Samia Carolina

North Shore na prática

Samia Carolina, Waimea Bay, North Shore de Oahu, Hawaii

A temporada havaiana foi uma grande evolução na minha busca pelas ondas grandes. Durante três meses, ondulações gigantes não pararam de bombar no arquipélago. Era swell atrás de swell e muitos veteranos afirmavam nunca terem visto isto antes.

 

A galera do tow-in e os big riders de remada chegavam a cansar de tanto surf. Aproveitei a oportunidade para encarar a famosa Waimea Bay na tentativa de superar meus limites.

 

A primeira queda rolou um dia antes da véspera do Natal, em ondas de 5 metros. Silvia Nabuco, já veterana, me ofereceu a prancha dela, pois ela quis poupar as energias para o swell de 8 metros, previsto para o Natal.

Algumas dúvidas me faziam pensar em desistir. Até aquela hora não tinha uma gunzeira e o crowd me assustava um pouco. Já ouvi muitas histórias de acidentes e também vi muitos se machucarem.

Mesmo assim decidi me arriscar. O Ricardo, de V-Land, entrou comigo para dar uma forca na água. Quando carregava a prancha, meu coração já batia a mil. Muita concentração. Não parava de orar pedindo para Deus me guardar de acidentes.

A primeira onda é a mais difícil. Quando remava e olhava para baixo, parecia que estava prestes a me jogar em um precipício (risos)! Dropei uma no rabinho e já fiquei amarradona. Depois da segunda onda fiquei bem mais tranquila, também era a única menina na água e a galera me incentivou bastante.

 

Mas o maior sufoco aconteceu na saideira, em uma onda que remei e não consegui entrar. Para minha infelicidade, a série estava vindo logo atrás. Tentando voltar ao outside, fui arremessada com lip para trás. A sensação foi de estar sendo lançada de um penhasco muito alto e ainda com uma prancha de 10 pés ao lado. Tomei a pior vaca da vida!

 

Depois de muito tempo sacudida embaixo da água, vi que a prancha estava inteira. Agradeci muito, pois era a prancha da Silvia (risos). A galera toda me parabenizou pelo pior caldo do dia. “Depois desta vaca a maior do dia é sua”, falavam.

Todos os caldos, dores e pranchas para consertar foram compensados pela adrenalina e emoção de surfar no Hawaii. Estas experiências às vezes podem ser traumatizantes, mas eu fiquei mais confiante. Encarei caldos monstruosos em Waimea e passei a fazer parte do time das poucas mulheres que surfam no pico.

Para completar a temporada, ainda fiz minha primeira experiência de tow-in e um salto de pára-quedas. Também presenciei uma ameaça de um tsunami na ilha de Oahu. Mas Deus me livrou e me abençoou muito!

 

Samia Carolina tem apoio da Up Drop, Luiz Black Shaper, Chili Beans e Bola TV.

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