, GT, Ney, Jéssica e Isabela Souza pela campanha que estão fazendo neste início de tour.
Abraço a todos e vamos nessa!